Blog do Flavio Gomes
Indy, IRL, ChampCar...

O QUE SERÁ?

SÃO PAULO (vejamos) – Muito bem. Está tudo pronto amanhã para mais um espetáculo midiático-nacionalista, desta vez promovido pela TV Bandeirantes. Como informa Victor Martins, a emissora do Morumbi está preparando transmissões simultâneas, ao vivo, pela TV, nas suas rádios, na internet e por sinal de fumaça, para o anúncio de Rubens Barrichello. O veterano […]

SÃO PAULO (vejamos) – Muito bem. Está tudo pronto amanhã para mais um espetáculo midiático-nacionalista, desta vez promovido pela TV Bandeirantes. Como informa Victor Martins, a emissora do Morumbi está preparando transmissões simultâneas, ao vivo, pela TV, nas suas rádios, na internet e por sinal de fumaça, para o anúncio de Rubens Barrichello.

O veterano piloto vai correr pela KV com patrocínios brasileiros, um deles da BMC, que iria bancar sua permanência na Williams. A BMC vende máquinas. Brasil Máquinas de Construção é o que quer dizer a sigla da empresa, criada em 2007. Filhote da recuperação econômica do país, já investe em automobilismo com patrocínios em várias categorias nacionais. Não sei quem são os donos, mas eles parecem gostar de corridas.

Como a Globo, a Bandeirantes também tem esse viés cafona-ufanista em suas transmissões esportivas. Às vezes até mais, mas como é menos vista, salta menos aos olhos. Rubens será o herói do canal em 2012 e base de toda a cobertura, podem ter certeza. Bem, é problema deles. Como se sabe, nessas babaquices a gente não embarca. E nem é isso que quero discutir aqui.

O ponto agora é: o que será Barrichello capaz de fazer na Indy?

Não estou entre os que acreditam que será sopa no mel. Que Rubens vai chegar arrebentando, ganhando todas as corridas. O nível dos pilotos da F-1 é, em geral, mais alto que os da Indy. Quanto a isso não existem muitas dúvidas. Mas estamos falando de categorias diferentes. Bem diferentes. O estilo da competição, o comportamento da pilotaiada, os toques, as disputas, a mecânica das corridas, tudo exige uma certa adaptação. Mansell chegou chegando em 1993, mas não é regra. Primeiro, porque faz muito tempo e comparar o que existia nas pistas há quase 20 anos com a realidade atual é perigoso. Depois, porque Nigel era, em relação aos seus pares na F-1, um talento superior; afinal, havia conquistado o título mundial. Não é o caso de Barrichello, um piloto que deixa a categoria onde militou por 19 anos em baixa. E não creio que ele terá muita moleza diante da turma do barulho formada por Will Power, Ryan Hunter-Reay, Dario Franchitti, Scott Dixon… Não tem mais bobo na Indy, diria meu amigo Gian Oddi.

De qualquer forma, sua experiência e suas habilidades terão enorme peso. O entusiasmo, idem. “A paixão não faz com que tudo seja fácil, mas faz com que tudo seja possível.” Sim, eu sou capaz de citar Paulo Coelho em algumas situações.

Livros de autoajuda à parte, pergunto: o que vocês acham que vai acontecer em 2012 com Barrichello na Indy? Vamos a algumas alternativas, para facilitar a pesquisa informal:

A) será campeão com facilidade
B) vai ganhar algumas corridas, mas nenhuma em oval
C) vai ganhar várias provas, inclusive nos circuitos ovais
D) terá dificuldades de adaptação ao carro
E) terá dificuldades de adaptação ao tipo de corrida, com muitos toques e bandeiras amarelas
F) conseguirá no máximo alguns pódios
G) vai levar porrada em todas as corridas dos adversários enciumados
H) vai andar mal e desistir antes do fim da temporada

Como se vê, pode acontecer muita coisa num ano de estreia. Daria para inventar mais umas dez alternativas. E que Rubens não se engane: ele será pressionado, sim, pela mídia e pelos torcedores. Estará entre a cruz e a espada. “Agora vamos ver se ele é bom mesmo” será frase ouvida em todas as corridas. É cobrança, eu diria, mais aguda do que se ele continuasse na F-1, onde ninguém mais esperava nada dele.

Mas insisto que sua passagem para a Indy será positiva para todos, especialmente para a categoria. Vai ser um ano interessante. A Indy terá uma mídia, ao menos no Brasil, que não tinha desde os tempos em que Emerson brilhava por lá.