Blog do Flavio Gomes
F-1

AUSTRALOPITACOS (8)

SÃO PAULO (gostaram?) – E vamos à corrida, enfim. The big picture. Como se imaginava, Vettel passeou. Mas Webber, não. Foi apagado, ficou longe do piloto que, na metade do ano passado, deu a impressão de que poderia ser campeão. O título de Tiãozinho Alemão parece tê-lo abatido. Seu pior momento foi quando chegou em […]

SÃO PAULO (gostaram?) – E vamos à corrida, enfim. The big picture. Como se imaginava, Vettel passeou. Mas Webber, não. Foi apagado, ficou longe do piloto que, na metade do ano passado, deu a impressão de que poderia ser campeão. O título de Tiãozinho Alemão parece tê-lo abatido. Seu pior momento foi quando chegou em Alonso, com pneus macios e novinhos, e abdicou da luta.

A Red Bull informou que não usou KERS algum em Melbourne. A história do mini-KERS permanece um mistério, que o time não vai revelar a ninguém. Mas o fato é que mesmo sem a traquitana (dispensável, não?) Vettel não foi ameaçado em momento algum. Quando seus pneus começaram a dar algum sinal de fadiga, parou e trocou. Duas vezes. Talvez em pistas mais abrasivas e quentes, como na Malásia, sejam necessárias três.

Três que a Ferrari fez, assim como Webber, que não soube administrar a borracha como seu jovem companheiro. Já a McLaren foi para duas paradas. Ninguém precisou de quatro, como muita gente apostou que poderia acontecer, e Pérez fez a prova toda com apenas um pit stop. O lance dos pneus, de fato, provocou várias mudanças de posição. Mas elas aconteceram nos boxes. O festival de ultrapassagens prometido não aconteceu, porque piloto não é bobo. Na aproximação de alguém com pneus mais inteiros, vai para o pit stop antes de levar nabo na pista. Isso se viu bastante na Austrália.

A asa móvel só serve para narrador falar “olha lá a asa abrindo”. Algo que vai cansar, uma hora. Em circuitos com retas maiores, talvez tenha alguma serventia. Mas continuo achando uma babaquice artificial e injusta com quem está na frente. E nem funciona direito. Um bom vácuo é muito mais eficiente. Uma tolice, em resumo.

Não foi uma corrida inesquecível. Os dois primeiros, Vettel e Hamilton, foram também os dois primeiros no grid. Deu para perceber que os pneus, de fato, perdem rendimento bruscamente, mas o antídoto para que isso não estrague a corrida de ninguém é parar nos boxes. Os macios são ótimos em uma ou duas voltas, mas depois estabilizam. Não são uma arma duradoura para passar adversários de pneus mais duros. Basta se defender por uma ou duas voltas e pronto.

Se não havia um favoritismo absoluto da Red Bull por conta das novidades do regulamento, que sempre podem atrapalhar aqui e ali, agora há. E nem se pode dizer que esse favoritismo é da Red Bull inteira. É, sim, de Sebastian. O pequeno tedesco chegou à sua 11ª vitória na categoria (empatou com Barrichello e Massa nas estatísticas; passará os dois em pouquíssimo tempo) e me deu a impressão de que colocou Webber no bolso de vez. A vitória foi muito fácil, sem sustos, tranquila. Esse rapaz é melhor que quase todos seus pares. Com um carro bem superior aos demais, e agora sem a ânsia de querer ser campeão a qualquer custo — portanto, menos propenso a erros —, passa a ser quase imbatível.

Assim, no balanço das horas, não deu para ficar otimista demais com esse campeonato a partir desta corrida de abertura. A McLaren me parece ser a única esperança de bater de frente com os rubrotaurinos. Achei a Ferrari frágil. Alonso terminou a corrida esbaforido, mas em nenhum momento brigou por algo muito melhor que um terceiro lugar — que acabou nem conseguindo.

Não sei vocês o que acharam. Pensem no assunto. Enquanto isso, levantem-se e coloquem a mão no peito. Sim, chorem incontrolavelmente, infames capitalistas! Porque eu vou é comemorar a chegada da gloriosa URSS ao pódio com o camarada Petrov.