Blog do Flavio Gomes
F-1

SPANTOSAS (2)

POÇOS DE CALDAS (que massacre…) – Carlos Sainz larga na pole para o GP da Bélgica. O espanhol da Ferrari herdou a primeira colocação no grid que seria de Max Verstappen se ele não tivesse sido punido com a troca de motor, filtro de ar, óleo, fluido de freio, toca-fitas, pastilhas e extintor de incêndio […]

Sainz na pole: posição herdada de Verstappen

POÇOS DE CALDAS (que massacre…) – Carlos Sainz larga na pole para o GP da Bélgica. O espanhol da Ferrari herdou a primeira colocação no grid que seria de Max Verstappen se ele não tivesse sido punido com a troca de motor, filtro de ar, óleo, fluido de freio, toca-fitas, pastilhas e extintor de incêndio em seu carro. O líder do Mundial sobrou no cronômetro. Ganharia a corrida de amanhã assobiando e chupando cana se não tivesse de ser deslocado para o fundo do grid. Partindo em 15º, talvez tenha algum trabalho. Mas, por incrível que pareça, não será zebra nenhuma se vencer mesmo largando atrás. Sua superioridade na pista em todos os treinos, desde ontem, salta aos olhos. Eu diria, até, que ele é o favorito à vitória.

O grid ficou bem embaralhado com as punições aplicadas a sete pilotos por trocas diversas que ultrapassaram os limites de uso de certos componentes na temporada. Ao lado da Ferrari #55 parte o segundo carro da Red Bull, de Sergio Pérez. A segunda fila terá Alonso e Hamilton. A terceira, Albon e Ricciardo.

Então, vamos saber como tudo aconteceu no sábado frio e nublado – mas sem chuva – em Spa-Francorchamps.

A beleza de Spa: grid embaralhado

A classificação começou com quase meia hora de atraso por conta de um acidente numa corrida de Porsche que demandou reparos numa barreira de proteção. Verstappen começou a mostrar as garras fazendo 1min44s583 em sua primeira volta voadora do dia, o primeiro no fim de semana a andar abaixo de 1min45s.

Serviu como aviso: mesmo partindo lá do fundão, ninguém deveria descartar algo como um pódio ou, no limite extremo, como diria Galvão, até uma vitória do holandês. Ainda mais com a Mercedes, que poderia aproveitar o ensejo das punições aos favoritos, tropeçando no acerto de seus carros e dando a impressão de ter andado para trás depois das férias. Hamilton e Russell não fizeram uma volta que prestasse desde ontem.

Max fechou no Q1 em primeiro seguido por Sainz, Pérez, Leclerc, Russell e, pasmem, Albon em sexto. A Williams apostou num acerto de carro privilegiando a velocidade em reta, arrancando asa de seus carros. “E nas curvas?”, perguntou Latifi. “Se vira.”

Latifi não se virou e foi eliminado na primeira parte da classificação, ficando com o 17º tempo. À frente dele, o primeiro degolado foi Vettel, por meros 0s002. Magnussen, Tsunoda e Bottas fecharam o grupo dos cinco últimos. O finlandês da Alfa Romeo ficou fora do Q2 pela primeira vez no ano. Mas não se incomodou tanto porque estava punido, mesmo, por troca de motor.

Max: superioridade assustadora

Verstappen voltou a virar na casa de 1min44s no Q2, desta vez trazendo Pérez com ele – o mexicano tinha a obrigação de fazer a pole, dada a superioridade dos carros da Red Bull em Spa. Depois da primeira bateria de voltas rápidas, Hamilton estava ameaçado de ficar fora da parte final da classificação, provisoriamente em décimo e com cinco pilotos sedentos atrás dele. Mas se safou e fechou o segmento em quinto.

Leclerc foi quem acabou surpreendendo, fazendo o melhor tempo do fim de semana até ali: 1min44s551. Verdade que os dois carros da Red Bull só fizeram uma volta cada e não se preocuparam muito com exibições de virilidade. Albon, que já tinha andado bem no início das atividades do dia, passou ao Q3 em décimo. Ficaram fora o demitido Ricciardo, Gasly, Zhou, Stroll e Schumacher.

Dos dez classificados ao Q3, quatro estavam punidos por troca de motor: Leclerc, Verstappen, Ocon e Norris. Se desse, tentariam trabalhar para ajudar os companheiros de equipe com um providencial vácuo – exceto Lando, já que seu parceiro de McLaren já havia sido eliminado.

Na primeira saída, o holandês sentou o pé e fez uma volta em 1min43s665, 0s797 melhor que Pérez, com o outro carro da Red Bull – naquele momento, terceiro colocado. Sainz era o segundo e, portanto, o pole. Na segunda bateria de voltas rápidas, a disputa ficaria entre ele e o mexicano para se saber quem largaria em primeiro — ambos claramente se valendo das punições aos companheiros de equipe.

Alonso: terceiro no grid

Mas nada de muito relevante aconteceu na segunda leva de “flying laps”. Checo não chegou nem perto de Sainz, que manteve o segundo melhor tempo e, portanto, assegurou a segunda pole de sua carreira – a outra foi em Silverstone neste ano. Verstappen, Sainz, Pérez, Leclerc, Ocon, Alonso, Hamilton, Russell, Albon e Norris fecharam os dez primeiros, pela ordem estabelecida no cronômetro. Mas com todas as punições, o grid ficou bem diferente. Aliás, vamos a ele completinho, porque hoje é o caso. Sainz, Pérez, Alonso, Hamilton, Russell e Albon nas seis primeiras posições. O sétimo é Ricciardo, seguido por Gasly, Stroll e Vettel fechando o top-10. Depois, até o 15º: Latifi, Magnussen, Tsunoda, Bottas e Verstappen. Por fim, os cinco últimos: Leclerc, Ocon, Norris, Zhou e Schumacher.

Os tempos da classificação: Red Bull voando, mas muitas punições

Com Leclerc e Verstappen deslocados para o pelotão “de la merde”, como se diz em Bruxelas, e a primeira parte do grid meio embaralhada, é de se imaginar que o GP da Bélgica seja bem interessante. Mas, de novo: Max está sobrando tanto que ninguém deve se surpreender se vencer a corrida. Largando em 15º, o líder do campeonato não precisa de nenhum grande milagre. Basta acelerar. E isso ele sabe fazer.