Blog do Flavio Gomes
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MEU PAI COMPROU UM CARRO

SÃO PAULO (ele se chama Simca Chambord) – Foi longa a gravação, mas valeu a pena. Passamos a tarde, eu e duas equipes da ESPN Brasil, gravando com os dois (ok, no masculino) Simcas do Norian Munhoz, que faz parte do Reumatismo Car Club, um divertidíssimo e muito ativo clube de colecionadores — em sua […]

SÃO PAULO (ele se chama Simca Chambord) – Foi longa a gravação, mas valeu a pena. Passamos a tarde, eu e duas equipes da ESPN Brasil, gravando com os dois (ok, no masculino) Simcas do Norian Munhoz, que faz parte do Reumatismo Car Club, um divertidíssimo e muito ativo clube de colecionadores — em sua maioria do ABC paulista.

Um Tufão 1966 e um Emi-Sul 1967. O vermelho/prata é o Emi-Sul; o bege/marrom café, o Tufão.

Eu não entendo muito de Simca, embora já tenha lido bastante sobre o carro. Mas o Norian é uma enciclopédia, então toda minha erudição que irá ao ar na terça que vem no “Limite” tem dono, e é o dono dos carros. Que são absolutamente maravilhosos. Premiadíssimos, inclusive.

A Simca nasceu na França no começo do século passado com outro nome e vendendo carros da Fiat. Depois a Fiat mandou um cabra para tomar conta do negócio, nasceu a Simca, que cresceu, prosperou e comprou a filial francesa da Ford nos anos 50. Quando comprou, levou de troco o projeto do Ford Vedette, que ganhou várias versões, uma delas a Chambord.

E a versão Chambord, nome de castelo no Vale do Loire, foi a base para os modelos produzidos pela Simca do Brasil de 1959 a 1967. Foi nesse ano que a Chrysler, que em 1963 já tinha começado a comprar ações da empresa na França para entrar no mercado europeu, fez o mesmo no Brasil. Assumiu a Simca, lançou o Esplanada no seu lugar, praticamente o mesmo carro, e depois vieram os Dodges. A fábrica ficava em frente à Volkswagen, na Anchieta. Depois a própria VW comprou. Hoje, acho que tem um depósito das Casas Bahia no local.

Os modelos brasileiros eram o Tufão (nome de um motor mais zangado), Rallye, Presidente, Alvorada, Profissional, a perua Jangada (derivada da francesa Marly) e o Emi-Sul. Este levava o nome esquisito, sem H, porque Hemi era marca da Chrysler. E o Emi remetia ao cabeçote de câmeras hemisféricas, que levou o V8 meio manco do início de produção a aceitáveis 140 hp. O Sul, porque era o primeiro motor desse tipo fabricado no hemisfério sul. Coisas da época.

O Tufão bege nunca foi restaurado. Reformado, sim, mas mantém tudo original. O Emi-Sul saiu do nada. Quem vê as fotos do carro três anos atrás se assusta com a restauração impecável do Norian.

O Simca foi o primeiro carro de luxo brasileiro. Bem acabado, cheio de detalhes, cromados, rabo de peixe, bossas como as buzinas de estrada e cidade, a regulagem do avanço da ignição no painel, a alavanca de pisca-pisca que retornava à posição original por um temporizador de resistência, não mecânico, o cinzeiro com acendedor para os passageiros atrás e até um nicho no painel para guardar especificamente o maço de cigarros do motorista.

Uma coisa de doido. Tomara que vocês gostem da matéria, semana que vem. O Camisa de Vênus vai gostar.