Blog do Flavio Gomes
Ladaland

DISNEYLADA

SÃO PAULO (na correria danada) – Ah, estão todos doidos para saber o que achei de Praga! Pois aí embaixo está uma pequena mostra do que de mais belo vi na capital checa, sem dúvida uma das mais bonitas e encantadoras do mundo. Gostei muito da cidade, embora ela seja infestada de turistas do mundo […]

SÃO PAULO (na correria danada) – Ah, estão todos doidos para saber o que achei de Praga! Pois aí embaixo está uma pequena mostra do que de mais belo vi na capital checa, sem dúvida uma das mais bonitas e encantadoras do mundo. Gostei muito da cidade, embora ela seja infestada de turistas do mundo todo, e por conta disso dei uma escapada do circuito Ponte de Carlos-Staroméstské Námestí-Josefov-Castelo de Praga para conhecer a verdadeira alma checa. Que é sossegada, apesar do passado de guerras e lutas, mas depois falo disso.

Saí cedo do hotel, peguei o metrô em Námesti Republik até Palmovka e, de lá, o tram (bonde, para os não-iniciados) número 1 até a parada Chmelnice, que fica diante do número 211 da avenida Konevova. Ali se encontra a gloriosa CS Auto Lada, única revenda da incomparável marca russa na cidade.

Comprei o que precisava, mas na hora de pagar o cara não aceitava cartão de crédito e tive de voltar à cidade para sacar umas coroas, tomei o bonde e o metrô de volta, saquei a grana, entrei no metrô de novo e quase me estrepo porque esqueci de validar o bilhete, mas quando o fiscal entrou por uma porta eu saí por outra e no fim deu tudo certo.

Os checos são bacanas, mas costumam resolver suas diferenças de modo um tanto quanto esquisito, como atirando os inimigos da ponte no fundo do Vltava (ou rio Moldávia), como fizeram com um padre uma vez, de nome João Nepomuceno, e lá na ponte Carlos tem hoje uma estátua do dito cujo bem no lugar de onde ele foi arremessado, e dizem que dá sorte passar a mão na placa de metal da tal estátua. Quando o mergulho no rio não dá certo, os checos jogam seus adversários políticos ou religiosos pela janela do castelo, e isso os protestantes fizeram com uns católicos alguns séculos atrás, de onde vem a palavra “defenestrar”, pelo que entendi da explicação do guia no city-tour (adoro fazer city-tour).

Foi por isso que preferi não enfrentar o fiscal do metrô, temendo que ele me jogasse pela janela.

Mas, no geral, os checos são da paz. Não se bicam muito com os eslovacos, mas depois da Primeira Guerra se juntaram a eles para fundar um país e mandar os austro-húngaros à merda. Depois, quando acabou a Segunda Guerra, foram ocupados pelos soviéticos e levaram um cacete destes em 1968 na Primavera de Praga, passagem deveras conhecida da história contemporânea. Quando o Muro desabou e Gorbatchov rifou a URSS, os checos foram às ruas para sua Revolução de Veludo, e sem muita gritaria e nem uma espoleta detonada, separaram-se dos eslovacos, cada um foi para seu canto e a vida segue.

É um país de gente bonita e pacata, embora alguns grupos de neo-alguma-coisa encham o saco de vez em quando e as máfias do Leste, que eclodiram em todos os países após o fim da URSS, tomem conta de alguns negócios e serviços. São os males do capitalismo, creio. Mas pelo menos Praga foi poupada dos estragos que todas as guerras trazem, seus monumentos são belíssimos e preservados, respira-se história e, até onde eu sei, não se jogam mais pessoas pela janela, ou no rio, com muita frequência.

Isso posto, volto ao tema inicial, os pontos turísticos menos conhecidos, como a Auto Lada, onde adquiri alegremente algumas peças de enorme valor que serão de grande utilidade nos projetos automotivos que tenho pela frente.

Não precisam babar nas fotos, sei que ficaram lindas.