Blog do Flavio Gomes
F-1

AUSSIES (2)

SÃO PAULO (no pau!) – Foi uma sexta-feira interessante em Melbourne, cheia de notícias e dramas. Peço desculpas a todos pelo atraso no resumão, motivado por questões profissionais. Mas como ninguém lê o blog mesmo, tudo bem. Falemos rapidinho das atividades de pista, para depois apelar às caixinhas. Serão muitas. O resultado do segundo treino […]

Leclerc: chance real de pole amanhã

SÃO PAULO (no pau!) – Foi uma sexta-feira interessante em Melbourne, cheia de notícias e dramas. Peço desculpas a todos pelo atraso no resumão, motivado por questões profissionais. Mas como ninguém lê o blog mesmo, tudo bem.

Falemos rapidinho das atividades de pista, para depois apelar às caixinhas. Serão muitas.

O resultado do segundo treino livre, realizado de madrugada, está aí embaixo. A primeira sessão, ontem à noite, teve Lando Norris em primeiro, com 1min18s564. Mas todos sabemos que o circuito de Albert Park melhora muito rapidamente na medida em que a pista vai sendo limpa e emborrachada. Por isso, do primeiro treino livre não tiremos grandes conclusões. De relevante, mesmo, a batida forte de Alexander Albon a 19 minutos do final, que teve consequências pesadas para a Williams e Logan Sargeant, o outro piloto do time. Ele não vai correr porque a equipe não tem um terceiro chassi e a prioridade foi dada a Albon.

Explicações sobre o sinistro estão mais abaixo, com mais fotos e a palavra dos envolvidos.

Segundo treino: Verstappen andou pouco

Como se vê pela tabela de classificação, o melhor tempo do segundo treino foi bem abaixo do que Norris conseguiu no primeiro. Leclerc virou em 1min17s277, excelente volta que o coloca, sim, como candidato à pole logo mais, na madrugada do sábado.

Colaborou para o primeiro lugar absoluto o desempenho apenas razoável de Max Verstappen, que perdeu 20 minutos da segunda sessão enquanto a Red Bull trocava o assoalho de seu carro, danificado sobre zebras no primeiro treino. Quando foi à pista, pegou tráfego em várias voltas. Xingou todo mundo pelo rádio.

Max ficou a 0s381 do monegasco. Mas apesar da sexta-feira meio truncada, não demonstrou muita preocupação. Falou que um ajuste aqui e outro ali colocarão seu carro na briga pela pole junto com a Ferrari. E se perder a ponta do grid, também não será nenhum desastre. O holandês largou em primeiro nas duas corridas deste ano. Chegou em primeiro em ambas também, caso vocês não se lembrem.

Carlos Sainz foi o terceiro e, no caso dele, a notícia mais importante é que não se sentiu mal, duas semanas depois de extrair o apêndice em Jedá. Vai para a corrida sem maiores problemas. No mais, deu para notar que a Aston Martin começou o fim de semana com alguma força, a McLaren está mais ou menos e a Mercedes, mais para menos do que para mais. Russell foi o sexto depois de cometer um erro em sua melhor volta e Lewis Hamilton ficou apenas em 18º. O heptacampeão admitiu que as mudanças de acerto o primeiro para o segundo treino estragaram seu carro. “Nunca me senti tão mal nele”, falou, em tom dramático.

Depois da minúscula galeria abaixo mostrando alguns dos personagens já citados, vêm nossas caixinha coloridas com o noticiário do dia. Divirtam-se.

MUITO LENTOS – Helmut Marko deu a entender que Sergio Pérez tem boas chances de ficar na Red Bull porque os pilotos da Quer Que Parcele? não empolgam. Para ele, Yuki Tsunoda e Daniel Ricciardo não têm a menor chance de assumir um carro da matriz. O japonês, na opinião do austríaco, até que vai bem em classificações. O australiano também se vira. “Mas eles são muito lentos em corrida”, falou.

