Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE ONTEM DE MANHÃ

IMAGEM DA CORRIDA SÃO PAULO (antes tarde) – Começamos o rescaldão d’Azerbaijão com a foto acima, embora repetida aqui no blog. Creio que a dobradinha da Red Bull, por mais categórica que tenha sido, estará menos na lembrança do povo do que a dificuldade de Hamilton para sair do carro, depois de uma hora e […]

IMAGEM DA CORRIDA

Hamilton ao final do GP: prova mais dolorosa da vida

SÃO PAULO (antes tarde) – Começamos o rescaldão d’Azerbaijão com a foto acima, embora repetida aqui no blog. Creio que a dobradinha da Red Bull, por mais categórica que tenha sido, estará menos na lembrança do povo do que a dificuldade de Hamilton para sair do carro, depois de uma hora e meia chacoalhando no cockpit. Além do mais, podem escrever: dobradinhas da Red Bull virão aos montes neste ano. Vão virar rotina.

Lewis, que ontem era dúvida para o GP do Canadá — quem falou sobre isso foi o chefe, Toto Wolff –, disse hoje que já está fazendo tratamento com acupuntura, massagens, unguentos, cremes, pomadas e mandingas, e que não perde a corrida de Montreal “por nada”. Mas, por via das dúvidas…

BAKU BY MASILI

…é melhor ir preparado, como sugere nosso cartunista oficial Marcelo Masili!

Christian Horner disse que seria injusto mexer no regulamento técnico da F-1 porque algumas equipes não conseguiram fazer carros adequados às necessidades. “Seria punir quem teve competência”, disse o dirigente, que considera as queixas da Mercedes “choro de perdedor”. “Faz parte do jogo”, disse, sobre as insistentes menções ao “porpoising” nas comunicações de rádio entre o time e seus pilotos. Para ele, é tudo jogo de cena. “Há soluções para isso [evitar o “porpoising”]”, falou. “Levantar o carro, por exemplo. Se isso faz perder performance, paciência.”

Discuto um pouco o assunto hoje na minha coluna do UOL. Concordo com Horner, claro. Há um regulamento que vale para todos. Metade consegue se livrar dos carros saltitantes. Outra metade, não. A conclusão óbvia é a de que metade acertou o alvo em seus projetos e a outra metade se atrapalhou. Apenas acho que a questão deve ser conversada. Porque, de uma maneira ou de outra, essa concepção dos carros gera tal efeito aerodinâmico em maior ou menor grau, e isso pode ser perigoso para os pilotos — até do ponto de vista de saúde.

Acho que a FIA deve chamar as equipes cujos carros batem no chão do jeito que vimos Ferrari, Mercedes e McLaren fazerem neste fim de semana e dizer: isso aqui não pode, levantem seus carros, façam o que quiserem, mas piloto algum pode ser submetido a isso. E aí a discussão estará colocada. Alguém vai argumentar que é impossível, dados serão colocados à mesa, médicos podem ser chamados, e assim teremos um debate que vai além de “eles que parem de chorar”. Não é uma questão simples, que deva ser tratada de forma superficial.

O NÚMERO DO AZERBAIJÃO

2,6

…pontos de média no Ibope (que não se chama mais Ibope) teve a corrida de Baku na TV Bandeirantes. O pico foi de 3,3 pontos. Hoje, de acordo com o colunista Gabriel Vaquer, do UOL, a emissora paulista renovou seu contrato com a Liberty por mais três anos, até o fim de 2025. A notícia completa está aqui.

Mudando de pato pra ganso, mais uma notícia do dia que não tem nada a ver com a corrida de Baku, mas envolve os próximos movimentos do mercado de pilotos. A imprensa inglesa hoje publicou, em vários veículos, a informação — não confirmada por ninguém, como de hábito — de que Nicholas Latifi fará sua última corrida pela Williams domingo, no Canadá. A partir do GP da Inglaterra, ele já seria substituído por Oscar Piastri, campeão da F-2 no ano passado e hoje lotado na Alpine como piloto reserva.

Em Silverstone, Piastri estava escalado pelo time francês para fazer o primeiro treino livre na sexta-feira. Mas a Alpine já teria contatado outro australiano, Jack Doohan, que hoje corre na F-2, para seu lugar. Piloto da Virtuosi, ele é atualmente o nono colocado no campeonato.

O motivo da possível substituição é bastante óbvio. Latifi bate muito o carro e não entrega performance alguma. É fraco, em resumo, para as exigências da F-1. O problema a resolver se chama dinheiro. O pai de Nicholas é riquíssimo e patrocina a equipe. Como esse nó será desatado, não sei.

As duas notícias mais quentes de hoje, pois, registradas. Comentem à vontade. Voltemos a Baku.

A FRASE DE BAKU

“Desculpe pelas suas costas e pela merda de carro que te demos.”

Toto Wolff a Hamilton depois da corrida

Apesar da “merda de carro”, a Mercedes até que não fez tão feio no Azerbaijão, com um terceiro e um quarto lugares de Russell e Hamilton. Com o resultado, o time alemão foi a 161 pontos na terceira colocação do Mundial de Construtores. A Ferrari, vice-líder com 199, já começa a se preocupar. Neste momento, está bem mais longe do primeiro (a Red Bull está 80 pontos à frente) do que do terceiro (38 atrás).

Lewis, quarto colocado: “merda de carro”, segundo Wolff

Mais uma notícia recente, e essa não tem nada de boato. Stefano Domenicali, CEO da F-1, embarcou do Azerbaijão direto para Joanesburgo, onde irá se encontrar, nesta semana, com representantes do autódromo de Kyalami. A pauta da conversa é tão óbvia quanto as razões para demitir Latifi: um GP na África do Sul.

O país recebeu a F-1 de 1967 a 1985, no auge do apartheid, numa das maiores infâmias da história da categoria — correr num país que tinha a discriminação racial como política de Estado. Voltou em 1992 e 1993, já sem apartheid, e agora pleiteia uma etapa do campeonato. E seria para 2023, já. Correr na África é uma das metas da Liberty. Catar e Las Vegas já estão no calendário do ano que vem, confirmadíssimos. Façamos as contas: 22 etapas deste ano, mais essas novas, 24. É o máximo permitido. Se Kyalami entrar, teríamos 25. Se a China voltar, 26. Alguém dança. França e Bélgica estão na marca do pênalti neste momento.

GOSTAMOS & NÃO GOSTAMOS

GOSTAMOS de ver Sebastian Vettel em sexto e, mais ainda, da alegria genuína dos mecânicos da Aston Martin nos boxes. É uma equipe que trabalha duro. E que ainda tem de aguentar um dos pilotos mais irregulares do grid, Lance Stroll, que bate toda hora e só continua na F-1 porque é filho do dono da equipe.

NÃO GOSTAMOS de ver Guanyu Zhou abandonar o GP na 24ª volta, quando vinha fazendo uma prova honestíssima, quase o tempo todo na zona de pontos — onde provavelmente terminaria. A Alfa Romeo foi mal em Baku. Vinha de cinco corridas seguidas pontuando e acabou zerando pela segunda vez no ano. A briga com a Alpine pelo quinto lugar no campeonato está ótima (47 x 41 para os franceses) e não se pode perder nenhuma chance de marcar pontos.