Blog do Flavio Gomes
F-1

BARENITAS (11)

SÃO PAULO (estou vendo o Vigilante Rodoviário!) – É incrível a Toyota. Os caras precisam entender o que acontece com seus carros e pilotos quando começa uma corrida. Nunca vi um time perder tanto rendimento ao longo de uma prova quanto esse. Na primeira parte do GP barenita e desértico de hoje, enquanto Button se […]

SÃO PAULO (estou vendo o Vigilante Rodoviário!) – É incrível a Toyota. Os caras precisam entender o que acontece com seus carros e pilotos quando começa uma corrida. Nunca vi um time perder tanto rendimento ao longo de uma prova quanto esse. Na primeira parte do GP barenita e desértico de hoje, enquanto Button se virava para segurar Hamilton, Glock e Trulli se mandaram. Abriram uma boa vantagem e poderiam tentar aproveitá-la, mesmo parando antes que a concorrência para os primeiros pit stops. Uma Ferrari ou uma McLaren dos velhos tempos, quando faziam isso, só encontravam os adversários no pódio.

Mas os corollentos voltaram à pista encaixotados, tiveram dificuldades com o tráfego e, no final, o que era uma dobradinha de primeira fila se transformou num amargo terceiro lugar para Trulli e, para Glock, que fez as primeiras voltas na liderança, um modestíssimo sétimo.

E agora, mais pitaquinhos sobre o GP do Bahrein, para não enrolar muito…

– As primeiras voltas, com muitas ultrapassagens e disputas na base do esfrega-esfrega, foram bem legais. Mas depois as posições se acomodaram e as brigas rarearam. De qualquer forma, se não foi assim uma corrida de deixar todo mundo sem respirar, teve lá seus bons momentos. A pilotaiada está arriscando mais para ultrapassar e isso tem sido bom.

– Na altura da 15ª volta, Barrichello se viu atrás de Piquet-pimpolho. Foi muito curioso observar o comportamento do locutor oficial, que não pode ficar mal com ninguém. Nem podia dizer cobras e lagartos de Nelsinho, por segurar Rubens, nem criticar o embaço de Rubens, que dizia cobras e lagartos de Nelsinho de dentro do capacete, fazendo gestos e o escambau a quatro. Viu como é duro querer ser amiguinho de todo mundo? Nessas horas é que um negócio chamado “isenção” faz um bem danado.

– Claro que Barrichello não tinha motivo algum para fazer aquele circo todo. Se tinha um carro muito mais rápido, que passasse. Jogou para a galera. Ali valia posição e Nelsinho estava à frente se defendendo, sem fazer nada demais. “Ah, mas Rubens estava mais leve, lutaria pelo pódio, oh, que destino cruel.” Em português bem claro, foda-se. O piloto que está na frente não é obrigado a mapear as estratégias de seus adversários, nem a colaborar com seus planos. Lembram de Bernoldi à frente de Coulthard em Mônaco, sei lá quando? Pois é. Coulthard tinha um carro dez vezes mais rápido. Mas estava atrás, e eles lutavam por posições. Piloto algum é obrigado a estender tapete vermelho para ninguém. Durou três voltas essa briga Barrichello x Piquet-pimpolho. O pobre do Nelsinho, tão criticado e tão pressionado, fez o que tinha de fazer.

– Teria sido essa dificuldade para passar o que levou Ross Brawn a chamar Rubens para a segunda parada antes do tempo, quando se aproximava de Trulli, Vettel e Hamilton? Pô, o cara não passa nem o Nelsinho, vai passar esses três?, pode ter pensado o chefe. Sei lá, só estou especulando com certa maldade no coração.

– A prova teve um único abandono, de Nakajima-san. Bourdais fez uma boa corrida, os Force India também. Mas a BMW Sauber… O que aconteceu com essa equipe? Foi ilusão minha ou Kubica e Heidfeld terminaram mesmo nas duas últimas posições? A gente dá uma zoada com a Ferrari, porque é engraçado. Mas quem está merecendo mesmo uma análise profunda é esse time, que foi apontado como um dos favoritos ao título porque desenvolveu o KERS antes que todo mundo, e porque tem um piloto como Kubica e não sei o quê mais. É o grande fiasco do campeonato.

Daqui a pouco eu volto para falar da Ferrari. Vou comer uma torrada antes.