Blog do Flavio Gomes
Fusca & cia.

O ACHADO DO SÉCULO

SÃO PAULO (encerrando por hoje) – O Aluizio Lemos, que tende a se tornar nosso setorista de Fuscas, Kombis & Similares, conta que o universo dos VW a ar está em polvorosa desde que, em 2008, foi encontrado na Lituânia um dos Fuscas mais antigos de que se tem conhecimento: um modelo pré-produção, feito em […]

SÃO PAULO (encerrando por hoje) – O Aluizio Lemos, que tende a se tornar nosso setorista de Fuscas, Kombis & Similares, conta que o universo dos VW a ar está em polvorosa desde que, em 2008, foi encontrado na Lituânia um dos Fuscas mais antigos de que se tem conhecimento: um modelo pré-produção, feito em 1938. Talvez seja mesmo o mais antigo sobrevivente da família, quase um eco do Big Bang, já que o ’38 do museu da VW em Wolfsburg tem chassi do ano, sim, mas a carroceria foi feita, nos padrões de antes da Guerra, a partir de uma carcaça da década de 50.

Vamos ver se eu consigo resumir a história.

Esse carro teria ido parar na Lituânia depois que a URSS invadiu Berlim e acabou com aquela merda toda. Foi provavelmente levado para o Leste por algum soldado soviético. Lá, ao longo de décadas, o Fusca foi sendo modificado a torto e direito. Até motor de Volga enfiaram no pobre besouro. E parece que tinha registro de DKW. Cortaram tudo, adaptaram vidros, maçanetas, rodas, mecânica, fizeram uma cagada federal.

Aí, em 2003, um certo Emilis foi de Fusca a um casamento por aquelas bandas. E um amigo contou que tinha visto um carro parecido com o dele jogado num matagal. Emilis foi lá dar uma olhada, estava precisando de um capô, e deparou-se com algo que dava até medo. Mas mesmo assim fez até um vídeo, que pode ser visto aqui, no ótimo Fórum Fusca Brasil, ou clicando na imagem acima. É um emocionante registro de uma descoberta realmente histórica. Arqueologia nos tempos do YouTube, ao vivo e a cores.

O vídeo e algumas fotos foram mostradas ao presidente do Clube do Fusca da Lituânia, e o cara ficou cinco anos na orelha do dono até conseguir comprar. E, logo depois, vendeu aos alemães que estão restaurando a peça. Tudo isso, em fotos, pode ser visto aqui também, no site que está acompanhando passo a passo o trabalho de reconstrução do carro — o The Samba.

Um trabalho excepcional, diga-se, porque muita coisa está sendo feita a partir do zero, com fotos e referências bibliográficas. Claro que os caras têm um site também, este aqui, para quem quiser saber um pouquinho mais. A VW permitiu que os restauradores tirassem medidas do carro exposto no museu e ajudou a obter peças originais. Usaram um chassi de Kubelwagen 1938, que acharam não sei onde, e a carroceria encontrada na Lituânia, essa sim autenticamente 1938, será colocada sobre ele. Assim, teremos em pouco tempo o único exemplar 38/38 de Fusca do mundo, o famosíssimo KdF criado por Ferdinand Porsche a mando de Hitler.

O que é, de fato, o achado do século. Só perde para o ET Bilu, que anda meio sumido e desconfio que é fajuto. Esse KdF é autêntico.