Blog do Flavio Gomes
Museus & coleções

NAS ASAS

SÃO PAULO (que tristeza…) – Agora é o da Varig que corre risco. Fica num hangar do aeroporto Salgado Filho e está fechado desde 2006. O acervo pode ir a leilão para pagar dívidas trabalhistas. A reportagem do “Zero Hora” está aqui. Com aquele tom gaudério que os do Sul não percebem que não desperta […]

Foto Diego Vara/RBS (reprodução)

SÃO PAULO (que tristeza…) – Agora é o da Varig que corre risco. Fica num hangar do aeroporto Salgado Filho e está fechado desde 2006. O acervo pode ir a leilão para pagar dívidas trabalhistas. A reportagem do “Zero Hora” está aqui. Com aquele tom gaudério que os do Sul não percebem que não desperta nenhuma inveja dos que vivem acima de Erechim. É apenas caricato — esse negócio de “orgulho dos gaúchos”, “importância para nosso Estado” etc.

Não dá para não lembrar do texto publicado outro dia, acho que no site mesmo do “Zero Hora” (logo depois tirado do ar, porque desta vez foi ridículo demais), em que o coitado do repórter teve de achar um gaúcho que estivesse no cinema em que um doido entrou atirando na estreia do último filme do Batman. Foi em Aurora, no Colorado.

Não havia nenhum, pelo jeito, e ele acabou achando um gaúcho que viu o filme na mesma hora. Mas em outra cidade! Foi das coisas mais engraçadas que vi na vida. Meus amigos jornalistas lá de baixo dizem que essa é a norma do jornal: aconteça o que acontecer no mundo, é preciso encontrar um gaúcho para falar sobre o assunto, ou que tenha sido protagonista de algum jeito. Quando Bin Laden derrubou as torres gêmeas, por exemplo, a pergunta era: quantos gaúchos morreram? Se não tinha nenhum, quantos quase morreram (tipo: estavam em Nova York naquela hora)? Na falta desses, que se descobrisse se os aviões tinham alguma peça fabricada no Rio Grande do Sul, ou se um dia eles sobrevoaram Porto Alegre. Ou se tinha alguém com a camisa do Grêmio passando pela calçada. Qualquer coisa! Parece brincadeira, mas não é.

Isso à parte, o museu, pela descrição, é importantíssimo. Há uma possibilidade de a PUC tomar conta do acervo. Para mim, a Gol, que comprou a Varig (a parte “boa”, algo que jamais vou compreender), é que devia se responsabilizar por isso. Tomara que as autoridades façam alguma coisa. Chega de jogar a memória no lixo.