Blog do Flavio Gomes
F-1

MELBOURNETES (15)

SÃO PAULO (nublado, aqui) – Mais alguns pensamentos imperfeitos, porque toda corrida sempre diz bastante coisa, por mais chata que seja. E essa não foi, então diz mais ainda. – Schumacher chegou a Melbourne mudo e saiu calado. Duvido que ele apareça em mais algum GP neste ano. Seus grandes amigos dos tempos dourados de […]

SÃO PAULO (nublado, aqui) – Mais alguns pensamentos imperfeitos, porque toda corrida sempre diz bastante coisa, por mais chata que seja. E essa não foi, então diz mais ainda.

– Schumacher chegou a Melbourne mudo e saiu calado. Duvido que ele apareça em mais algum GP neste ano. Seus grandes amigos dos tempos dourados de Ferrari se foram. Jean Todt, há algumas semanas, desligou-se de vez da fábrica e Ross Brawn, agora, joga em outro time. E desconfio que Michael está torcendo para ele. Acho que vai pedir exoneração do cargo, que também não sei qual é.

– Os carros da Brawn são excepcionais, sim. Mas o que dizer da Red Bull? Vettel andou quase sempre no mesmo ritmo de Button. O que significa que não basta um difusor para transformar abóboras em carruagens, e que os BGP 001 podem ser espetaculares, mas não são imbatíveis. A criação de Adrian Newey, um purista da aerodinâmica, é uma belezura. E Vettel, apesar da burrice na disputa com Kubica, um campeão em potencial.

– O mesmo pode-se dizer da BMW Sauber. Com pneus duros no fim, Kubica poderia passar Vettel e talvez até chegasse a incomodar Button. A disparidade dos treinos, em resumo, não se reproduziu integralmente na corrida, embora o safety-car tenha dado u’a mão (sabia que um dia escreveria “u’a mão”) aos adversários da Brawn.

– Dados estatísticos relevantes: a Brawn é a primeira equipe a conseguir uma vitória na estreia desde a Wolf em 1977 com Jody Scheckter na Argentina. E a primeira a fazer uma dobradinha em sua primeira prova desde a Mercedes no GP da França de 1954 em Reims, com Fangio e Kling. Curioso que a Brawn usa motores Mercedes, também.

– Button conseguiu sua segunda vitória na F-1. A primeira e única até então fora obtida no tumultuado e molhado GP da Hungria de 2006, pela Honda.

– Barrichello não dá sorte no quesito “ganhei a primeira corrida da história desta equipe”. Na Honda, em 2006, foi Button a levar a glória para casa (sim, a Honda ganhara corridas nos anos 60, mas estamos falando da “nova Honda”, ok?). Na Stewart, em 1999, quem faturou foi Johnny Herbert, no GP da Europa, em Nürburgring. Naquela prova, Rubens também foi ao pódio e terminou em terceiro. Quando cruzei com ele no túnel que passa por baixo da pista para gravar uma rápida entrevista, desabafou, com uma pontinha de ressentimento: “Puta rabo do caralho”. Agora na Brawn, Jenson ficou com os louros de novo.