Blog do Flavio Gomes
#96, Superclassic, farnéis

ECOS DA DESPEDIDA (4)

SÃO PAULO (não subiu nem na carreta) – Muito do que foi a despedida do #96, para mim, vou guardar comigo mesmo. Especialmente aquilo que senti dentro do carro nas últimas 13 voltas da vida do carrinho em Interlagos, a largada, a tentativa de segurar o amarelinho, a única ultrapassagem que consegui fazer na corrida […]

SÃO PAULO (não subiu nem na carreta) – Muito do que foi a despedida do #96, para mim, vou guardar comigo mesmo. Especialmente aquilo que senti dentro do carro nas últimas 13 voltas da vida do carrinho em Interlagos, a largada, a tentativa de segurar o amarelinho, a única ultrapassagem que consegui fazer na corrida (e, por sorte, na frente da blogaiada no S do Senna), os acenos dos bandeirinhas, os carros que ficaram atrás de mim na volta aos boxes, escoltando o velho #96 de guerra, a chegada ao Parque Fechado, os abraços dos meus mecânicos, a turma da LF, a emoção do Rafa, do Nenê, do “seu” Finotti, a passagem pertinho do pit-wall assim que recebi a bandeirada…

Apesar da tristeza da despedida, que é natural, foi um sábado muito alegre porque ali terminou uma história muito bonita, e por decisão própria e tomada com a maior serenidade possível, sem grandes dramas, sem forçar barra nenhuma.

Não faz sentido, de fato, dramatizar a situação. Porque foram o maior barato, estes cinco anos — e mais ainda os últimos dois anos e meio, quando a blogaiada se incorporou à trajetória deste DKW que pode até não entrar para compêndio nenhum do automobilismo brasileiro, mas que passou a fazer parte da historinha de cada um de nós.

Vieram pessoas de muito longe para ver o #96 se esgoelar pela última vez. É gozado como o carro conseguiu isso. Curioso tentar entender este pequeno fenômeno branco sobre rodas, com uma bolota preta e número cor-de-laranja, carregando, com todas suas limitações, os sonhos e as lembranças de tanta gente.

O #96 cumpriu seu papel com grande dignidade. Hoje soube, pelo Nenê, que foi quase um milagre terminar a corrida. O carro não conseguiu nem subir a rampa da carreta que o levou de volta para casa. É que o motor foi colocado alguns dias atrás no lugar, e não andou nem um quilômetro antes de ir para a pista no sábado de manhã, amaciando, ainda, virando 2min47s. Na corrida, virou 2min42s, bem distante de seu recorde “pessoal” de 2min35s. Na subida dos boxes, pipocava feito louco e falhava, porque no fim estava meio fora do ponto. Normal. Um diazinho de treinos e teríamos detectado os problemas, mas não houve tempo, e o jeito foi acreditar que ele terminaria a corrida de um jeito ou de outro.

Terminou, sem dar espetáculo, mas sem decepcionar aqueles que foram a Interlagos para vê-lo. É um carrinho valente e sabedor de suas responsabilidades.

Eu teria, tenho, uma lista enorme de amigos a quem deveria agradecer nominalmente aqui. Correndo o risco de esquecer alguém, e é claro que esquecerei, vamos lá, de bate-pronto: Salomão, Nenê, “seu” Finotti, Rafa, Magrão, Fábio, Marconi, todos os mecas, desculpe se esqueço alguém, “todos” vale para todos, mesmo, Gustavo e Cláudio Ribeiro, Dú, Regi, Brandão, Ceregatti, Zuquim, Bonilha, Caio, Bianchini, Pavarotti, Mari, Jackie, Marilis, Vitão, Acarloz, Contreras, Eric, Cássio, Ronaldo, Ciro, Dinho, Jan, Joaquim, Veloz, Edison, Thiago, Magno (na arquibancada A, com a camisa antiga, como nas primeiras corridas…), Danilo, Romão, Ruiz, putz, chega, é claro que devo estar esquecendo metade, sorry, não tem mesmo como lembrar de todo mundo. Fazemos assim: quem eu esqueci, escreve aí embaixo nos comentários: “Canalha, me esqueceu! Assinado, Fulano”.

Bem, como se diz, uma imagem diz mais que mil palavras, mil imagens dizem mais ainda. Acho melhor parar por aqui, deixando no ar os links do álbum de fotos da corrida e outro do farnel, todas do Rodrigo Ruiz, nosso lambe-lambe predileto. Um dia vou me sentar e escrever algo à altura do #96. Mas com tempo, sem pressa.