Blog do Flavio Gomes
F-1

EXAGERADOS

SÃO PAULO (que estufa, cacilda) – Já tem gente na F-1 preocupada com o excesso de botões nos volantes de seus carros. Eles são um risco para os pilotos, porque a 300 por hora ter de regular isso, acertar aquilo e balancear aquilo outro é, de fato, uma insanidade. Demorou. Há anos que esses volantes […]

SÃO PAULO (que estufa, cacilda) – Já tem gente na F-1 preocupada com o excesso de botões nos volantes de seus carros. Eles são um risco para os pilotos, porque a 300 por hora ter de regular isso, acertar aquilo e balancear aquilo outro é, de fato, uma insanidade.

Demorou. Há anos que esses volantes mais atrapalham do que ajudam. E eu desconfio que são como os celulares, que fazem zilhões de coisas, mas seus usuários conhecem duas ou três funções.

Alguém há de argumentar que entre as habilidades necessárias para se tornar um grande piloto de F-1 essa é uma delas, entender o que cada botão faz e lidar com eles durante uma corrida. Pode ser. Mas que é um exagero, é. E que é perigoso, é. Acrescente-se à botoneira dos volantes acima, neste ano, os controles do KERS e da asa traseira móvel. Vai ter piloto ficando doido.

Essa história dos botões me lembra um caso, que acho que já contei aqui, de 2002, possivelmente, ou talvez 2001. Era o final de semana do GP de San Marino, em Imola, e Barrichello tinha feito um temporal num treino, que parecia imbatível. Aí o Schumacher saiu dos boxes e cravou o brasileiro de forma assustadora.

Depois do treino, fomos falar com Rubens. E ele contou que tinha ido espiar a telemetria do alemão. “O cara mudou o acerto do carro oito vezes na mesma volta!”, espantou-se. “Isso eu não consigo fazer”, rendeu-se.

Pois foi isso. A cada curva, cada freada, cada reduzida, cada acelerada, Schumacher, que sempre lidou muito bem com os botões, alterava algum parâmetro de funcionamento de seu carro. Fez isso oito vezes numa volta, ganhou um pentelhésimo aqui, outro ali, e superou o tempo excepcional do companheiro.

OK, é uma grande qualidade. Mas dá para fazer isso em 70 voltas? Em todas elas?

É o que sempre digo. Quem acha que pilotar carro de F-1 era difícil nos anos 70, porque tinha de trocar marcha na alavanca, não tem ideia do que é duro guiar essas tranqueiras cheias de botões. Por isso, muito cuidado ao chamar de barbeiro qualquer desses pilotos que estão na F-1 atual. Alguns até podem não ser tão bons, formidáveis, seres de outro mundo. Mas todos guiam qualquer coisa melhor do que nós.