Blog do Flavio Gomes
Indy, IRL, ChampCar...

INDY IN SAMPA (9)

SÃO PAULO (agora, ajeitem tudo) – E terminou, sem mortos, nem feridos, a primeira prova de rua da Indy em São Paulo. O que havia para criticar, já critiquei. E pode ser resumido em: falta de transparência nos gastos públicos, montagem pouco profissional da pista — asfalto abaixo da crítica, drenagem inexistente, absurdo da reta do […]

SÃO PAULO (agora, ajeitem tudo) – E terminou, sem mortos, nem feridos, a primeira prova de rua da Indy em São Paulo. O que havia para criticar, já critiquei. E pode ser resumido em: falta de transparência nos gastos públicos, montagem pouco profissional da pista — asfalto abaixo da crítica, drenagem inexistente, absurdo da reta do Sambódromo —, estrutura amadora, alagamentos em curvas, falta de energia elétrica, poeira que causou acidente na largada, uso político-eleitoreiro do evento, a lista é grande. Mas a esta altura, deixemo-la de lado.

Porque o saldo, para quem gosta de corrida, e falo puramente de corrida, de esporte, é bom. O público foi ótimo, o que mostra que as pessoas em SP e no Brasil gostam de velocidade. Ver as arquibancadas cheias me deu enorme alegria. A corrida em si foi bárbara. A chuva (que não é culpa de ninguém) adicionou ingredientes decisivos para o resultado final, embaralhou as estratégias, fez com que alguns se dessem bem, outros mal, com o resultado sendo definido só nas últimas voltas.

Parar a corrida na hora da tromba d’água foi a decisão mais correta da direção de prova. Vergonha, mesmo, foi ver como as poças se espalharam pelos 4 km da pista, como acontece nas nossas ruas, que são malfeitas, horrorosas, primitivas. Não aguentam dez minutos de água. Por esse aspecto, essa chuva foi bem-vinda. Mostrou a cara da cidade em rede nacional e internacional. Se alguém se orgulha disso, precisa urgente de auxílio psiquiátrico.

O traçado se revelou interessante na retona da Marginal, porque ali tem vácuo e dá para passar. No resto do circuito, nada demais, como são, em geral, as pistas americanas de rua, estreitas, cheias de esquinas e cercadas de muros traiçoeiros. Já falamos sobre isso. Por conta das muitas amarelas, também comuns nas provas da Indy, a corrida foi divertida, de atrito, com muitas trocas de posição, carros andando próximos, as barbeiragens de sempre e algumas atuações destacadas, como de Will Power, o vencedor.

Para os brasileiros, destaque para Vitor Meira, terceiro, e Rafa Matos, quarto. Belas performances, especialmente de Matos, que está apenas começando na categoria. Mas Meira merece aplausos, também, depois do drama que viveu em Indianápolis no ano passado.

Para 2011, que se trate este evento com a seriedade que ele merece. Menos oba-oba, mais comprometimento com a segurança, o bem-fazer. Os carros da Indy são rápidos e andar nesse asfalto medonho é perigoso. Ainda bem que nada de grave aconteceu. A história da reta do Sambódromo não se repetirá. Arrumar as ondulações e cuidar da drenagem é essencial. Evitar constrangimentos como essa pataquada do leitinho longa-vida no pódio, também. Típica coisa dos marqueteiros da Vila Olímpia, que arrancam dinheiro de desavisados. Conheço essa turma.

E aí, aos poucos, a São Paulo Indy 300 pode se transformar numa prova marcante do calendário. É só fazer direito.