EMPREGO GARANTIDO – Zak Brown foi confirmado como CEO da McLaren Racing até 2030. O dirigente americano ocupa a função desde abril de 2018, mas chegou ao McLaren Technology Group um pouco antes, em 2016. A McLaren Racing é uma divisão do grupo, encarregada de sua participação em várias categorias — como a F-1, a Indy e a Fórmula E.

Zak Brown: fechado com a McLaren até 2030

DRAMA – A batida de Albon no primeiro treino livre arrebentou motor, caixa de câmbio e chassi da Williams. A equipe não tem um terceiro carro. Simplesmente isso. A construção atrasou e o time terá de mandar o chassi estropiado de volta para a Inglaterra para que seja reparado e enviado a Suzuka para o GP do Japão, dia 7 de abril. Assim, só tem um carro para o GP da Austrália. E Logan Sargeant, que não teve culpa nenhuma (fez até um bom 13º tempo no segundo treino), ficará fora da corrida. A equipe acha que Albon tem mais chances de pontuar do que o americano.

DUREZA – James Vowles, chefe da Williams, disse que foi a decisão “mais difícil” que tomou na vida, a de tirar o carro de Sargeant. O piloto, por sua vez, falou que é o momento “mais difícil” de sua carreira. Difícil por difícil, Vowles explicou a decisão com a importância de qualquer pontinho no Mundial. “Dependendo do resultado, pode significar no final do ano uma sexta colocação no campeonato, ou um décimo lugar. A gente não sabe o que pode acontecer. Logan foi tremendo e mostrou espírito de equipe.” Depois, Vowles criticou a própria organização, considerando “inaceitável” o fato de a Williams não ter um terceiro chassi.

COMO FUNCIONA – Só para entender, a F-1 não tem aquilo que era chamado de carro reserva há anos. Mas todas as equipes levam um terceiro chassi desmontado para as corridas, para esse tipo de eventualidade. Antigamente o cara batia ou quebrava, corria para os boxes e havia um terceiro carro pronto para uso. Podia também trocar de carro se achasse que o reserva estava melhor que o titular. A McLaren, em 1992, levou nada menos do que seis carros para Interlagos — três do ano anterior e três modelos novos. Hoje, um terceiro carro só pode ser montado e utilizado em casos extremos, quando um dos dois titulares é danificado de forma irreparável — caso do chassi de Albon.

VETTEL DE VOLTA – A notícia mais bacana do dia veio da Alemanha. Sebastian Vettel esteve em Weissach, no centro de pesquisa e desenvolvimento da Porsche, fez banco e andou pela primeira vez com o modelo 963 da Porsche Penske que corre no WEC e no IMSA na categoria hipercarros. Semana que vem ele participa dos testes em Aragão, na Espanha, uma bateria de 36 horas preparatória para as 24 Horas de Le Mans, prova marcada para os dias 15 e 16 de junho.

ENFERRUJADO – Sem correr profissionalmente desde o fim de 2022, quando deixou a Aston Martin e se aposentou da F-1, Vettel disse que vai experimentar o carro e, depois, “decidir o que fazer”. “Sempre acompanhei as corridas de endurance e estou muito curioso e animado”, falou. Minha aposta: veremos o rapaz em Le Mans. E vai ser legal demais. A Porsche vem bem nesta temporada, ganhou as 24 Horas de Daytona no IMSA e abriu a temporada do WEC com vitória no Catar. Cabe fácil um Vettel nesse time.

MULTIDÃO – Nada menos do que 124.113 pessoas estiveram hoje nas arquibancadas de Albert Park para acompanhar o primeiro dia de atividades da F-1, da F-2 e da F-3. Ano passado foram 444.631 ingressos vendidos para os quatro dias do evento. Em Melbourne, a quinta-feira conta, embora não tenha carros na pista. É dia de visitar o parque, passear pelos boxes, conhecer os pilotos e os carros. Uma festa maravilhosa — bem diferente desses GPs enlatados como de Jedá, Losail, Las Vegas e Miami.