Blog do Flavio Gomes
Stock Car

NA ESTOQUE

SÃO PAULO (destino) – E Rubens Barrichello vai correr na Stock. Deu na Globo que ele disputa a Corrida do Milhão, a última etapa, dia 9 de dezembro em Interlagos. Mas o Victor Martins andou conversando aqui e ali e apurou que Rubens vai participar das três últimas, fazendo sua estreia em Curitiba no dia […]

SÃO PAULO (destino) – E Rubens Barrichello vai correr na Stock. Deu na Globo que ele disputa a Corrida do Milhão, a última etapa, dia 9 de dezembro em Interlagos. Mas o Victor Martins andou conversando aqui e ali e apurou que Rubens vai participar das três últimas, fazendo sua estreia em Curitiba no dia 21 de outubro (a segunda será em Brasília). O veterano ocupará a vaga aberta com a suspensão de Marcos Gomes por doping na equipe Full Time-Medley.

Barrichello continua conversando com equipes da Indy para o ano que vem, mas a percepção geral é de que nem ele se apaixonou tanto assim pela categoria, nem a categoria ficou encantada com seu primeiro ano por aquelas bandas. A presença de Rubens nos EUA não conferiu nenhum upgrade de status para a Indy, e seus resultados foram decepcionantes — nenhum pódio, nenhuma atuação exuberante, discrição total.

Assim que a informação foi divulgada na emissora oficial da categoria, pingou nas caixas postais de jornalistas especializados o press-release oficial com fotos e tudo mais. O mote é “ação social”. Rubens vai doar o cachê acertado com a equipe ao Instituto Barrichello Kanaan, que ele mantém com o colega Tony Kanaan para ajudar crianças, jovens e adultos carentes. O valor é de R$ 230 mil.

“O foco principal está sendo ajudar o instituto, além de uma realização pessoal que é pilotar um Stock Car”, declarou o piloto no material de imprensa, colocando a filantropia à frente da competição. Como sou chato pacas, fico achando que está tudo muito estudado, esse negócio de colocar a doação do dinheiro como principal motivação para sua participação na corrida, ou nas corridas. “Cachê filantrópico” é a manchete da matéria publicada no site da Globo, denotando o cuidado de todos os lados com a, digamos, natureza do empreendimento.

Talvez isso não precisasse se tornar público. Fica com cara de “ó, gente, só vou correr porque vai ter uma grana para ajudar os pobres, não me cobrem nada”. Acho desnecessário. Rubens tem o direito de correr do que quiser, e não tem a obrigação de ser campeão de nada. O que ele fez na F-1 está feito, é uma bela trajetória, que deve ser respeitada e admirada. Não será apagada por eventuais más campanhas em outros campeonatos. Quem conhece minimamente automobilismo sabe que as diferenças entre categorias são enormes, e o fato de o cara ter sido destaque na F-1 não faz dele necessariamente alguém imbatível com qualquer carro de corrida. Aliás, seu primeiro ano de Indy está aí para comprovar a tese.

Mas é que sou chato, mesmo. E no fim das contas, ande bem ou mal, seja caso pensado ou não essa preocupação toda em dizer que tudo não passa de caridade, é legal que algum dinheiro seja destinado a uma causa nobre. Olhando para o fato jornalístico com algum senso crítico, porém, a mim parece claro que Rubens pensa seriamente em migrar de vez para a Stock, categoria que ele sempre disse admirar, onde tem muitos amigos e na qual existe a chance de correr bastante tempo caso as coisas na Indy não evoluam. O que é uma possibilidade concreta, diga-se. Consta que os patrocinadores que bancaram sua primeira temporada americana ficaram decepcionados com o pequeno retorno do investimento — entre outros motivos, pelo tratamento dado ao campeonato pela Bandeirantes, que transmite as corridas para o Brasil. E, sem dinheiro de patrocinadores, Barrichello não tem como continuar na América de Cima.