Blog do Flavio Gomes
Indy, IRL, ChampCar...

PROGRAMA DE INDY (1)

Ã’NHEM’BY – Demorei, mas cheguei. Estou me ambientando ainda. A última vez que entrei aqui foi para ver o Grupo de Acesso do Carnaval, dois anos atrás. Mas passo quase todas as semanas, duas vezes por semana, na verdade, por esse trecho que se chama de Reta dos Bandeirantes — conhecida também como Pista Local […]

Ã’NHEM’BY – Demorei, mas cheguei. Estou me ambientando ainda. A última vez que entrei aqui foi para ver o Grupo de Acesso do Carnaval, dois anos atrás. Mas passo quase todas as semanas, duas vezes por semana, na verdade, por esse trecho que se chama de Reta dos Bandeirantes — conhecida também como Pista Local da Marginal Tietê Tem Trânsito Intenso no Sentido Castello Branco, mas o nome é grande demais ser dito pelos narradores.

(Aliás, pobres narradores, comentaristas e repórteres da emissora oficial. Eles não podem dizer simplesmente “o piloto está se preparando para a corrida”. Têm de dizer “o piloto está se preparando para a Itaipava São Paulo Indy 300 Nestlé”. São 15 sílabas e 29 letras contra três sílabas e sete letras de “corrida”, que podem ser ainda mais reduzidas para duas sílabas e cinco letras caso se opte por “prova”. Não é hábito da imprensa brasileira usar o nome oficial que contém patrocínios de evento nenhum, a não ser que os patrocinadores paguem. No caso, a marca de cerveja e a fábrica de papinhas está pagando, obviamente. Duvido que meus colegas recebam algum quinhão da verba para ficar repetindo Itaipava e Nestlé por dias a fio. Talvez ganhem um pacote de latinhas e uma lata de leite em pó no final do evento, mediante uma senha, que devem ser retirados no almoxarifado da firma. Só sei que é um saco, um enorme saco, para quem ouve, esta longuíssima expressão. A ponto de desde já eu estar torcendo para que a próxima corrida seja realizada em Jaú, tenha 3 km de percurso total e seja patrocinada pela Skol e pelos lubrificantes KY, que podem ser lidos rapidamente como “qui”. E teríamos a Skol Jaú Indy 3 Qui, mais sucinta, econômica e palatável.)

Já aconteceram dois treinos livres e por enquanto, felizmente, nada de chuva. Esta pista, com água, quando não fica impraticável como as adjacências do córrego Aricanduva, torna-se muito perigosa. E aí não tem treino que flua. Flua é uma linda forma verbal. Já pela manhã houve muitas bandeiras vermelhas por conta de batidas aqui e ali. A mais célebre foi a de Heliocastro Neves com seu Penske amarelo.

(Aliás, outra dúvida cruel. Esse carro não era todo pintado com as cores da Shell? Aqui está como Penske Logistics. Não entendo os marqueteiros. Tem um Shell em cada esquina no Brasil. E, que eu saiba, empresas de logística não são assim tão populares. Por que, afinal, tiraram a Shell do carro do Helio Castroneves?)

Torcerei, nesta corrida, por Simon Pagenaud, o da foto acima, de autoria de Bruno Terena. Gosto muito da sonoridade do nome. Simôn Pajenô. Ou Saimon Pêijeno. Alimento também certa simpatia pelos irmãos gêmeos Ryan Briscoe e Bryan Riscoe, com quem sonho em promover um encontro emocionante, pois parece que eles não se veem há anos.

Cheguei há pouco, mas já deu para notar que Barrichello mantém sua torcida fiel, aquela que grita Rú-binhô!, como em Interlagos. Que o ambiente é camarada, tem rango de graça e café expresso na sala de imprensa, cadastram os laptops para evitar roubos como em anos anteriores, a internet é rápida e gratuita, o público será bom mas não sabe direito quem são os pilotos e muita gente usa camisetas com referências à F-1 nas arquibancadas.

Daqui a pouco começa a classificação. Depois farei um giro pelo pavilhão do Anhembi, transformado em garagens. É um ótimo espaço para as equipes trabalharem. O factual, vocês seguem no Grande Prêmio, que está com uma enorme equipe aqui. Eu só vou contar cascata, mesmo. Serei o cascateiro oficial da Indy em Sampa.