Blog do Flavio Gomes
F-1

DOIS-GRIA

SÃO PAULO (agora sim) – Dessa vez teve briga, sem aquela frescura de ficar guardando pneus, e por isso a classificação para o GP da Hungria foi a mais bonita da semana. E Vettel, que algumas pessoas já diziam estar “pressionado”, “decadente”, “abalado”, cravou todo mundo de forma espetacular. Fez sua oitava pole no ano […]

SÃO PAULO (agora sim) – Dessa vez teve briga, sem aquela frescura de ficar guardando pneus, e por isso a classificação para o GP da Hungria foi a mais bonita da semana. E Vettel, que algumas pessoas já diziam estar “pressionado”, “decadente”, “abalado”, cravou todo mundo de forma espetacular. Fez sua oitava pole no ano e a Red Bull manteve a hegemonia na temporada, com 11. Já são 23 na carreira. Na próxima, empata com Piquet.

Claro que todos os pilotos leram este blog durante a semana e chegaram hoje cedo aos escritórios de suas equipes com estatísticas eloquentes na ponta da língua, exigindo de seus engenheiros providências imediatas. “Olha aqui, 64% de vencedores na primeira fila! E vocês querem que eu largue onde? Onde, hein? Digam!”, gritava Hamilton com Ron Dennis. “É o seguinte: deem-me a pole e eu lhes darei 44% da vitória”, prometeu Vettel, com ares de superioridade. “Eu fico com os 8% que ganharam largando acima do quarto lugar, não se preocupem comigo”, balbuciou Webber, falando com as paredes porque quem mais o ouve no time é a menina do café, apaixonada pela figura do marsupial desamparado, e naquele momento ela estava preparando um copo de refresco de groselha para Seb, como chamam o alemão na intimidade.

Alonso, que fez aniversário ontem, trintão, portanto não confiemos mais nele, ensaiou uma briga pela pole, mas tudo que conseguiu foi largar atrás de Massa pela primeira vez na temporada. Piorou do Q2 para o Q3 (1min20s262 e 1min20s365) e vai falar, daqui a pouco, que pelo menos larga do lado mais limpo da pista. Felipe é o quarto no grid, uma posição à frente. À frente deles, pela ordem, Vettel, Hamilton e Button. Ferrari e McLaren seguem se revezando na tentativa de bater a Red Bull. Em treinos, pelo menos, não deu até agora.

Mas eu dizia que teve briga, e realmente teve. Não foi daquelas poles tranquilas e absolutas. Tião Alemão vinha tendo desempenho discreto nos treinos até o livre da manhã, quando fez o melhor tempo. Mas em nenhum momento houve demonstrações claras de virilidade no cronômetro. Por parte de ninguém. E na hora do vamos ver, Hamilton foi o primeiro a baixar de 1min20s e, sinceramente, achei que ninguém seria capaz de superá-lo. Ele, sim, vinha andando bem desde sexta. Mas Vettel fez uma daquelas voltas que dirá que foi perfeita e especial, e esteve mesmo perto disso: 1min19s815 para ele, 1min19s978 para Lewis, com Jenson, o Bonitton, colado no companheiro (ui) com 1min20s024.

Webber ficou em sexto, atrás da dupla da Ferrari, o que deixou a menina do café ainda mais apaixonada quando ele chegou tristonho e cabisbaixo ao motorhome. Levou mais de meio segundo de Vettel, e é por isso que ela, que odeia o alemão, tem deixado a groselha dele meio aguada. Vettel até já reclamou, outro dia. Essas coisas não sou eu que estou inventando, foram-me relatadas por um amigo que faz bico na Red Bull, um careca.

E fecham os dez primeiros na pecaminosa Budapeste Rosberguinho, Sutil, Schumacher (todos usaram só um jogo de supermacios no Q3) e Pérez (que nem tempo marcou). A turma da segunda leva de degolados ostenta algumas decepções, como os dois da Renault e Koba-Mito, que tem se mostrado muito melhor em corrida do que em classificações. E na primeira fornada caíram os seis de sempre (a Lotus verde já se descolou de vez nos tempos em relação a Virgin e Hispania, mas segue longe do Q2) e o glorioso Buemi.

Não fez o calor que sempre faz em Mogyoród, o vilarejo que recebe a corrida, a uns 20 km, se tanto, da saída de Peste. Assim, a grande ausência de hoje foram as moças de biquíni nas arquibancadas, que torravam sob o sol implacável do Leste em outras eras. A prova não será chata como costumam dizer que são os embates húngaros (vi ótimos GPs naquele ponto abençoado do planeta), entre outras coisas porque vai ter muita troca de pneu. Não sei se será recorde no ano, mas vão parar pacas. Talvez até quatro vezes. Isso garante emoção nos boxes, mecânicos enlouquecidos, estressados, destroçados nesta última corrida da fase pré-férias do campeonato.

Estão todos precisando descansar um pouco. Eu também.