Blog do Flavio Gomes
Indy, IRL, ChampCar...

MEU PÉ DIREITO

SÃO PAULO (chuta que é macumba) – Tem um negócio em corrida que nem todo mundo sabe. Na maioria dos carros hoje, mesmo nos de Turismo, o pedal de embreagem foi praticamente extinto com a adoção de câmbios de engate eletrônico que usam borboletas atrás do volante ou alavancas para troca sequencial. Isso fez com […]

SÃO PAULO (chuta que é macumba) – Tem um negócio em corrida que nem todo mundo sabe. Na maioria dos carros hoje, mesmo nos de Turismo, o pedal de embreagem foi praticamente extinto com a adoção de câmbios de engate eletrônico que usam borboletas atrás do volante ou alavancas para troca sequencial. Isso fez com que muitos pilotos passassem a frear com o pé esquerdo, como faziam no kart.

Na F-1 é famosa a história dos problemas de adaptação de Barrichello ainda na Jordan, lá em meados dos anos 90. Ele teve enormes dificuldades para passar a frear com o pé esquerdo e continuou, durante muito tempo, brecando com o direito. Nisso, seu companheiro Irvine acabou se impondo ao brasileiro em muitos treinos e corrida.

Depois o brasileiro foi-se adaptando, a ponto de se tornar, digamos ambidestro em questões de frenagem. Mas sempre com carros que permitissem o uso do pé direito para frear, o que fazia com que eles tivessem algumas mudanças nas posições de pedal em relação aos carros de seus companheiros de equipe que usavam exclusivamente a canhota para o breque. Rubens sempre preferiu frear em linha reta, não tão dentro da curva, e para isso o pé direito bastava. Na medida em que os freios foram ganhando mais e mais eficiência e fazer a curva brecando passou a ser algo comum, ele passou a usar o esquerdo também.

Faço essa longa digressão para contar que a Indy está oferecendo, em seus novos chassis, a opção de freio com o pé direito e com o pé esquerdo, sem que nenhuma mudança estrutral tenha de ser feita nos carros. É só posicionar os pedais ao gosto do freguês. Dario Franchitti, por exemplo, comemorou. Disse que nunca se habituou 100% às frenagens com o pé esquerdo. Barrichello poderá fazer uso do recurso, também, dadas suas preferências pela direita.

E para quem acha que isso é um detalhe irrelevante, sugiro que, um dia, tente frear seu carro de rua com o pé esquerdo para ver se é fácil e se se acostuma rápido. Mas não esqueça de colocar o cinto. E aproveito para perguntar aos felizes proprietários dos chatíssimos carros automáticos: vocês, que não trocam mais marchas, brecam com o pé esquerdo ou ele só serve, atualmente, para descer do carro?