Blog do Flavio Gomes
F-1

PULASTONE (1)

SÃO PAULO (quero só ver…) – Já falaremos dos treinos de hoje para o GP da Inglaterra. Antes, questão prioritária. Vocês aí que querem trabalhar na F-1 um dia, nas fábricas, nas equipes, nos boxes, com um laptop debaixo do braço e uma credencial no peito estampada “engenheiro”, pensem bem. Essa salada de números, letras […]

A equação mágica da FIA: engenheiros que se virem

SÃO PAULO (quero só ver…) – Já falaremos dos treinos de hoje para o GP da Inglaterra. Antes, questão prioritária. Vocês aí que querem trabalhar na F-1 um dia, nas fábricas, nas equipes, nos boxes, com um laptop debaixo do braço e uma credencial no peito estampada “engenheiro”, pensem bem.

Essa salada de números, letras e símbolos demoníacos acima é a equação que o diretor técnico da FIA Nikolas Tombazis, apresentou às equipes ontem para explicar como a entidade vai medir as oscilações aerodinâmicas dos carros a partir do GP da França, em Paul Ricard. Todos terão duas corridas, a de domingo em Silverstone e a da Áustria, para entender a nova Métrica de Oscilação Aerodinâmica, doravante chamada de AOM, sob o risco de terem seus carros desclassificados se não atenderem às exigências da entidade.

Tombazis explicou que o efeito “porpoising”, aquele dos carros saltitantes porque perdem pressão aerodinâmica sob o assoalho quando batem no chão, poderá ser enquadrado como “construção perigosa” dos automóveis. Comissários podem desclassificar um carro cuja construção é considerada perigosa. Tipo aquele que tem lâminas saindo das rodas para cortar os pneus dos adversários, emissores de fumaça preta na traseira ou tanques de óleo para jogar na pista fazendo os outros derraparem. Quem assistia aos desenhos do Speed Racer sabem do que estou falando.

As oscilações excessivas, de acordo com a FIA, causam dores de cabeças, lombalgia, perda de concentração, disfunção erétil e visão trêmula, e oferecem riscos aos distintos pilotos. Para o futuro, a entidade considera estabelecer novos parâmetros de construção para os carros. Neste momento, as equipes que se virem para mitigar o problema. “É obrigação dos times garantirem que seus carros sejam seguros”, diz a FIA.

A equação indecifrável para pobres mortais como este que vos escreve envolve parâmetros como comprimento da pista, aceleração vertical e tempo decorrido entre um ponto e outro de um circuito. Um acelerômetro instalado próximo ao centro de gravidade dos carros vai medir isso tudo. As equipes terão três “coringas” para usar em 2022: podem exceder esses parâmetros em menos de 20% dos limites em três GPs. Depois disso, guilhotina.

Sainz, o mais rápido hoje: sem pular muito

Curioso é que hoje, em Silverstone, não vimos “porpoising” em excesso, embora muitos pilotos tenham reclamado que seus carros estavam pulando demais. Mas pareceu que os quiques eram consequência mais da rigidez das suspensões e da altura dos carros do que, propriamente, do efeito aerodinâmico que tem causado dores de cabeça — literais — em muita gente neste ano.

A Mercedes é a mais afetada. Como quase todo mundo, levou para a Inglaterra algumas atualizações que, aparentemente, atenuaram o problema. Tanto que seus carros andaram bem. Hamilton, por exemplo, ficou em segundo na tabela, apenas 0s163 atrás do mais rápido do dia, o ferrarista Carlos Sainz. Para quem vinha levando mais de meio segundo por volta dos carros mais velozes da temporada, um alento.

A pista estava molhada no primeiro treino, que não serviu para muita coisa. Os pilotos andaram pouco, já que a previsão do tempo indicava sol e pista seca para a segunda sessão. E, de fato, a chuva foi embora rápido e o segundo treino livre aconteceu com um solzinho tímido de 19°C.

Os tempos do segundo treino: Mercedes mais perto

A sexta-feira mostrou uma Ferrari forte, uma Mercedes promissora, uma Red Bull discreta e algumas surpresas, para o bem e para o mal. A saber: McLaren lá em cima (com Norris, claro), AlphaTauri lá na rabeira, Alpine veloz com um carro (o de Alonso) e menos com o outro (de Ocon). Além da boa posição da Albon, da Williams, considerando o equipamento que tem em mãos.

A meteorologia aponta enorme possibilidade de chuva amanhã, e a classificação deverá ser realizada com pista molhada. Para o domingo, não há previsão de aguaceiro nenhum, mas sempre é bom colocar as barbas de molho porque é Inglaterra, sabem como é…

Mercedes revisada: andando mais perto dos líderes

O começo dos trabalhos não foi muito esclarecedor pelo tempo limitado de pista. Mas deu para ver que a Mercedes está mais competitiva com seu novo pacote de atualizações — que começam na asa dianteira, passam pelos espelhos retrovisores, recortes do assoalho, geometria das suspensões, almofadas no banco, piercings de Hamilton e terminam nas asas traseiras — e parece ter encontrado um caminho para sair da lama em que começou o campeonato.

Fora da pista, as declarações de Piquet — agora ampliadas com traços de homofobia, levantadas pelo Grande Prêmio — continuam chegando ao paddock. Quem tem um mínimo de compromisso com a decência está se manifestando e saindo em defesa de Hamilton. O último peso-pesado que bateu forte no motorista de genocida foi Alonso. “A F-1 precisa se afastar dessas pessoas”, disse, em resumo.

Piquet virou um pária. É provável que nunca mais apareça num paddock. O recado que a categoria deu ao ex-piloto é claro: ele não é bem-vindo.

Hamilton com o arco-íris no capacete: alvo do racismo de Piquet

Hoje às 19h teremos um “Fórmula Gomes” lá no meu canal para falar de tudo isso, espero vocês!