Blog do Flavio Gomes
F-1

SPRING ROLLS (7)

RIO DE JANEIRO (da janela vê-se o Corcovado, e vê-se mesmo) – Em 11 de outubro de 2007, quando Sebastian Vettel terminou o GP da China em quarto lugar com a Toro Rosso, escrevi que aquela era proeza que significava mais do que tudo Hamilton vinha fazendo em seu ano de estreia na F-1. Sim, […]

RIO DE JANEIRO (da janela vê-se o Corcovado, e vê-se mesmo) – Em 11 de outubro de 2007, quando Sebastian Vettel terminou o GP da China em quarto lugar com a Toro Rosso, escrevi que aquela era proeza que significava mais do que tudo Hamilton vinha fazendo em seu ano de estreia na F-1. Sim, para este doido aqui, um quarto lugar de Toro Rosso era mais do que um título de McLaren. Quiseram me mandar para o hospício, mas fugi da ambulância.

Ano passado, depois que ele levou a Toro Rosso a sua primeira vitória na categoria, em Monza, ousei compará-lo com Senna. Sendo mais preciso: disse que aquele resultado era mais expressivo que o segundo lugar de Ayrton em Mônaco, com a Toleman. O processo de excomunhão está em andamento.

Hoje em Xangai, Vettel colocou no currículo mais uma vitória inédita para o time que defende, agora a Red Bull. De novo na chuva, em condições muito complicadas de aderência e visibilidade, mas com a segurança de um veterano de muitos carnavais — embora seja um fedelho que disputou sua primeira temporada completa no ano passado, daqueles que nem sabem direito passar espuma de barbear no rosto.

O primeiro a ganhar pela Toro Rosso (a antiga Minardi), o primeiro a ganhar pela Red Bull (a velha Jaguar, por sua vez sucessora da Stewart), duas vitórias depois de 29 GPs, ambas a serviço de equipes pequenas que nunca tinham vencido.

Como não lembrar de Senna ao olhar para o início da carreira desse menino? Ayrton, com 29 GPs nas costas, também já tinha faturado dois, ambos pela Lotus, em Portugal e na Bélgica. Os dois no seu segundo ano de F-1, 1985, e curiosamente, como Vettel, com chuva — na Toleman o brasileiro não venceu. Seu cartel, no entanto, era melhor que o do pequeno alemão com os mesmos 29 GPs, com nove pódios e seis poles, o que fazia dele um fenômeno anunciado, o que realmente foi.

Sebastian segue no mesmo caminho. É um talento precoce que ainda comete os erros da adolescência (como na Austrália, onde poderia ter terminado em terceiro, o que faria dele vice-líder do Mundial agora), mas que tem a rara capacidade de mudar o status das equipes que pagam seus salários. Graças a ele a Toro Rosso, no ano passado, deixou de ser a coitadinha da antiga Minardi. A Red Bull, a partir de agora, é muito mais do que um motorhome bonitinho no paddock.

Estamos testemunhando o nascimento de um novo fenômeno. A propósito, maior que Hamilton. Com pinta de Alonso, Schumacher. Ou Senna.