Blog do Flavio Gomes
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20 ANOS HOJE

SÃO PAULO (a China não viu) – 4 de junho de 1989. Depois de semanas de protestos contra o governo, jovens estudantes chineses foram massacrados na Praça da Paz Celestial pelo Exército do Povo. Ninguém sabe exatamente quantas pessoas morreram. O governo divulgou um número, 241. Há estimativas que falam em mais de duas mil […]

SÃO PAULO (a China não viu) – 4 de junho de 1989. Depois de semanas de protestos contra o governo, jovens estudantes chineses foram massacrados na Praça da Paz Celestial pelo Exército do Povo. Ninguém sabe exatamente quantas pessoas morreram. O governo divulgou um número, 241. Há estimativas que falam em mais de duas mil mortes, outras em até sete mil. Na manhã seguinte, a imagem do rapaz que detém uma coluna de tanques armado apenas com sua voz, seus gestos e seu olhar roda o mundo e se transforma no símbolo de uma revolução que só não foi derrotada por aquela coluna de tanques. No resto, perdeu em tudo, em questão de minutos. Não houve diálogo. De nenhum dos lados, nem do governo linha-dura, nem das lideranças estudantis radicais dispostas a morrer ali mesmo, na praça. Chinês não gosta muito de conversar, muito menos de ceder. Todos os países do mundo condenaram a China pelo massacre de Tiananmen. Menos de 20 anos depois, estavam todos eles no Ninho do Pássaro batendo palmas para a mesma China — agora mais rica, parceira comercial essencial para o resto do planeta.

O rapaz que deteve os tanques nunca foi identificado. Hoje, farei um brinde a ele e a todos os chineses com quem troquei sorrisos no mês que passei em Pequim no ano passado. Muitos deles não sabem direito o que aconteceu na praça há 20 anos. Não os culpo.