Blog do Flavio Gomes
F-1

1 CHOPPS, 20 PASTEL

SÃO PAULO (enfim, acabou) – Rubens Barrichello conseguiu talvez a mais bonita das 14 poles de sua carreira, cinco anos depois da última, pela Ferrari, aqui mesmo em Interlagos em 2004. Foi parecida com algumas outras. De cabeça, lembro daquela de Spa pela Jordan em 1994, a primeira de todas. Foi buscar, em condições complicadas, […]

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SÃO PAULO (enfim, acabou) – Rubens Barrichello conseguiu talvez a mais bonita das 14 poles de sua carreira, cinco anos depois da última, pela Ferrari, aqui mesmo em Interlagos em 2004. Foi parecida com algumas outras. De cabeça, lembro daquela de Spa pela Jordan em 1994, a primeira de todas. Foi buscar, em condições complicadas, difíceis para todos, mas… no quintal de casa. Rubens, apesar de um retrospecto ruim em Interlagos, anda bem nesta pista. E a coisa da “energia da torcida”, para ele, parece funcionar.

E a pole veio num treino longo, muito longo. Que começou na hora marcada, mas depois da primeira rodada, de Fisichella, com 4min de sessão, foi suspenso por causa da chuva. Primeiro, só oito minutos de interrupção. Um baita aguaceiro, e solta todo mundo na pista para degolar Vettel, Kovalainen, Hamilton, Heidfeld e o trágico Físico.

Aí começou o longa-metragem de Interlagos. A chuva não parava, a pista estava perigosa, e só depois de 24 minutos começou o Q2. Que foi logo interrompido porque Liuzzi se estampou no S do Senna. Eram 14h59. Depois de vários adiamentos por medo d’água, só às 16h10 as atividades foram retomadas, quando um solzinho tímido começou a aparecer pelos lados da represa de Guarapiranga. Já dava para andar.

O Q2 foi fatal para Button, que guiou mal e ficou em 14º. Barrichello passou na conta do chá, em décimo. “Eu precisava passar, porque sabia que com a pista secando meu carro seria muito competitivo”, falou agora há pouco.

Ficaram fora Kobayashi, Alguersuari, Grosjean, “Jênssãn” e Liuzzi, claro, com o carro batido.

Nas duas sessões, o carro que melhor se adaptou ao piso molhado de Interlagos foi o da Williams. Nico Rosberg liderou as duas primeiras partes do treino, com Nakajima sempre por perto. Virou o favorito à pole.

Mas Barrichello se superou no Q3, e a Williams amarelou. Com pneus intermediários, foram todos para o tudo ou nada e Rubens abriu o treino com o melhor tempo, 1min21s167, marca superada imediatamente por Kubica, Webber, Raikkonen, Trulli e Rosberg. Aí, o brasileiro voltou à ponta com 1min20s210. E a pista melhorando. Webber virou seu adversário direto. A briga seria entre os dois, e Barrichello fez 1min19s576. O australiano da Red Bull tentou dar o troco, mas virou 1min19s668. A torcida vibrou.

Sutil, com a Force India, cravou um excelente terceiro tempo, e os dez primeiros se completaram com Trulli, Raikkonen, Buemi (outra surpresa), Rosberguinho, Kubica, Nakajima e Alonso.

Button, num mau-humor compreensível, disse assim que saiu do carro que se Barichello fizesse a pole, a decisão poderia ir mesmo para Abu Dhabi. Em condições normais, é o que deve acontecer, mesmo. A distância entre os dois é grande e o inglês vai ter dificuldades até para pontuar. Rubens tem uma ótima chance de vencer pela primeira vez em casa, talvez a maior de todas, o que seria muito bonito para sua carreira. Adversário de verdade, por perto no grid, ele só tem Webber. O resto ficou para trás. Não saíram os pesos ainda, ele deve estar mais leve, mas não sei se muita coisa, não.

Só que o resultado dessa corrida é totalmente imprevisível, como o clima paulistano e, especialmente, o de Interlagos. O domingo pode ser como hoje, com idas e vindas dos cumulus nimbus pelos céus entre as represas, ou pode nascer ensolarado, ou apenas frio. Pode nevar e aparecer um furacão, também.

O que dá para antecipar, apenas, é que vai ser um corridão. Interlagos é bom para corridões.

Mais tarde eu volto.