Blog do Flavio Gomes
F-1

SEPANGUINHAS (3)

SÃO PAULO (sei lá) – Não sei direito, ainda, se gostei ou não da corrida. Foi animada. Teve neguinho tocando roda e contornando curva lado a lado. Mais de uma vez. Houve lá umas brigas boas. Schumacher x Kobayashi, por exemplo, que eles reprisaram umas dez vezes na TV. Ah, não era reprise? Putz, o […]

SÃO PAULO (sei lá) – Não sei direito, ainda, se gostei ou não da corrida. Foi animada. Teve neguinho tocando roda e contornando curva lado a lado. Mais de uma vez. Houve lá umas brigas boas. Schumacher x Kobayashi, por exemplo, que eles reprisaram umas dez vezes na TV.

Ah, não era reprise? Putz, o Kobayashi não teve dó do velhinho, então. Perdeu o respeito.

É, teve uma ou outra coisa bem legal. Teve Webber x Massa, Alonso x Hamilton, Heidfeld x Hamilton, Webber x Heidfeld. E outras que não me lembro agora, mas menos importantes.

Sim, foi animado, o GP da Malásia. Mas não sei se foi lá uma brastemp.

Esses pneus são muito temperamentais, imprevisíveis, inconstantes, os pilotos ficaram reféns da borracha. Ora, o pneu é sagrado, é o componente de um carro que faz com que tudo nele contido, absolutamente tudo, entre em contato com a realidade. Com a realidade do asfalto. Entendo que seja assim, toda nossa reverência aos pneus.

Mas eles são bem doidões, esses Pirelli. Porque uma hora funcionam bem, depois perdem rendimento, depois melhoram. Os pilotos, para evitar maiores problemas, correm para os boxes quando veem que a coisa está degringolando. E, assim, muitas posições são trocadas nos pit stops. E muitas ultrapassagens possíveis viram uma espécie de coito interrompido. O cara vem, observa, paquera, chega perto e na hora de dar o bote, o carro da frente sai pela tangente e vai para os boxes. Teve um monte de piloto que ontem morreu de pau duro, como a gente diz no truco. Quando ia passar, box pro adversário.

Assim, “ler” as corridas está um pouco difícil. O que não significa necessariamente um problema. Os pneus estão lá para todo mundo, equipes e pilotos que se virem para aprender a lidar com eles. E, no fim das contas, esse entra-e-sai dos boxes e esse desgasta-piora-melhora-sem-avisar da borracha acabam imprimindo um ritmo frenético às provas, quase caótico, que para o torcedor pode ser interessante.

Sinceramente, não sei.

O resultado, em si, foi normal. Vettel largou bem, abriu 2 segundos do segundo colocado na primeira volta, foi ligeiramente assediado por Hamilton na metade da prova, mas ficou nisso. O KERS da Red Bull foi importante na largada e, depois, a equipe pediu para desligar. Podia dar choque, explodir, sei lá o quê. Webber, como tinha largado mal (KERS?), sofreu mais. Teve de parar quatro vezes nos boxes (Seb fez três pit stops) e mesmo assim quase chega ao pódio. Terminou em quarto atrás do grande nome da prova: Nick “The Quick” Heidfeld.

O alemão contratado às pressas para o lugar de Kubica fez uma largada esplêndida, saiu de sexto para segundo, teve batalhas homéricas ao longo das 56 voltas malaias e terminou em terceiro, levando a Renault ao segundo pódio no ano. Julgá-lo pelo mau fim de semana de Melbourne, eu bem que avisei, foi um equívoco. Outro que guiou direito foi Button. Discreto na maior parte do tempo, mas eficiente, refinado no dirigir, levando seu carro ao segundo lugar.

Um pódio, pois, sem nenhum assombro.

Massa foi o quinto, em sua melhor corrida desde a Alemanha no ano passado. Mesmo com um problema num pit stop, batalhou, brigou, passou e foi passado, mais se defendeu do que atacou, e terminou na frente de El Fodidón de Maranello, que se estropiava todo para subir ao pódio, mas tocou em Hamilton quando tentou ganhar sua posição — e por isso teve de fazer um quarto pit stop. Foi sexto e olhe lá, que agradeça a Nossa Senhora de Guadalupe. O toque lhe custou 20 segundos de punição, mas a posição não foi afetada. Hamilton, com o carro em pandarecos e demonstrando uma curiosa  devoção pelos pneus de pau da Pirelli (pelas minhas contas, foram três jogos de compostos duros dos cinco usados), terminou atrás do espanhol. Mas também foi punido com 20 segundos em seu tempo por defender a posição na briga com Alonso de maneira, digamos, pouco usual. Assim, caiu para oitavo.

E alguns mitos fecharam a zona de pontos: após a punição a Lewis, Kobayashi subiu para sétimo, com apenas duas paradas (o carro da Sauber é bom nisso de economizar borracha); Schumacher foi o nono, com três pit stops e vários encontros com o samurai; e Di Resta, o homem do décimo lugar, levou mais um pontinho para casa.

Como se esperava, as asas móveis ajudaram mais em Sepang do que em Melbourne. Continuo achando uma covardia com quem está na frente. Na China a FIA ainda vai avaliar a bagaça para decidir o que fazer. E como não choveu (o que aconteceu com a chuva?), ficou nisso.

Vettel tem 50 pontos e lidera o campeonato. A briga pelo vice vai ser boa: Button  tem 26, Hamilton tem 24, Webber tem 22 e Alonso tem 20.

Ah, de tudo isso aí em cima que relatei, Vettel provavelmente não sabe de nada. E só vai saber se assistir o videotape.