Blog do Flavio Gomes
F-1

N’EMILIA (1)

SÃO PAULO (pro gasto) – Chuva, geralmente, é legal em corrida. Mas de vez em quando estraga. Como hoje. A definição do grid para a Sprint do GP da Emilia-Romagna foi como aqueles jogos de futebol ruins, truncados, com o juiz marcando tudo, não deixando a coisa fluir. Cinco bandeiras vermelhas na sessão de classificação […]

Verstappen na pole: larga na frente na Sprint, amanhã

SÃO PAULO (pro gasto) – Chuva, geralmente, é legal em corrida. Mas de vez em quando estraga. Como hoje. A definição do grid para a Sprint do GP da Emilia-Romagna foi como aqueles jogos de futebol ruins, truncados, com o juiz marcando tudo, não deixando a coisa fluir. Cinco bandeiras vermelhas na sessão de classificação em Ímola tiveram esse efeito. Nenhum acidente grave, felizmente — algumas rodadas, umas atoladas na brita, quebras, carros parados na pista. Mas, por motivos de segurança, tudo é motivo para mandar todo mundo de volta aos boxes. Certíssimo. Só que com o tempo instável, a chuva indo e voltando, as paralisações impediram muita gente de mostrar o que poderia no circuito italiano.

Max Verstappen, da Red Bull, fez a pole. Para efeitos estatísticos, é a 14ª da carreira dele. Não quer dizer, necessariamente, que larga em primeiro domingo, na quarta etapa da temporada. Para isso, precisa vencer também a Sprint, a corrida curta de amanhã, com 21 voltas, que além de dar pontos para os oito primeiros colocados (oito para o vencedor, sete para o segundo e assim por diante, até chegar ao oitavo, que leva um pontinho) define as posições de largada do GP de verdade — este com 63 voltas.

Magnussen, P4: melhor da Haas

É a primeira pole do holandês no ano, sua primeira como defensor do título. Depois de dois abandonos nas três primeiras provas do campeonato, é uma chance de recuperar o terreno perdido para aquele que, em 2022, é seu maior adversário: Charles Leclerc, da Ferrari. Líder com 71 pontos e favorito ao título, o monegasco tem 46 de vantagem para Verstappen, que está em sexto na tabela com 25. Russell, Sainz, Pérez e Hamilton estão à frente de Max, mas é uma situação circunstancial. Zerar em duas corridas deu nisso.

No fim das contas, o nome da sexta-feira chuvosa em Ímola foi o moço da foto aí no alto: Kevin Magnussen, da Haas. O dinamarquês parte na segunda fila em quarto, melhor posição de largada da história da equipe americana. Até hoje, sete quintos lugares em grid eram o máximo que a Haas tinha conseguido — seis deles em 2018 e um em 2019; K-Mag foi o responsável por cinco deles e Romain Grosjean, hoje na Indy, por dois.

O dinamarquês parece que nasceu para correr na Haas. Ele foi o responsável pela terceira bandeira vermelha da classificação, quando faltavam 8min51s para o fim do Q3. Ninguém tinha fechado volta, ainda. Kevin escapou da pista na Acque Minerali, clássica curva que leva o nome do parque onde fica o autódromo. Mas não bateu. Com destreza, apertou todos os botões possíveis no volante, conseguiu dar marcha-à-ré e saiu ileso da caixa de brita. A equipes, nos boxes, comemorou.

Sainz batido: desastre para o espanhol

Naquele momento, apenas nove carros definiam as primeiras posições do grid porque no Q2, depois de fazer um bom tempo, Carlos Sainz bateu sua Ferrari na Rivazza. “Cometi um erro”, admitiu o pobre espanhol. Foi a segunda bandeira vermelha da classificação. E a que atrapalhou mais gente. Faltavam 10min42s para o fim Q2 e quando a pista foi liberada, nove minutos depois, a chuva tinha voltado, encharcando o asfalto. Sainz tinha a segunda melhor volta do dia até ali, 1min18s990, atrás apenas de Verstappen.

Naquele momento, todos os pilotos estavam usando pneus para pista seca, já que um trilho se formou durante o Q1 — que começou com bastante água e necessidade de uso de pneus de chuva, depois intermediários, e por fim os slicks; a primeira parte da classificação, para constar, riscou Tsunoda, Gasly, Latifi, Ocon (com problemas de câmbio) e Albon (que viu seu freio traseiro direito pegar fogo, causando a primeira bandeira vermelha da sessão).

Mercedes: pior classificação desde 2012

Com a chuva na retomada do Q2, ninguém teria a chance de melhorar os tempos. Quem estava fora dos dez primeiros dançou, a saber: Russell, Schumacher, Hamilton, Zhou e Stroll. Sim senhor, sim senhora: a Mercedes com os dois carros fora do Q3. A pior performance da equipe alemã em classificações desde o GP do Japão de 2012, última vez em que isso aconteceu — Schumacher pai em 13º e Nico Rosberg em 15º no grid. “A gente veio para cá otimista, todos trabalharam duro, mas nada deu resultado. Acho que não fizemos o que deveríamos ter feito e como equipe, hoje, decepcionamos”, lamentou Hamilton. A coisa está feia.

As últimas duas bandeiras vermelhas da tarde chuvosa e fria de sexta em Ímola (a temperatura média durante a classificação foi de 12°C) foram causadas por uma parada de Bottas a 2min58s do final do Q3 e uma escapada de Norris quando faltava menos de um minuto para a bandeira quadriculada. Quando Valtteri parou, Verstappen estava em sua volta rápida, 1min27s999, que acabou sendo a da pole. No reinício da sessão, Leclerc até que tentou, mas não conseguiu descontar os 0s779 que tinha de defasagem. As condições da pista, mais molhada, não permitiam.

O grid em Ímola: tempos do Q3 mais altos que no Q1 e no Q2

Norris dividirá a segunda fila da Sprint amanhã com Magnussen. Depois, no grid, virão Alonso (ótimo quinto lugar; único piloto neste ano, fora os da Ferrari e da Red Bull, que foi ao Q3 nas quatro etapas), Ricciardo, Pérez, Bottas, Vettel e Sainz.

A McLaren, que começou muito mal o ano, vai se firmando. A Alpine segue mostrando que tem um carro rápido, mas precisa transformar velocidade em pontos. Os problemas de confiabilidade do time azul & rosa fizeram com que Fernandinho, até agora, tenha marcado meros dois pontos em três corridas. Com Vettel no Q3, a Aston Martin deu uma respirada. A Haas, nas mãos de Magnussen, é a sensação da temporada. E quem andou para trás foi a AlphaTauri.

Alonso: carro é rápido, mas quebra muito

Cinco bandeiras vermelhas numa única sessão de classificação é um novo recorde de interrupções desde os tempos em que corridas de biga eram uma das maiores diversões do Império Romano. A marca anterior pertencia aos GPs da Hungria de 2016 e do Azerbaijão de 2021, com quatro “red flags” cada.

Os serviços meteorológicos locais informam que amanhã e domingo não chove. Aguardemos. Com os segundos pilotos da Red Bull e da Ferrari mais para trás no grid, o embate Verstappen x Leclerc deve se configurar logo nas primeiras voltas da Sprint. A Mercedes, com seus dois carros do meio para trás do pelotão, nada fará. Acho que vai ter é muita gente torcendo por Magnussen. Seria a grande novidade do fim de semana, um pódio para a Haas.

Discutiremos essa possibilidade hoje à noite, a partir das 19h, no “Fórmula Gomes“, nosso tradicionalíssimo programa youtúbico das sextas, sábados e domingos de GP. Apareçam!