Blog do Flavio Gomes
Automobilismo internacional

FRANKFURT-DARMSTADT: A IMOLA ALEMÃ

SÃO PAULO (ainda não fui) – Nem todos conhecem a história de Bernd Rosemeyer, que morreu aos 28 anos em 28 de janeiro de 1938 tentando bater o recorde mundial de velocidade pela Auto Union. Bernd, um ex-motociclista, é considerado pelos alemães mais antigos o melhor piloto do país em todos os tempos, maior do […]

SÃO PAULO (ainda não fui) – Nem todos conhecem a história de Bernd Rosemeyer, que morreu aos 28 anos em 28 de janeiro de 1938 tentando bater o recorde mundial de velocidade pela Auto Union. Bernd, um ex-motociclista, é considerado pelos alemães mais antigos o melhor piloto do país em todos os tempos, maior do que Schumacher.

Ele morreu numa manhã gelada na autobahn Frankfurt-Darmstadt a quase 430 km/h. A tese mais aceita é de que seu streamliner foi atingido por uma rajada de vento. O carro praticamente se desintegrou. A Mercedes, no mesmo dia, tinha feito sua tentativa de recorde, também.

O amigo Roberto Fróes, que já foi coroinha da catedral de Barcelona, me mandou uma nova versão, fruto de exaustivo estudo do jornalista italiano Aldon Zana. Está aqui, em inglês, num site finlandês.

O texto é muito bom, quase um thriller. Vai a detalhes mundanos, como diz Zana, relatando até a discussão sobre o pagamento do seguro e dos custos dos funerais, que a Auto Union quis dividir com a SS (estávamos em 1938, lembrem-se, e embora Bernd fosse um velado crítico do nazismo, por sua aura de herói chegou a receber um título qualquer do governo nacional-socialista; seu carro tinha uma suástica no dia do recorde).

A tese de Zana é de que o carro foi feito às pressas, não foi devidamente testado, a carroceria era fina demais, foi mal colocada no carro, deformou-se com a velocidade, fez dele uma máquina incontrolável. Um erro de projeto, enfim. A Audi, recentemente, refez do nada um streamliner, mas o de 1937, que corria em Avus e outras pistas. Está no museu de Ingolstadt.

Nunca se saberá a verdade, assim como nunca se saberá exatamente o que aconteceu no carro de Senna em Imola/94. Esse é o maior problema do homem, o que mais o atormenta desde o início dos tempos: nunca saber qual é a verdade, mesmo sabendo que sempre há uma Verdade.


Na foto, a segunda passagem de Rosemeyer na busca do recorde;
ao fundo, o hangar do Zepellin em construção