Blog do Flavio Gomes
F-1

SUZUKETES (3)

LONDRINA (pode, Arnaldo?) – Que coisa… Uma das corridas menos empolgantes do ano acabou sendo aquela cujo resultado foi o mais determinante para o que veremos daqui para a frente. E sabem o que é? Vettel tricampeão. Lamento, ferraristas empedernidos. El Fodón de las Astúrias se fodió. Mas falemos de quem tem o que comemorar […]

LONDRINA (pode, Arnaldo?) – Que coisa… Uma das corridas menos empolgantes do ano acabou sendo aquela cujo resultado foi o mais determinante para o que veremos daqui para a frente.

E sabem o que é? Vettel tricampeão. Lamento, ferraristas empedernidos. El Fodón de las Astúrias se fodió.

Mas falemos de quem tem o que comemorar primeiro. Tragédias para depois. E comecemos do terceiro lugar: o doido Kobayashi com seu pódio espetacular. Que legal isso… Primeiro pódio japonês desde o terceiro de Takuma Sato no GP dos EUA de 2004 pela BAR, e repetindo diante de seu público o que fez Aguri Suzuki em 1990, de Lola.

Desta vez, Koba-mito não teve o azar de Spa, onde largou na primeira fila e quase foi decepado por Grosjean. Terceiro no grid, não se envolveu em nenhuma confusão e, exceto pela pressão forte de Button nas últimas voltas, não teve grandes problemas para levar a primeira tacinha para casa. O torcedor japonês delirou, sushis e sashimis voaram pelas arquibancadas. Alegria autêntica, de um povo que come o pão que o diabo amassou com seus tufões, tsunamis e terremotos. Grande Koba! Merecido. Ele vinha sendo ofuscado por Pérez neste ano, conseguiu a virada. Foi a coisa mais bacana da corrida.

E Massa foi o segundo colocado. Depois de 35 GPs de jejum, desde a Coreia/2010, conseguiu um pódio. Ufa. Uma prova muito boa do brasileiro. Boa mesmo, construída a partir de uma largada excepcional. Era décimo no grid, passou em terceiro na primeira volta. E disse: “Foi uma corrida sensacional, largando em décimo. Não fiz uma boa classificação, larguei muito bem, passei o Hamilton, na primeira curva eu consegui ultrapassar mais dois carros e me livrei dos problemas. Consegui um ritmo bom atrás do Button e do Kamui. Quando Button parou, o ritmo melhorou ainda mais, na hora da troca de pneus passei os dois carros e estou muito feliz. Eu estava precisando, com certeza. É motivo para mostrar que tenho muito que fazer aqui na F-1. É importante para mim, para meu futuro. E motivado para fazer mais ainda pela frente.”

Sabem o que notei em suas palavras? Não mencionou a Ferrari. E disse “aqui na F-1”, e não “aqui na Ferrari” ao se referir ao futuro. O que isso significa? Nada, possivelmente. Mas sei lá, sabem como é. Apenas reparei. Felipe, de fato, estava precisando muito de um resultado assim. Fica, desta maneira, mais perto de renovar por um ano. Acho. Mas fiquei com a pulga na ponta do nariz depois de suas palavras. É no nariz que ficam as pulgas?

Button foi o quarto e, fechando a zona dos pontos, vieram depois dele Hamilton, Raikkonen, Hülkenberg, Maldonado, Webber e Ricciardo.

Alonso see-foo na primeira curva. Foi tocado de leve por Raikkonen e imediatamente começou a tocar Tim Maia no toca-fitas de bandeja sob o painel de seu carro. Pneu furou, acende o farol, acende o farol. Nunca entendi porque Tim Maia dizia para acender o farol quando o pneu furava. Mas foi isso que aconteceu. Na sequência, Grosjean tocou em Webber. Coitado. Largou retinho, não virou o volante um milímetro para não acertar ninguém, mas quando o Canguru Desolado apareceu na sua frente, bateu para não perder o costume. Tomou um stop & go. Triste sina, a desse rapaz. Já falei: tem de largar na segunda volta.

Ainda no comecinho, Senna-sobrinho estampou Rosberguinho. Também foi punido. Mas nada se compara à tragédia alônsica. Zerar nessa altura do campeonato? Com Tião Alemão voando? Resultado: de 29 pontos, a diferença caiu para quatro. Y ahora, Rossê? Ahora vai dar una mierda federal. São cinco corridas, um carro que não Ford nem sai de Simca e um inimigo bem claro e conhecido. Porque a McLaren, apesar de tudo, do carrão pós-férias, deixou de ser ameaça. Hamilton está de saída, Button está fora da briga, a maionese desandou de vez.

Como Alonso vai segurar Vettel, depois dessa? Como fazer para que a Ferrari não fique cabisbaixa, macambúzia e deprimida? Ele mesmo respondeu no Twitter:

5 great races coming! If the enemy thinks in the mountains, attack by sea, if they think in the sea, attack by the mountains. #Leaders

Não entendi porra nenhuma, parece que ele quer subir na montanha para mergulhar no mar, ou tomar um banho de mar e depois subir na montanha, mas o fato é que o asturiano precisa manter o moral do time elevado. O que não será fácil. É o óbvio ululante que neste momento a Red Bull passou a ser a maior favorita ao título, muito pela estagnação ferrarista, muito por ter, aparentemente, encontrado alguma coisinha para melhorar sua performance em pistas de alta.

E o campeonato que começou com sete vencedores diferentes tem nos dois, agora, seus únicos candidatos à taça de fim de ano. Alonso passou a maior parte da temporada vendo meio de longe o revezamento de vice-líderes. Esses, por sua vez, se enroscavam com quebras, erros, abandonos. Enquanto isso, El Fodón somava seus pontinhos.

Agora, porém, o vice-líder está perto demais.

PS fora de hora: ainda não falei disso, mas é uma boa oportunidade. Esses pódios padronizados com bandeiras eletrônicas são uma merda. Obrigado, podem voltar a dormir.