Blog do Flavio Gomes
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HISPÂNICAS (4)

SÃO PAULO (viva la Revolución!) – Não foi o rei da Espanha que mandou Hugo Chávez se calar? O mundo dá voltas. Assim, foi em Barcelona que um chavista de quatro costados calou a Espanha. Toma! Chupa! OK, estou politizando a corrida. Mas é quase impossível passar ao largo de algumas questões políticas quando se […]

SÃO PAULO (viva la Revolución!) – Não foi o rei da Espanha que mandou Hugo Chávez se calar? O mundo dá voltas. Assim, foi em Barcelona que um chavista de quatro costados calou a Espanha. Toma! Chupa!

OK, estou politizando a corrida. Mas é quase impossível passar ao largo de algumas questões políticas quando se trata de uma vitória como a de Maldonado hoje em Barcelona. Afinal, Pastor é fruto direto de uma política de Estado da Venezuela, a de apoiar pilotos em várias categorias pelo mundo através da PDVSA, sua estatal petrolífera.

Pode-se achar certo ou errado, pode-se, e deve-se, discutir até onde é razoável a destinação de verbas ao esporte em países pobres, mas o fato é que está dando certo. E o grande resultado veio antes do que se previa. Maldonado está apenas em sua segunda temporada na F-1. E conquistou uma vitória daquelas, levando a bandeira de seu país e a alma bolivariana ao céu. É legal ver uma nação como a Venezuela ter do quê se orgulhar mundialmente. Os caras sofrem bullying econômico e político dos EUA, são tratados como uma excentricidade “do mal” pela patética imprensa do maior país da América do Sul, o Brasil, recebem a indiferença e a soberba dos colonizadores europeus, e a vida lá não é fácil, não.

Eu, sinceramente, achava que Maldonado não chegaria nem no pódio. Errei feio, ainda bem. Ganhou com autoridade, perdeu a ponta apenas na largada e após um pit stop, e no fim soube se sustentar à frente de Alonso, apesar das insinuações de pressão por parte do asturiano.

O ritmo de corrida da Williams foi surpreendente. E foi muito legal ver a equipe voltar a vencer depois de quase oito anos. A última vitória foi de outro sul-americano, Montoya, no GP do Brasil de 2004.

Os pneus foram uma das chaves da corrida, e foram os duros os que mais agradaram, por incrível que pareça. Quem guardou macios no sábado, comprometendo o grid para se dar bem no domingo, deve ter se arrependido. Nem precisava, afinal. De qualquer forma, era importante administrar o gasto da borracha o tempo todo e até o fim, sempre no limite, sem  muita margem de erro. Vejam Alonso: terminou 0s6 à frente de Raikkonen, o terceiro. Porque ficou sem pneus no fim. Mais 100 metros de pista e teria perdido o segundo lugar.

Foi uma bela prova, com algumas atuações destacadíssimas. Vettel, por exemplo, parou quatro vezes nos boxes (foi punido bestamente por não tirar o pé numa bandeira amarela), trocou o bico, foi para trás, voltou para a frente, passou uma porrada de gente e chegou em sexto. Pouco? O bastante para seguir na liderança do Mundial, com 61 pontos. Ao lado de… Alonso!

Não é inacreditável esse Alonso? Um fodón, mesmo. Quase ganhou hoje. Tem ajudado o fato de McLaren e Red Bull se atrapalharem mais do que o habitual. Hamilton, por exemplo, seria o maior favorito à vitória se largasse na pole. Mas a equipe cagou no negócio da gasolina e ele teve de largar em último. Chegou em oitavo. Já Button fez uma prova apagadíssima e terminou em nono. Foi um dos piores finais de semana dele desde que chegou à McLaren. Precisa reagir. Entre os rubrotaurinos, acho que fizeram todas as apostas erradas no sábado. E a Mercedes, que tem andado na frente da Ferrari, não brilhou desta vez com Rosberg e viu Schumacher bater em Bruno Senna num lance meio confuso sobre o qual falo daqui a pouco.

Mas voltando aos destaques, como não mencionar o próprio Hamilton, que veio veio babando lá de trás? E Kobayashi com suas ultrapassagens impossíveis?

E tem a Lotus, que vai bem, obrigado, mas acabou decepcionando um tiquinho. OK, terceiro e quarto, legal, mas… Mas dava para ganhar, não dava? Se o Maldonado é capaz de vencer com uma desacreditada Williams, por que não a Lotus?

Porque, hoje, apostou errado. Optou por um ritmo contido no início da prova para atacar no final, quando o time esperava que Williams e Ferrari fizessem uma quarta parada. Até precisariam, porque Pastor e Fernando terminaram a corrida com pneus em frangalhos. Mas àquela altura, com a distância que tinham em relação a Kimi, não iriam fazer mais um pit stop nem sob a mira de tanques da OTAN.

Enfim, um enorme parabéns a Maldonado e à Venezuela. Daqui a pouco volto para mais umas cascatas.