Blog do Flavio Gomes
Indy, IRL, ChampCar...

PROGRAMA DE INDY (4)

ÃIN-YEMBI – Fui lá ver os boxes. Ou garagens, na Indy. Já fiz algumas corridas da Indy, mas como sempre as coisas mudam muito com o passar dos anos. Cobri as 500 nos anos 90 e estive em Jacarepaguá quando o Rio construiu um oval. Em Indianápolis vi pela primeira vez de perto esse negócio […]

ÃIN-YEMBI – Fui lá ver os boxes. Ou garagens, na Indy. Já fiz algumas corridas da Indy, mas como sempre as coisas mudam muito com o passar dos anos. Cobri as 500 nos anos 90 e estive em Jacarepaguá quando o Rio construiu um oval. Em Indianápolis vi pela primeira vez de perto esse negócio de garagens. Elas ficam longe da pista, é uma outra configuração em relação à F-1. Os carros são levados aos pits pelo Gasoline Alley, que é um ótimo nome. No Rio, usavam os boxes antigos, também distantes do leito do oval. Aqui, usam o pavilhão de exposições onde fazem salão de automóvel, feira de sapato e reunião de nerds.

O pavilhão é enorme e ninguém pode reclamar de falta de espaço. O Anhembi é bem funcional para uma corrida. A área vira uma espécie de ponto de encontro, por onde todos passam, e tem ingresso que dá direito a visitar aquela balbúrdia divertida. Nada contra, absolutamente. É legal o contato do povo enfurecido com o carros e pilotos. A Indy sempre foi assim. Na F-1, neguinho veta qualquer um perto dos carros. Olhou muito para eles, mandam te tirar do paddock aos xutos e pontapés. Imagine um ambiente fresco de gente metida a besta. Multiplique por dez, é a F-1.

Mas tem seu charme. Ultimamente, desenvolvi uma tendência de ver algum charme em qualquer coisa. Pastel de feira, caldo de cana, calçada esburacada, prédio velho, janela quebrada, Del Rey dourado com escada no bagageiro e Crocs com meia.

Bem, infelizmente, quando fui às garagens, já não havia muita gente por lá. Como tem um hotel dentro do Anhembi e todos nele se hospedam, a turba que trabalha tratou de encerrar cedo o expediente e se mandou. Esse hotel, durante décadas, foi um esqueleto na Marginal. Achava, eu, que jamais seria concluída sua construção. Até que um dia passei lá e estava pronto. Dizem ser um bom hotel.

Saçariquei de um lado para o outro, vi os carros de perto e constatei que são de fato feios. As laterais e a proteção traseira fazem deles uns monstrengos desengonçados que levariam qualquer bom designer a cometer haraquiri. A Dallara poderia ter caprichado na estética. Já que são todos iguais, mesmo, era só dar um tapinha naquele calombo que desvia o ar dos pneus traseiros e redesenhar os parachoques.

Não encontrei fãs enlouquecidos. Na verdade, só duas meninas, e uma delas pediu para tirar uma foto comigo, me confundindo com alguém. Disse que achava o Will Power bonito, “apesar do nariz”, o Viso um gato, “apesar de parecer que levou uma martelada na cabeça”, o Newgarden lindo, “apesar de ter uma carinha de 15 anos”, o Pagenaud interessante, “apesar daquela cara de safado”, e a Simona de Silvestro fotogênica, “apesar de parecer um homem”. Scott Dixon mereceu uma análise mais crítica: “Parece uma lagartixa”.

Consegui uma foto do Will “Apesar do Nariz” Power, outra de Scott “Lagartixa” Dixon, e a outra é da moça que traçou o perfil de cada um, achando que eu era alguém famoso.