Blog do Flavio Gomes
F-1

PRINCIPADAS (4)

SÃO PAULO (esse moleque, viu?) – Um erro no pit stop fez a Red Bull mudar a tática de Vettel para apenas uma parada. Coisa meio suicida. Ele perdeu a ponta para Button e só seria possível recuperar se parasse uma vez menos. Mas para isso seria necessário fazer mais de 60 voltas com um […]

SÃO PAULO (esse moleque, viu?) – Um erro no pit stop fez a Red Bull mudar a tática de Vettel para apenas uma parada. Coisa meio suicida. Ele perdeu a ponta para Button e só seria possível recuperar se parasse uma vez menos. Mas para isso seria necessário fazer mais de 60 voltas com um jogo de pneus. Dá? Deu. Daria. Nem precisou dar, porque a seis voltas do final um acidente múltiplo forçou a paralisação da prova, uma nova relargada, e aí permitiram trocar pneus, e aí Vettel não teve problema algum.

Uma vitória espetacular na melhor corrida do ano, porque teve ultrapassagens de verdade, e não aquele passa-passa vulgar da asa móvel em circuitos permanentes. Algumas foram belíssimas, como de Schumacher sobre Hamilton no comecinho, na Lowes; o troco na Sainte Dévote; Barrichello sobre o mesmo Schumacher na Mirabeau; Massa e Maldonado sobre Rosberg na Tabac; Schumacher sobre Rosberg na Lowes; Hamilton sobre Massa no Túnel; Kobayashi sobre Sutil na Mirabeau; Webber sobre Kobayashi na saída do Túnel.

É pouco?

Não, é muito. Este GP de Mônaco mostrou que se passar nas ruas do Principado é difícil, está longe de ser impossível. A não ser que à sua frente esteja alguém brilhante como Vettel. As semelhanças das últimas voltas antes da interrupção com aquela corrida de 1992, Senna à frente de Mansell, foram enormes. As semelhanças de Vettel com Senna são enormes também. Na pilotagem, especialmente — o comportamento de Tiãozinho é mais leve, sorridente, feliz, menos dramático, sofrido, complexo; melhor, portanto. Mas está sendo formado, aos nossos olhos, um novo Senna, um novo Alonso, um novo Schumacher. Disso não há dúvidas.

A Red Bull, mesmo numa pista onde não tinha o melhor carro, levou de novo, enfim. Mas não foi a única a merecer aplausos na manhã ensolarada da Côte D’Azur. Alonso fez uma corrida fenomenal. Button também. Venceria, se os dois à sua frente não tivessem sido tão radicais ao assumir estratégias arriscadas. Webber mostrou combatividade no final. Kobayashi foi monumental. Hamilton lutou feito um louco, foi punido, deu uma sacaneada brava em Maldonado nas voltas derradeiras depois da relargada. Sutil, que largou lá atrás, terminou em sétimo. Barrichello vinha fazendo uma prova discreta, mas fez os primeiros pontos da Williams no ano.

E, claro, a prova teve também seus fiascos. Schumacher foi um deles. Divertido e performático no início, depois foi ficando para atrás até abandonar. Rosberguinho, que havia andado bem nos treinos, terminou fora dos pontos. E Massa, de novo, zerou. Pela terceira vez seguida, depois de um bom começo de corrida. Na briga com Hamilton, porém, foi ultrapassado na entrada do Túnel, caiu na farofa de borracha, bateu. Vai mal a coisa para ele.

A próxima é em Montreal, daqui a duas semanas. Depois a gente fala do Canadá. Aproveitem a hora do almoço para dizer o que acharam de Mônaco aqui. Volto daqui a pouco.