Blog do Flavio Gomes
F-1

KEBABS (8)

SÃO PAULO (sonífera) – Bem chatinha essa corrida turca. Mas eu dizia isso quando Schumacher dominava a F-1, não direi o contrário agora. Existe uma certa beleza, sim, no controle absoluto de um campeonato por um piloto só. Para quem gosta de corridas, ver um cara guiando como Button está fazendo é legal. Ele trucida […]

SÃO PAULO (sonífera) – Bem chatinha essa corrida turca. Mas eu dizia isso quando Schumacher dominava a F-1, não direi o contrário agora. Existe uma certa beleza, sim, no controle absoluto de um campeonato por um piloto só. Para quem gosta de corridas, ver um cara guiando como Button está fazendo é legal. Ele trucida a concorrência. Com o barato adicional que é o fato de correr por uma equipe estreante.

Ninguém, mas ninguém mesmo, esperava que a Brawn pudesse vencer seis das sete primeiras provas da temporada. Um verdadeiro assombro. Maior ainda quando se olha para a concorrência, seus orçamentos, seu queixo empinado — falo de Ferrari e McLaren, claro. Já notaram que o papo do difusor sumiu? Equipe nenhuma “culpa” o difusor duplo da Brawn por sua superioridade?

Porque não é ele que faz a diferença, evidente. Todos estão usando e ninguém chega perto. Exceto a Red Bull. Explicação? Ross Brawn de um lado, Adrian Newey de outro. Foi mudar o regulamento para o talento desses dois saltar aos olhos.

Button venceu a prova na primeira volta, na escorregada de Vettel que lhe custou a primeira posição. Aí a Red Bull tentou algo difícil, como seria difícil com Barrichello em Barcelona, a mudança de duas para três paradas. Teria alguma chance de dar certo se Tião Alemão conseguisse passar Jenson antes da segunda parada. Não deu.

Button controlou a corrida como quis. No fim, Vettel ainda perdeu o segundo lugar para Webber. Vou esperar as declarações, mas que ninguém espere que o pequeno tedesco solte cobras e lagartos contra sua equipe, coloque em dúvida a lisura interna do time, como fez Rubens na Espanha. Podem apostar: vai reconhecer a derrota, e a excelente atuação de Webber, e tocar a vida.

Para Barrichello, acabou de vez. Eram 16 pontos, agora são 26. O brasileiro teve sua pior corrida no ano. Não só porque abandonou e não pontuou, mas porque esteve mal, mesmo. Não sei o que aconteceu na largada, mas pode ser que ele não esteja se entendendo com a embreagem do carro. Foi a segunda derrapada em largada no ano. Desta vez, custou muito caro. Despencou para o fundão e ficou horas tentando passar Kovalento e Sutil. Na primeira tentativa, passou e foi repassado. Na segunda, rodou. Depois, tocou em Sutil e quebrou o aerofólio. Tenho a impressão que Rubens precisaria ter sido mais decidido nas ultrapassagens. Mas tenho a impressão, também, que os outros pilotos não respeitam seu assédio como respeitariam, sei lá, se fosse um Alonso, ou um Button, ou um Massa.

Enfim, um domingo ruim para ele, em todos os sentidos. Inclusive técnicos, porque parece que teve problemas com a relação de marchas, especialmente a sétima, e no fim das contas acusou problemas de câmbio, de embreagem e de destino: “As coisas têm acontecido demais do meu lado”, falou à BBC. Deu tudo errado. Vai precisar buscar motivação não sei onde, a partir de agora. Porque, neste momento, Barrichello volta a estar em baixa. Não na equipe. Na F-1. A atuação foi mesmo muito ruim.

O mesmo pode-se dizer de Nelsinho, que se arrastou com seu Clio pesadíssimo para chegar em 16º. De bom, a ultrapassagem sobre Hamilton. Muito bonita mesmo, uma das mais belas da temporada. Mas não valia nada. Alonso não foi muito melhor. A Renault é outra em baixa. Não justifica o falar grosso de Briatore, que vive zoando as equipes novas que pretendem entrar na F-1. Melhor faria se cuidasse da sua. Só que Flavio não entende de corridas, nem de carros. Fala muito, faz pouco. Depende dos outros. Já andou falando em parar. Talvez seja sua hora, mesmo.

Gostei das corridas de Trulli, Rosberguinho e Glock. A Ferrari decepcionou. Essa corrida era aquela em que o time italiano teria de mostrar se iria, mesmo, reagir no campeonato. Não vai. Massa em sexto, Raikkonen em nono. É muito pouco.

No começo do ano, Brawn, Toyota, Red Bull e Williams eram as forças. Toyota e Williams, embora tenham carros honestos, ficaram para trás e não serão capazes de brigar mais lá na ponta. Tudo se resume, agora, a Brawn x Red Bull. Na disputa pelas vitórias, diga-se. Não pelo título. Este está mais do que desenhado para o inglês impecável.

E receio que não haja muito mais a dizer sobre este GP. Vou esperar para ver o que dizem seus protagonistas, e daqui a pouco eu volto.