Blog do Flavio Gomes
#69

INTERLAGOS, SÁBADO

SÃO PAULO (meio atrasado…) – Fim de semana cheio, esse… Bom, sábado disputamos a quinta etapa da Classic Cup e acho que foi a corrida que mais curti neste ano. Foi a primeira na temporada com a entrada do safety-car na metade da prova, o que muda totalmente a história do negócio. É uma corrida […]

SÃO PAULO (meio atrasado…) – Fim de semana cheio, esse… Bom, sábado disputamos a quinta etapa da Classic Cup e acho que foi a corrida que mais curti neste ano. Foi a primeira na temporada com a entrada do safety-car na metade da prova, o que muda totalmente a história do negócio. É uma corrida diferente, depois que junta o pelotão. Grande medida, que a gente usava anos atrás e agora voltou.

Choveu de madrugada e fizemos a classificação bem cedo com a pista ensaboada. Meu carro, com blocante, é uma droga no molhado. Temos de ver isso daí, porque ao lado de Senna, Ickx e Fisichella sou considerado um dos quatro melhores pilotos da história na chuva. E só consegui ficar em 22°, penúltimo, um horror. A pole foi do Cirello, para variar, com 2min14s031. Virei assombrosos 2min44s631.

Mas felizmente secou até a hora da largada, e mais três carros se juntaram aos que fizeram a classificação. Ver 26 antiguinhos no grid foi algo que me encheu de alegria. Recuperamos a categoria. Foi o maior grid do fim de semana — tirando Marcas, claro.

Apesar de ser considerado um dos quatro maiores largadores da história, ao lado de Von Trips, Peterson e Rindt, larguei mais ou menos. Normalmente passo entre 10 e 20 carros nas largadas, mas sábado foram dois ou três, no máximo. Só sei que quando chegamos no Lago, o Luque, que correu com o “meu” Corcel Pacman, deu uma espalhada para a direita, abriu-se um bom espaço, apontei proa para a descida do Lago, fiquei na dúvida se deveria colocar lado a lado, mas nem deu tempo de tomar uma decisão. O Luque veio para a esquerda, para fazer o traçado ideal, por dentro, e deu-me uma senhora pancada do lado direito.

Rodamos ambos. Achei que ia morrer e comecei a fazer meu testamento mentalmente. Mas foi tudo muito rápido, e quando estava resolvendo quem iria ficar com o Candango, percebi que não tinha batido em nada e nem morrido. O que eu não podia deixar morrer era o Meianov, porque meu motor de arranque tinha pifado antes de ir para o grid. Se apagasse, nunca mais funcionaria de novo. Vi o Corcel um pouco à frente girando e batendo na proteção de pneus, mas ele também sobreviveu. Consegui manter os 700 cavalos do meu motor Lada funcionando e voltei à corrida soberbamente.

Na primeira parte da prova, passei alguns caras que estavam com carros claramente mais lentos que o meu. Como sabia que ia passar, dei uma valorizada em algumas manobras. Depois disso, virando ali na casa de 2min17s, tranquilinho, não tive muita companhia por umas três ou quatro voltas. Aí juntou todo mundo atrás do safety-car e na relargada consegui passar o Henry, de Escort, e o Cristiano, de Fusca, na freada do S do Senna. Depois me contaram que essa foi considerada uma das quatro maiores ultrapassagens da história, ao lado daquela do Piquet sobre o Senna na Hungria, do Hakkinen sobre o Schumacher em Spa e do De la Rosa sobre o Karthikeyan ontem na Espanha.

Só que meu carro, quando a corrida vai chegando ao fim, começa a sair muito de frente nas curvas de baixa, porque a pressão dos pneus aumenta demais. O Henry e o Cristiano, assim, me passaram de volta. Até tentei chegar, mas estava difícil. Minha sorte foi que o Zé Augusto teve algum piripaque no seu Fusca Laranja Mecânica, ganhei sua posição (ele abandonou depois) e terminei em terceiro na minha categoria. Trofeuzinho na estante. Na geral, um honroso 15° lugar sem tomar nenhuma volta dos líderes. Ganhou o Cirello de Puma Della Barba, como de hábito, com o Puma Verde Malanga do Paulo Sousa em segundo e o Douglas Espeto Alencar de Passat Preto Fosco Tosco em terceiro.

Meu desafeto Rogério Tranjan, da Rosinha-Gaydarji, foi o sétimo na geral e perdeu o pódio em sua categoria por 0s071 para o Edu Harmel, ambos de Passat. Numa situação dessas, ou o piloto demite o chefe de equipe, que não avisou que era a última volta, ou o chefe de equipe demite o piloto, que tirou o pezinho na reta para coçar o dedão. Como os dois dividem a mesma quitinete em Santa Cecília, não aconteceu nem uma coisa, nem outra.

Minha melhor volta foi a última, 2min14s772, quando estava desesperado tentando passar o Fusca do Cristiano. Acima das minhas expectativas, devo dizer. Meianov voltou aos boxes meio prejudicado, com o paralama amassado, mas nada que um bom martelinho não resolva.

Ah, estou precisando de pneus novos. Vou pedir para a Pirelli. Faz tempo que eles não me mandam pneus, desde que passaram a fornecer para a F-1. Tem de ver isso daí.