Blog do Flavio Gomes
#69

GÊNIOS, GÊNIOS!

SÃO PAULO (vamos escolher uma…) – Saiu a 247ª versão do regulamento do campeonato de carros antigos para 2009. Está no site da FASP. Como vocês sabem, no final de 2007 nós, da APTA — a associação que de certa forma cuidava do campeonato, embora ele fosse supervisionado pela federação —, fomos chamados de “subversivos”. Queríamos […]

SÃO PAULO (vamos escolher uma…) – Saiu a 247ª versão do regulamento do campeonato de carros antigos para 2009. Está no site da FASP. Como vocês sabem, no final de 2007 nós, da APTA — a associação que de certa forma cuidava do campeonato, embora ele fosse supervisionado pela federação —, fomos chamados de “subversivos”. Queríamos mandar muito, sabe como é… Aí a categoria Superclassic, que dividia o campeonato em três categorias e nada mais, foi extinta.

Criaram uma coisa confusa para 2008, que até hoje não sei o nome. Acho que tinha algo com veículos históricos de competição. Sublimei, até porque foi o ano da aposentadoria do #96 e do nascimento do Meianov, e eu estava preocupado com outras coisas. Aí, no fim do ano passado, sei lá por quê, a FASP resolveu criar uma “comissão de antigomobilismo”.

A maioria dos pilotos dá uma banana para a comissão, formada por quatro pessoas. Mas o fato é que o Professor Carpinelli, presidente da federação, um homem que respeito e adoro de paixão — embora não concorde com quase nada que ele faz, afinal sou um subversivo —, deixou tudo nas mãos dos nossos novos gurus.

Desde o final do ano passado, os adorados mestres do quarteto fantástico tentam fazer um regulamento. Eu já tinha desistido de tentar compreendê-lo, porque todas as versões apresentadas são incompreensíveis. Mas agora saiu o que parece definitivo, e me obriguei a ler a batelada de bobagens. Foi um choque.

Para provar que não é má-vontade minha, vejam o que saiu, e está valendo:

– São agora cinco divisões: 1, 2, 3, 4 e Réplicas & Protótipos. Em todos os regulamentos, na lista de carros permitidos, está lá que podem correr, entre outros, “importados fabricados até 1979, ou que preservem a aparência dos modelos feitos até 1979”. É exatamente o caso do Meianov, que teve frente e traseira modificadas para ficar com a cara do modelo 1976 do Lada (ele é igual desde 1966, só mudaram faróis e lanternas). E como ele tem motor original e apenas um carburador, está apto a correr em quase todas as divisões, como se verá adiante.

– A Divisão 1 é subdividida em cinco (A, B, C, D, E). Pelo que deu para entender, destina-se a carros “originais”, seja lá o que for isso. O Meianov se encaixaria nela, como D1/C (motores de 1501 cc a 1800 cc), não fosse o fato de eu ter substituído os vidros traseiro e laterais por acrílico. Pelo que entendi (desculpem, vou repetir essa expressão muitas vezes até o fim do post), qualquer carro que tiver acrílico no lugar de vidro está fora. Creio que não teremos carros na D1. Ah, eu estaria fora pelo peso, também. O regulamento fala em peso original reduzido em 120 kg no caso da subdivisão em que se encaixa a cilindrada do meu motor. O Lada pesa originalmente 1.015 kg. Teria de pesar 895 kg, com piloto. Hoje, pesa 886 kg. OK, eu até poderia colocar um lastro, ou voltar aos vidros. Aí, provavelmente, correria sozinho na D1/C. E seria campeão. Mas não vou colocar os vidros de volta, acho.

– A Divisão 2 também é subdividida em cinco (A, B, C, D, E). Nesta, o Meianov se encaixa sem restrições. Estaria na D2/C, motores de 1.401 cc a 1600 cc. O peso seria o original reduzido em 150 kg. No meu caso, teria de pesar 865 kg. Estamos dentro! E pode usar acrílico. Pelo que entendi, a diferença fundamental da D1 para a D2 é o acrílico… Mas tem algumas coisas sobre o uso de peças de fibra e carburadores, também.

– Na Divisão 3, temos quatro subdivisões (A, B, C, D). Também posso entrar nela, porque pelo que entendi, a diferença em relação à Divisão 2 está apenas nos pesos — ao menos no que diz respeito ao meu carro. Eu entraria na D3/B, motores de 1.301 cc a 1.600 cc, peso mínimo de 750 kg. Daria para fazer um regime no Meianov. Vou pensar no assunto.

– Na Divisão 4, mais quatro subdivisões (A, B, C, D). Pelo que entendi, é bem parecida com as demais, mas permite o uso de spoilers e aerofólios, pneus importados e pneus slicks nacionais. Aí eu entraria na B, motores de 1.001 cc a 1.600 cc, pesando 820 kg. Porque embora seja permitido o uso de pneus diferentes, nada é dito sobre o uso dos pneus permitidos nas outras divisões (radiais nacionais ou fabricados em países do Mercosul).

– Finalmente a Divisão 5, para réplicas e protótipos, subdividida em duas (A e B). Aqui não me encaixo, meu carro não é um protótipo, nem uma réplica de nada.

Tentando resumir: temos 20 subdivisões em cinco categorias, o que me faz imaginar que a FASP e os clubes terão de fazer 20 pódios diferentes a cada etapa, e como cada pódio contempla os cinco primeiros colocados, serão 100 troféus por etapa. Claro que não haverá carros em algumas delas, mas pode ser que haja, sim, um ou dois em algumas delas. Ah, antes que me esqueça, não entendi onde entram os carros que usam motores AP não originais. Como não é meu caso, não me preocupei com isso.

O Meianov está habilitado para correr na D1/C (se colocar os vidros de volta), na D2/C, na D3/B e na D4/B. Não é demais? Adorei a clareza dos textos e o esmero nas subdivisões. É uma façanha redigir um regulamento que permite que o mesmo carro se enquadre em quatro categorias diferentes! Considero-me um privilegiado por poder escolher qualquer uma delas, podendo disputar cada prova por uma diferente, o que certamente me levará ao pódio em todas as corridas — muitas vezes, provavelmente, sozinho.

Já vou providenciar uma nova estante para minhas taças, e agora é só uma questão de decidir, momentos antes de fazer minha inscrição para cada etapa, em qual divisão/subdivisão quero correr. Vou para aquelas com menos participantes, obviamente. E, ao final do ano, serei campeão numa temporada que terá nada menos do que 20 campeões!

Não é demais? Genial, nossa nova comissão. Parabéns.