Blog do Flavio Gomes
Indy, IRL, ChampCar...

INDY IN SAMPA (5)

SÃO PAULO (cadê meu DKW?) – Depois dos primeiros treinos livres, as reclamações dos pilotos no Anhembi foram unânimes: pista muito ondulada (novidade) e a reta do Sambódromo impraticável. O mais duro foi Tony Kanaan, jogando a culpa em Tony Cotman, o engenheiro que, pelo que consta, cria essas pistas e cuida de sua montagem. […]

SÃO PAULO (cadê meu DKW?) – Depois dos primeiros treinos livres, as reclamações dos pilotos no Anhembi foram unânimes: pista muito ondulada (novidade) e a reta do Sambódromo impraticável. O mais duro foi Tony Kanaan, jogando a culpa em Tony Cotman, o engenheiro que, pelo que consta, cria essas pistas e cuida de sua montagem. Ele teria percebido as ondulações durante o período das obras, mas teria dito que “tudo bem, pista de rua é assim”. Li no blog do Fábio Seixas que a Dersa teria se oferecido para melhorar o piso, mas ele disse que não precisava.

Duas coisas, aí. Primeiro, a Dersa poderia ter feito o piso direito desde o início, não? Será que é tão difícil assim fazer 3 km de asfalto liso? Por que fazer de qualquer jeito para depois “se oferecer” para melhorar? Atestado de incompetência da Dersa, o que não me surpreende. A segunda: o cara é uma besta, pelo jeito. Mas, realmente, pista de rua é assim, ondulações há.

O que “não é assim” é essa aberração da reta do Sambódromo. Alguns carros de F-1 já andaram lá, em demonstrações da Petrobras, com Montoya e Pizzonia, se não me engano. A Bia andou por ali com o carro de dois lugares. Até eu já participei de um desfile com meu DKW de corrida.

A pista original, de concreto e pintada, não oferece a menor condição para qualquer coisa mais rápida que um carro alegórico da Unidos do Peruche. Rasparam a tinta, mas obviamente não foi o suficiente. Só que todos os pilotos brasileiros visitaram o local nas últimas semanas. E eles não são burros, só de passar o pé dá para saber que um carro de Indy, ali, não para.

No fim das contas, cancelaram a classificação. Vai ser amanhã cedo. Agora vão “picotar” a pista com uma máquina, e se não der certo, vão asfaltar de hoje para amanhã. Uau. Alô, prefeito. Minha rua precisa picotar e asfaltar, tem jeito? De hoje para amanhã, dá pra ser?

Kanaan está certo de descer a lenha. Segundo o Victor Martins, o piloto disse, também, que “só aqui se faz uma pista de corrida em quatro meses”. Foram menos, na verdade. Não entendi se isso foi um elogio, ou crítica. Só que isso tudo poderia, e deveria, ter sido dito antes. Até hoje de manhã, Tony, assim como todos os brasileiros que correm amanhã, desfilaram por todos os programas da emissora oficial rasgando elogios mil a tudo que se fazia no Sambódromo.

Disse Tony, também, que “a Band e a Dersa não têm culpa”, e que o tal de Cotman é o vilão. Foi a senha para os políticos e autoridades entrevistados pela emissora tirarem os seus da reta. Mas todos têm responsabilidade. Como venho dizendo desde o início, essa corrida foi feita muito nas coxas, e a chance de alguma coisa dar errado era enorme.

Agora, resta apenas torcer para não chover. Porque, na água, no sambódromo, nem o carro do Peruche para direito.