Blog do Flavio Gomes
F-1

QUEBEQUINHAS (3)

SÃO PAULO (de gala) – A atuação de Jenson Bonitton hoje foi daquelas de tirar o chapéu. Seis paradas, um toque do companheiro Hamilton no início, outro em Alonso depois que a prova recomeçou, uma punição, um sprint inacreditável nas voltas finais e a glória absoluta de ganhar a liderança na última delas graças a […]

SÃO PAULO (de gala) – A atuação de Jenson Bonitton hoje foi daquelas de tirar o chapéu. Seis paradas, um toque do companheiro Hamilton no início, outro em Alonso depois que a prova recomeçou, uma punição, um sprint inacreditável nas voltas finais e a glória absoluta de ganhar a liderança na última delas graças a um erro de Vettel, seu primeiro no ano.

Baita GP, esse do Canadá. Em todos os sentidos. Primeiro, porque demorou mais de quatro horas. A corrida foi interrompida na 25ª por causa da chuva forte e foram necessárias duas horas de espera até que pudesse começar de novo, atrás do safety-car.

Então, que se divida essa bagaça toda em parte 1 e parte 2.

Parte 1. Pista molhada, largada atrás do Mercedão por cinco voltas, bandeira verde, Vettel se segurou bem, Alonso tentou, e Hamilton começou a aprontar. Tocou em Webber, que rodou e foi lá para trás. Três voltas depois, Lewis tentou passar o Bonitton na reta dos boxes. Jenson não facilitou. Acho que Hamilton foi agressivo demais, ainda mais por se tratar de começo de prova e uma tentativa contra o companheiro de equipe, que além de tudo é um gentleman.

Bateu, furou o pneu, a McLaren disse que quebrou a suspensão. Ele queria voltar. Isso aí vai dar o que falar. Levou bronca de Ron Dennis nos boxes.

A chuva ia e vinha, sem grande consistência, o que levou alguns pilotos a colocarem pneus intermediários. Button e Alonso foram dois deles. Mas aí, na volta 19, o temporal desabou. E neguinho foi obrigado a voltar aos boxes para recolocar os pneus de chuva forte.

Azar de quem fez tudo isso, porque quando a tromba d’água apertou de vez, a direção de prova resolveu parar tudo. Bandeirolas vermelhas, e os que não tinham parado ainda puderam trocar seus pneus no grid.

Aí foram duas horas de corrida parada, porque a chuva não dava trégua. Asfalto molhado, capas e guarda-chuvas nas arquibancadas, caminhões-rodo tirando a água, aquela desgraceira toda. E chegamos à parte 2.

Parte 2. Começa tudo atrás do safety-car de novo, com o mundo torcendo por Kobayashi. Afinal, ele estava em segundo lugar, com Massa em terceiro, Heidfeld em quarto e, na sequência, Petrov, Di Resta, Webber e Alonso.

Foram oito voltas com o Mercedão na frente até a relargada para valer. Mas durou pouco, porque na 37 Button e Alonso se tocaram e o espanhol bateu. Safety-car de novo, Fernandinho deixando de terminar uma corrida pela primeira vez desde a Bélgica no ano passado. Na relargada, a partir da volta 41, virou um corridão de vez. Baixou o santo em Schumacher, que saiu passando todo mundo. Um passão duplo sobre Massa e Kobayashi foi daqueles históricos. Button tinha desaparecido lá atrás, ninguém se lembrava dele, Koba se sustentava à frente de Massa, e aí liberaram as asas móveis, que estavam proibidas por causa da pista molhada.

Na volta 50, Webber foi para os boxes e colocou pneus slicks supermacios. Estava dada a senha. Todo mundo fez o mesmo e o final foi frenético. Button, que tinha feito o mesmo, era o mais rápido na pista e vinha passando quem encontrasse pela frente. Mas ainda estava longe dos líderes. Pois não é que apareceu mais um safety-car na volta 56? Heidfeld bateu em Kobayashi espanhando pedaços de carro pela pista e aí juntou todo mundo.

Foi a sorte de Button, que se reintegrou ao pelotão da frente em quarto lugar com o carro voando. Na relargada, faltando nove para o final, Vettel não teve muitos problemas com Schumacher, segundo àquela altura, e Webber e Button chegaram no alemão. Michael resistiu o quanto pôde, mas as asas móveis fizeram dele uma presa fácil para o canguru e Jenson. E como Webber deu uma escorregada, Button se viu, de repente, em segundo, voando para cima de Tião Alemão, que já ensaiava o ding-ling-ling.

Está grande demais este relato. Chega. Vetell deu uma rabeada na última volta e Button passou. Fim de papo. Vitória maiúscula, diriam os locutores de então. Não sei se vai valer porque os comissários ainda vão estudar o incidente com Hamilton, da parte 1, e com Alonso, da parte 2. Se nada for feito, ótimo. Nem se deve, porque seria um exagero. Button manteve sua linha no primeiro caso, Lewis forçou. Ele disse que não viu o parceiro atrás e pediu desculpas na coletiva. É um sujeito muito educado, Jenson. No toque com Alonso, ambos dividiram uma chicane. Alguém sempre se dá mal nessas situações.

Menções honrosas depois da longa tarde quebequiana: Webber terceiro, Schumacher quarto (sua melhor corrida desde a volta), Petrov quinto, Massa sexto (que bateu sozinho no fim, mas soube se recuperar e passou Kobayashi na linha de chegada na última volta, combativo como há muito não se vê). Menções desonrosas: Alonso (trocou de pneu na hora errada e teve um dia meio atrapalhado), Rosberguinho, Koba-Mito (pô, estava em segundo na relargada, mas acabou cometendo erros no fim) e Hamilton, porque já está começando a exagerar nas confusões.

Bela corrida, em resumo. E nada teve a ver com pneus que esfarelam, ou asas que se abrem. O barato, hoje, foi a chuva. E também a pista. E também alguns pilotos que não se encontram em qualquer esquina.