Blog do Flavio Gomes
F-1

MELBOURNETES (14)

SÃO PAULO (em instantes, o sol) – Feita esta quase elegia à dobradinha da Brawn GP, vamos aos já tradicionais pensamentos imperfeitos sobre o GP da Austrália, na ordem em que forem surgindo na ponta dos meus dedos. – Vimos mais ultrapassagens. O novo regulamento técnico ajudou, sim. Carros andaram mais próximos uns dos outros […]

SÃO PAULO (em instantes, o sol) – Feita esta quase elegia à dobradinha da Brawn GP, vamos aos já tradicionais pensamentos imperfeitos sobre o GP da Austrália, na ordem em que forem surgindo na ponta dos meus dedos.

– Vimos mais ultrapassagens. O novo regulamento técnico ajudou, sim. Carros andaram mais próximos uns dos outros e até o KERS, essa trapizonga que não me convence, funcionou nos carros que o utilizaram. Serviu para tentar uma aproximação, buscar uma ultrapassagem, defender uma posição. Não gosto, mas e daí? Quem souber usar direito vai levar vantagem em algumas corridas. No fim, pode ser divertido.

– A “Turma do Difusor” não decepcionou. No pódio, três dos seis: Button, Barrichello e Trulli. Outros dois chegaram nos pontos, Glock e Rosberguinho. Só Nakajima-san ficou pelo meio do caminho.

– Por que demoraram tanto para acionar o safety-car quando o japa da Williams bateu? Estavam esperando o Jáspion para salvar as almas atormentadas de Melbourne?

– Na largada, Barrichello quase pôs tudo a perder. Explicou depois: ao soltar a embreagem, o carro entrou em neutro. Diante disso, até que ele reagiu rápido. Aí foi acertado por trás por Kovalainen e deu na lateral de Webber. Mesmo assim, seu carro sobreviveu. É quase um Lada. Um tanque de guerra.

– Nelsinho, Nelsinho… Fazia uma boa corrida, depois de uma largada inteligente, mas errou sozinho na relargada e acabou na brita. Vai começar seu calvário: até encaixar um resultado bom, seu emprego será questionado diariamente pela imprensa.

– A regra que obriga o uso dos dois tipos de pneus disponíveis na corrida, que mal foi sentida no ano passado, neste ano será. Isso porque a Bridgestone fez dos pneus duros, duros de verdade. E dos macios, macios demais. Os primeiros seguram a onda. Os outros, não. Ao menos em Melbourne. Era exasperante ver como os carros com pneus moles perdiam rendimento depois de quatro ou cinco voltas. Algo que as equipes terão de pesar nas provas que vêm por aí.

– Ao lado de Button e Barrichello, merece menção mais do que honrosa Jarno Trulli. Ele largou dos boxes para receber a bandeirada em terceiro. Piloto muito rápido em classificação, Jarno costuma ter um ritmo muito irregular em corrida. Mas, hoje, foi bem demais.

– Vettel e Kubica, em compensação, deveriam passar a semana usando aqueles chapéus de burros até chegarem a Sepang. Faziam corridas brilhantes. Tinham o pódio garantido. Aí a anta polonesa resolve passar por cima do asno alemão a três voltas do fim. Tinha um carro dez vezes mais rápido. Passaria a qualquer momento. Vettel, por sua vez, sabia que era inútil resistir. Mas Kubica quis resolver tudo em duas curvas. E o piloto da Red Bull achou que não ficaria bem não oferecer alguma resistência. Acabaram ambos no muro, enroscados. Bem burrinhos. Os dois.

– Foi legal ver Hamilton e Alonso brigando lá atrás. Dois campeões, sem nada a provar a ninguém (Lewis, talvez), sabedores da ruindade de seus carros, mas combativos, esforçados, dignos dos macacões que vestem. Premiados, no fim, com um quarto lugar para o inglês e um sexto para o espanhol. Se McLaren e Renault acelerarem o processo de produção de seus difusores, que terão de fazer, podem entrar na briga logo.

– Buemi foi discreto, mas estreou pontuando. Nada mau.

– E a Ferrari? Dois abandonos. Como no ano passado. No momento em que escrevo, ainda não sei o que aconteceu com os carros de Massa e Raikkonen. Ambos faziam provas discretas, medíocres até. Felipe largou bem, mas foi o primeiro a sentir os problemas dos pneus macios e teve de parar antes do que previa. Kimi, sonolento, parecia aquele funcionário público que só vai à repartição para bater o cartão. Os italianos terão um ano difícil.

Daqui a pouco eu volto. Cabe um café.