Blog do Flavio Gomes
F-1

PRINCIPADAS (5)

SÃO PAULO (só na espera) – Macacada, hoje vocês vão me perdoar, mas o domingo está muito apertado, tem rádio daqui a pouco e todo esse GP de Mônaco será depositado em post único, e ainda sem saber qual a decisão sobre a divertidíssima manobra de Schumacher sobre Alonso na última volta. Acho que não […]

SÃO PAULO (só na espera) – Macacada, hoje vocês vão me perdoar, mas o domingo está muito apertado, tem rádio daqui a pouco e todo esse GP de Mônaco será depositado em post único, e ainda sem saber qual a decisão sobre a divertidíssima manobra de Schumacher sobre Alonso na última volta.

Acho que não podia passar. Até onde me lembre, e pelo que li no regulamento, só pode passar, quando o safety-car sai da pista, depois da linha de chegada/largada. Nessas horas sempre aparece um “o regulamento mudou este ano”, mas juro que não encontrei nada. Há controvérsias, pois. Porque se o regulamento mudou mesmo, não haveria motivos para reclamações.

Falemos da corrida, então. Como se previa, se Webber mantivesse a ponta, ficaria lá até o final. Ficou. Vettel passou Kubica na largada e ficou lá até o final. Kubica fechou a primeira volta em terceiro e ficou lá até o final. Massa manteve o quarto lugar na primeira volta e ficou lá até o final. Hamilton, atrás dele, fez o mesmo. Poucas emoções?

Ah, acho que sou dos poucos que gostaram dessa corrida. Button, por exemplo, teve um momento dramático, uma cagada monstro da McLaren que esqueceu um tampão de radiador e lá se vai o motor para o espaço. Imaginem se isso acontece com um brasileiro? Terceira Guerra Mundial.

Jenson perdeu a liderança do campeonato com o abandono besta. A Red Bull assumiu a ponta em ambos, com requintes de crueldade: Webber e Vettel empatados nos pontos, vantagem para o australiano, que está guiando o fino (quem diria?), por ter uma vitória a mais.

E o grande barato da corrida foi o Alonso, que espertamente trocou os pneus no comecinho, com o safety-car provocado por Hülkenberg, e ganhou um caminhão de posições depois de passar, com dificuldades, pela turma do fundão. Turma que estava na dela, sem obrigação de dar passagem, como Bernoldi com Coulthard anos atrás. Naquela ocasião, o mala do Ron Dennis, ao final da corrida, foi lá xingar o pobre Enrique.

Nos boxes, Schumacher foi bem e ganhou a posição de Barrichello. Já havia passado Rosberguinho na largada. Rubens partiu muito bem, mas nos pit stops despencou e depois deu uma pancada de respeito. Puto da cara, atirou o volante no chão, que foi atropelado, o volante, por Chandhok. Custa caro, aquilo. Foi o segundo SC do dia. Haveria um terceiro e penúltimo, para tampar um bueiro.

Kubica, apesar de ter perdido o segundo lugar na largada, fez mais um corridão, levando a bandeira de Togliatti ao pódio mais uma vez. A Lada é a grande novidade do campeonato. Mesmo Petrov fazia uma corridinha honesta, hoje, até parar no fim. Se a Renault ganhar uma prova este ano, bem que poderiam tocar a Internacional em vez da Marselhesa.

Trulli x Chandhok foi ótimo, também, causando o último SC do dia. O dalit protegendo a cuca com as mãos foi bem engraçado. Ainda bem que ninguém se machucou.

E, aí, veio a manobra schumacheriana na Rascasse, sobre um desatento Alonso, que deu uma rabeada e permitiu que o alemão ganhasse a sexta posição. Michael está na dele, sabe que não será campeão, mas mantém a chama competitiva. Lembram quando passou Barrichello lá mesmo, em Mônaco, na última volta, em 2005? Num campeonato perdido por antecipação? Pois é, corrida é isso, tem de passar, mesmo, e foi o que ele fez.

Desconfio que o próprio Schumacher tinha lá suas dúvidas sobre a validade da ultrapassagem, mas a essa altura do campeonato da sua vida, o que importa? Dane-se, deixe a decisão para os comissários, eles estão lá para isso. Escrevo antes de sair um veredicto (caiu esse “c” mudo?), mas apostaria numa anulação da ultrapassagem, com possível punição para o piloto da Mercedes, ou simplesmente a troca entre ele e Alonso na classificação final. Puro palpite, porém. Porque é a Ferrari que está reclamando, e Damon Hill é um dos comissários.

Aqui, no entanto, vale uma observação. Há um vácuo nessa regra de só poder passar, quando o SC sai da pista, depois da linha de largada/chegada. Porque há um espaço/tempo entre sua saída e a passagem de todos pela linha, chamada de “the Line” no caderno de regras. Até todo mundo cruzá-la, o que garante que nada vai acontecer? Um carro quebrar, por exemplo. Ou bater. Ou quase (como Alonso). Lembram a zona que foi com Hamilton na Austrália no ano passado? Ele passou Trulli porque o italiano saiu da pista. Devolveu a posição, e não precisava. E acusou, depois, Trulli de tê-lo passado sob bandeira amarela, quando ele mesmo deixou.

Acho que o mais simples seria liberar todo mundo por luzes e bandeiras assim que o SC deixasse a pista. Se for essa a interpretação dos comissários hoje, Schumacher fica com a posição e Alonso, chupando o dedo.

Agora falem à vontade. Volto mais tarde, quando der. Ah, e vamos combinar o seguinte… Muita gente acha a maior sacada do mundo chamar Schumacher de “Dick Vigarista”, e fizeram o mesmo com Alonso quando passou Massa na China. Aprendam, petizes. Corridas não seguem o código de ética “com muito orgulho, com muito amor” que vocês imaginam existir. Em lugar nenhum do mundo. Assim, dispenso surtos de criatividade do gênero “Schumacher foi Dick Vigarista de novo” e etc e tal. Além de ser um clichê ridículo, não tem nada a ver com a realidade de uma competição. Em resumo: deixem de ser bobos.