Blog do Flavio Gomes
Automobilismo brasileiro

SIM, É ELE

SÃO PAULO (buenas) – Foi no último final de semana de junho, no sul de Minas. Carlos André Sarmento, há anos dono de um Malzoni que, suspeitava-se, era o das Mil Milhas de 1966 pilotado por Emerson Fittipaldi e Jan Balder, convocou duas pessoas para, de uma vez por todas, tirar as dúvidas sobre o […]

SÃO PAULO (buenas) – Foi no último final de semana de junho, no sul de Minas. Carlos André Sarmento, há anos dono de um Malzoni que, suspeitava-se, era o das Mil Milhas de 1966 pilotado por Emerson Fittipaldi e Jan Balder, convocou duas pessoas para, de uma vez por todas, tirar as dúvidas sobre o carro. Um deles, o próprio Jan. O outro, Miguel Crispim Ladeira, guru deste que vos bloga, mecânico-chefe do Departamento de Competições da Vemag.

Ambos já conheciam esse Malzoni havia bastante tempo. Mas faz tempo, também, que a autenticidade do carro vem sendo colocada em dúvida por malas em geral. Em todos nossos encontros de DKW, tanto Crispim quanto Jan Balder sempre fizeram questão de afirmar que era, sim, o de 1966. E sempre aparecia algum estraga-prazeres achando que conhecia mais da história da Vemag que seus protagonistas, insistindo em dizer que se tratava de uma réplica, apennas.

Esse carro ficou famoso porque liderou a mais famosa e importante corrida do Brasil até as derradeiras voltas, quando um problema num pistão tirou a vitória da jovem dupla. Ganhou Camillo Christopharo, com sua inesquecível carreteira amarela #18. Um Malzoni ganhar aquela prova, com mecânica DKW, já com o Departamento de Competições fechado, seria, provavelmente, a maior façanha da história do automobilismo brasileiro.

Foi a derrota mais amarga da vida de Emerson, e foi também a mais célebre edição das Mil Milhas Brasileiras.

Pois bem. Carlos André chamou Jan e Crispim à sua garagem para analisar o carro em todos seus detalhes. Por baixo, por cima, por dentro. O vídeo é emocionante. Com uma trena na mão e o coração nos olhos, Crispim reconhece sua obra. De forma definitiva.

Sim, é ele. É o carro das Mil Milhas de 1966, e mais: é o carro com o qual Chiquinho Lameirão bateu um recorde impressionante em Interlagos, virando na pista antiga em 3min48s6 com o motorzinho dois tempos, 1.000 cc. A história toda está no Autoclassic. Tem uma linda galeria de imagens aqui.

Este Malzoni está em excelentes mãos, felizmente. Jamais será destruído, jamais será esquecido, jamais será abandonado à própria sorte. Parte importantíssima da história do automobilismo nacional. Preservado, ativo, funcionando.

Sim, é ele.