Ano passado, depois que ele levou a Toro Rosso a sua primeira vitória na categoria, em Monza, ousei compará-lo com Senna. Sendo mais preciso: disse que aquele resultado era mais expressivo que o segundo lugar de Ayrton em Mônaco, com a Toleman. O processo de excomunhão está em andamento.
Hoje em Xangai, Vettel colocou no currículo mais uma vitória inédita para o time que defende, agora a Red Bull. De novo na chuva, em condições muito complicadas de aderência e visibilidade, mas com a segurança de um veterano de muitos carnavais — embora seja um fedelho que disputou sua primeira temporada completa no ano passado, daqueles que nem sabem direito passar espuma de barbear no rosto.
O primeiro a ganhar pela Toro Rosso (a antiga Minardi), o primeiro a ganhar pela Red Bull (a velha Jaguar, por sua vez sucessora da Stewart), duas vitórias depois de 29 GPs, ambas a serviço de equipes pequenas que nunca tinham vencido.
Sebastian segue no mesmo caminho. É um talento precoce que ainda comete os erros da adolescência (como na Austrália, onde poderia ter terminado em terceiro, o que faria dele vice-líder do Mundial agora), mas que tem a rara capacidade de mudar o status das equipes que pagam seus salários. Graças a ele a Toro Rosso, no ano passado, deixou de ser a coitadinha da antiga Minardi. A Red Bull, a partir de agora, é muito mais do que um motorhome bonitinho no paddock.
Estamos testemunhando o nascimento de um novo fenômeno. A propósito, maior que Hamilton. Com pinta de Alonso, Schumacher. Ou Senna.