Blog do Flavio Gomes
F-1

FORÇA NA FORCE

SÃO PAULO (boa sorte) – Depois de um mau fim de semana em Monza, Luiz Razia fez hoje um dia de testes com a Force India em Magny-Cours. Ferrari, com Jules Bianchi, e Mercedes, com Sam Bird, também participaram do primeiro dia de treinos para novatos. Essa atividade segue amanhã e depois. E depois do […]

SÃO PAULO (boa sorte) – Depois de um mau fim de semana em Monza, Luiz Razia fez hoje um dia de testes com a Force India em Magny-Cours. Ferrari, com Jules Bianchi, e Mercedes, com Sam Bird, também participaram do primeiro dia de treinos para novatos. Essa atividade segue amanhã e depois. E depois do GP de Abu Dhabi. É a segunda sessão para calouros no ano. Em julho, HRT, Marussia e Williams andaram em Silverstone. É a chance de pilotos jovens andarem de F-1 e de as equipes experimentarem alguns moleques.

Razia sabe que depois desta temporada da GP2, seja campeão ou não, não pode permanecer na categoria. É seu quarto ano na turma, coisa demais. Se tem condições de guiar um F-1? Provavelmente sim. Mas só entra com grana, muita grana.

Ele tem grana, tem corrido com dinheiro do bolso familiar há bastante tempo. Nunca sei de onde vem tanto dinheiro. Em todo caso, é um bom piloto, o baiano, que está há bastante tempo na estrada. Mas desconfio que do atual lote da GP2 não vai sair ninguém muito espetacular. Talvez seja o menos promissor de todos. Basta ver a vitória de Luca Filippi em Monza no sábado, depois de um ano afastado da categoria.

O que pode ser apenas uma falsa impressão, claro. A GP2 é, desde sua criação em 2005, o principal celeiro de pilotos para a F-1. Atualmente, mais da metade dos que já largaram em ao menos um Gp em 2012 vieram dessa espécie de “Série B”, ou “Divisão de Acesso”. São 13 de 25, a saber: Hamilton, Rosberg, Grosjean, Pérez, Kobaysahi, Hülkenberg, Maldonado, Senna, Kovalainen, Petrov, D’Ambrosio, Glock e Pic. De todos os campeões, apenas Giorgio Pantano (2008) não está na F-1 — só para lembrar, os que ficaram com a taça foram Rosberg (2005), Hamilton (2006), Glock (2007), Hülkenberg (2009), Maldonado (2010) e Grosjean (2011). Outros sete egressos da GP2 chegaram ao topo mas já foram embora: Speed, Nelsinho, Buemi, Di Grassi, Chandhok, Yamamoto e Nakajima, e se esqueci alguém, me refresquem a memória. Da molecada que que poderia ter corrido e não correu, Vettel veio da F-BMW, Di Resta não cabia no carro e foi fazer carreira no DTM, e a dupla da Toro Rosso, Vergne e Ricciardo, cumpriu a trajetória imposta pela Red Bull, com passagens por várias F-3 e pelas categorias da Renault.

Ser campeão da GP2, portanto, é um bom cartão de visitas. Vice, também: seis deles chegaram à F-1 (Kovalainen, Piquet, Di Grassi, Senna, Petrov e Pérez). Mas não garante nada. Davide Valsecchi, por exemplo, pode conquistar o título em Cingapura e nem por isso enche os olhos de equipe nenhuma. Seu nome simplesmente não é falado no paddock, embora ele tenha sido “piloto de testes”, bem entre aspas mesmo, da Hispania em 2010 e da Lotus (atual Caterham) no ano passado — fez um treino de sexta-feira na Malásia pelo time verde. Razia também foi “piloto de testes”, igualmente entre aspas: da Virgin (atual Marussia) em 2010 e da mesma Lotus verde no ano passado, tendo andado nos treinos livres de sexta na China e no Brasil.

Ter participado dos testes da Force India hoje foi bom para o baiano. Foram 65 voltas e 0s4 de diferença para Bianchi, que tem feito quase todos os treinos livres pela Force India nesta temporada, mas é vinculado à Ferrari — para quem andou hoje. Ele já tem currículo, pode ficar com o título (é difícil, mas tem chances) e possui alguma experiência com carros de F-1. Fato é que a aposta Felipe Nasr, da Globo e de fortes patrocinadores, não virou neste ano. É apenas o décimo colocado, embora tenha sempre o fator “rookie” como atenuante.

Vejamos o que vai dar essa dupla brasileira (o terceiro da GP2, Victor Guerin, entrou no meio da temporada e está zerado). O futuro não é lá muito promissor.