Blog do Flavio Gomes
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SÃO PAULO – Correr, de qualquer coisa, é uma estupidez. Todos sabemos disso. Correr de carro, correr de moto, de caminhão, desafiar a morte, assumir riscos, é tudo uma grande bobagem, não leva a nada. Mas tem quem goste, quem ame, quem viva disso. Eu, e a maioria dos que vêm aqui, somos assim. Adoramos […]

SÃO PAULO – Correr, de qualquer coisa, é uma estupidez. Todos sabemos disso. Correr de carro, correr de moto, de caminhão, desafiar a morte, assumir riscos, é tudo uma grande bobagem, não leva a nada. Mas tem quem goste, quem ame, quem viva disso. Eu, e a maioria dos que vêm aqui, somos assim. Adoramos velocidade, as corridas, as disputas. O ser humano é estúpido em vários níveis, e esse é apenas mais um deles.

Mas tem uma coisa inadmissível nesse mundo besta da velocidade que é colocar criança para correr de motocicleta. Já falei disso anos atrás e fui devidamente esculhambado por xiitas das duas rodas. Foda-se. Falo de novo. E falarei de novo, e de novo e de novo, mesmo sabendo que falar e escrever não adianta nada, não muda as coisas. Foda-se.

Hoje, em Indianápolis, um menino canadense de 13 anos caiu na volta de apresentação de uma corrida local, preliminar das provas da MotoGP, e foi atropelado por outro menino de 12. O de 13, Peter Lenz, morreu.

Sim, eu sei que se pode morrer de várias maneiras aos 13 anos. Nadando no lago, andando de bicicleta, correndo de kart, jogando bola, empinando pipa, fazendo manobras de skate, pode-se morrer atropelado ao ir à padaria comprar pão, ou à banca de jornais para comprar figurinhas.

Mas é mais difícil do que morrer correndo de motocicleta. O risco é grande demais, as velocidades são altas demais, os corpinhos dessas crianças são frágeis demais. Elas não têm noção de riscos, não têm medo da morte, não têm idade para competir.

Sou a favor do esporte desde cedo, acho que todos são, mas há limites.

Moto, para criança, não.