Blog do Flavio Gomes
F-1

TEDESCAS (2)

SÃO PAULO (e daí?) – Eu gosto do Webber, tenho até um pouco de pena dele. É aquele funcionário mais velho da firma, claramente menos querido pela chefia, mas necessário pela experiência, pela sabedoria. Enfrenta a ditadura da juventude, a vitalidade dos mais novos, geralmente arrogantes e autossuficientes (se estiverem certos esses dois “s”, me […]

SÃO PAULO (e daí?) – Eu gosto do Webber, tenho até um pouco de pena dele. É aquele funcionário mais velho da firma, claramente menos querido pela chefia, mas necessário pela experiência, pela sabedoria. Enfrenta a ditadura da juventude, a vitalidade dos mais novos, geralmente arrogantes e autossuficientes (se estiverem certos esses dois “s”, me candidato à ABL), mas de vez em quando lhes dá uma lição. O velhinho aqui sabe das coisas, diz, depois de uma pequena vitória, uma decisão que se mostrou acertada, um conselho pontual.

Webber fez sua terceira pole no ano hoje, para mostrar ao talentoso coleguinha de escritório que nem sempre a juventude é tudo. Aliás, Vettel amargou seu pior resultado no ano e o pior desde o GP da Itália de 2010. Em Monza, ano passado, largou em sexto. Aí fez uma sequência de 14 primeiras filas, com 10 poles e quatro segundos lugares. Mark, o canguru muitas vezes tristonho e desolado, chegou a nove poles na carreira.

Era esperado que a Red Bull voltasse a andar na frente em Nürburgring com a liberação dos difusores bafo-quente. Ontem, a Ferrari ficou bem perto com Alonso. Hoje, um pouco menos. Quem acabou beliscando o tempo de Webber, 1min30s079, foi um surpreendente Hamilton — que eu, ontem, dizia estar desanimado; se animou. Lewis cravou 1min30s134, com Tião Alemão em terceiro e Fernandinho em quarto. O intervalo entre primeiro e quarto foi de 0s363.

Aí, a partir do quinto, começa outra categoria. Massa ficou 0s468 atrás do parceiro, seguindo na triste rotina de levar quase meio segundo por treino. Aproveitando, forneço a Vossas Senhorias alguns números desse duelo que tem sido desigual. Alonso largou na frente de Felipe em todas as corridas do ano. A diferença média entre os dois em classificações é de 0s399. A posição média do espanhol nesta temporada, em grid, é 4,1; de Massa, 6,2. No cronômetro, a maior sacolada foi na Espanha: Alonso 0s924 mais rápido que o brasileiro; a menor, no Canadá: 0s018 de diferença.

Quem também vem levando uma sova em classificações é Schumacher. Rosberguinho tem sido impiedoso com o veterano heptacampeão: 9 x 1 em grids, uma média de 0s475 por classificação no lombo de Michael, que tem como posição média de largada 9,8, enquanto Nico ocupa a posição 6,5. Ele larga em 6,5° toda corrida, sacaram?

Bom, isso não tem a menor importância. Falemos do treino.

Q1 tradicional, com Kovalento destacando-se dos demais nanicos — até porque Trulli foi abandonado na rua da amargura para Chandhok correr. Kobayashi, o Mito, ficou junto deles, o que é lamentável. Que passe todos na largada. No Q2, dois vencedores em duelos internos: Sutil sobre Di Resta e Petrov sobre Heidfeld. Os dois primeiros foram ao Q3, palmas para eles.

Schumacher, Sutil e Rosberg, no Q3, guardaram pneus macios. Não sei se será necessário, porque segundo meu amigo Diego Mejía, que está em Nürburgring, as chances de chuva amanhã na hora da corrida são de 83%. Isso mesmo, nem 80, nem 85. 83%. Os meteorologistas da região são muito precisos. E a temperatura no ameno domingo de Eifel deve bater na casa dos 11 graus. Lembro de um ano em que saí da França, acho, com 35 graus e cheguei a Nürburgring com 20 abaixo de zero. É um lugar esquisito, Nürburg.

Webber fez a pole na segunda tentativa e Vettel não chegou a ameaçá-lo, embora tenha sido o mais rápido no último treino livre. Hamilton, sim, fez uma voltaça. Com chuva, na prova, tudo pode acontecer. Frase das mais criativas, essa. Vamos refiná-la. Tudo pode acontecer de bom para pilotos como Vettel, Hamilton, Alonso, Button (bem ruim na classificação, em sétimo) e Schumacher, hábeis na água, assim como Sutil. Webber, o velhote da firma, que trate de largar bem se estiver molhado. Aí tem uma enorme chance de mostrar para a molecada e para a chefia que ainda tem lenha pra queimar.