Blog do Flavio Gomes
F-1

ARABESCAS (4)

SÃO PAULO (será que o inverno acabou?) – Merece pouquíssimas linhas este GP de Abu Dhabi. Porque uma coisa é fazer evento. Outra, fazer esporte. A corrida é, certamente, um baita evento. Muito dinheiro gasto, muito luxo, cores, luzes, exuberância, riqueza. Mas é disso que é feito o esporte? Não. Esporte é competição entre os […]

SÃO PAULO (será que o inverno acabou?) – Merece pouquíssimas linhas este GP de Abu Dhabi. Porque uma coisa é fazer evento. Outra, fazer esporte. A corrida é, certamente, um baita evento. Muito dinheiro gasto, muito luxo, cores, luzes, exuberância, riqueza. Mas é disso que é feito o esporte? Não. Esporte é competição entre os melhores. Não houve competição em Abu Dhabi. A prova, esportivamente falando, foi melancólica. Um péssimo espetáculo. O espetáculo, como escrevi aqui no meio da semana, foi o cenário. Impressionante, sem dúvida. Belo? Vai do gosto de cada um. Tem quem goste de concreto, aço escovado, muito vidro, TVs de LCD e iates. Tem quem goste de árvores, flores e colinas.

Já disse: nada contra novas corridas, nem contra o esforço de vários países para fazerem parte do mapa-múndi organizando corridas, torneios de tênis, campeonatos de futebol etc. E todos tentam fazer o melhor possível. O que não me agrada é o caráter artificial que vem tomando conta de tudo. E a rasgação de dinheiro sem limites num mundo pobre e famélico.

Mas deixa pra lá. Não pretendo transformar uma corrida de F-1 numa discussão sociológica. Que Abu Dhabi, Qatar, Dubai e cercanias gastem a grana que têm, de origem duvidosa, com o que bem entenderem.

O GP. Um porre do começo ao fim. Hamilton largou bem, não conseguiu desgarrar, Vettel ficou por perto, voltou em primeiro depois da primeira parada, Lewis abandonou com problemas de freio, e a Red Bull colocou dois no pódio, Vettel em primeiro, Webber em segundo. Pena que a equipe, na primeira metade da temporada, e em algumas provas isoladamente, por conta de seus pilotos, não tenha sido lá muito regular. Senão, a briga com a Brawn teria sido mais interessante.

De qualquer forma, os dois troféus de hoje e as seis vitórias do time rubrotaurino no ano fazem justiça a Adrian Newey, projetista de mão cheia que andou meio apagado nos anos Schumacher, mas voltou com tudo numa ex-equipe pequena para ganhar corridas e, quem sabe, lutar pelo título no ano que vem. A Red Bull conseguiu ser o que a BMW, com toda sua tecnologia e dinheiro, não atingiu. É bom lembrar que esse time nasceu da Stewart, que depois virou Jaguar, e depois foi comprada pela turma dos energéticos. A BMW comprou a Sauber e desistiu da briga muito cedo. Sai por baixo da categoria, apesar do esforço individual de seus integrantes durante todo o ano.

De legal hoje, os pontos de Kobayashi em sua segunda corrida, tendo feito apenas uma parada, segurando a onda com os pneus desgastados, um breve sopr de vida na categoria, tratando-se de novatos. Button e Barrichello fizeram provas sólidas e sem erros. Jenson foi buscar o segundo lugar nas voltas finais, quando Webber teve uma brusca queda de rendimento, mas não conseguiu porque a pista não deixou. Tentou, pelo menos. A Ferrari foi ridícula, assim como a Renault. E fim de papo.

Rubens fecha o campeonato em terceiro, reflexo direto do mau começo de ano. Um bom resultado, mas recebido com frieza por conta da expectativa de título alimentada antes do GP do Brasil. Aliás, sorte que a decisão ficou para Interlagos, um autódromo de verdade. Se alguma coisa tivesse de ser resolvida na pista em Abu Dhabi, seria bem difícil.