Blog do Flavio Gomes
F-1

CAMELÓDROMO (1)

SÃO PAULO (preguiçosa) – O cenário de Abu Dhabi é tão bonito, tão perfeitinho, tão impressionante, que acaba ficando feio. Não tem ninguém vendendo espetinho na calçada, nem um papelzinho de bala voando quando os carros passam, parece tudo de mentira. E é. Esses emirados dos infernos são todos mentirosos, plastificados, hedonistas, descolados da realidade. […]

SÃO PAULO (preguiçosa) – O cenário de Abu Dhabi é tão bonito, tão perfeitinho, tão impressionante, que acaba ficando feio. Não tem ninguém vendendo espetinho na calçada, nem um papelzinho de bala voando quando os carros passam, parece tudo de mentira.

E é. Esses emirados dos infernos são todos mentirosos, plastificados, hedonistas, descolados da realidade. E a pista de Abu Dhabi, o que nos importa aqui, é das mais chatas do universo conhecido.

Assim, chato será o GP de domingo, como foram os demais realizados lá. Desfile de carro de corrida. O trecho mais emocionante do circuito é a saída de box. Torço muito para alguém se arrebentar um dia debaixo do túnel, para terem de parar a corrida.

A grande novidade (oh!) de hoje foi o capacete novo do Bruno Senna que, parece, será usado até o fim do ano. É estratégia de lançamento de algum produto novo da Gillette, parece. Nem ficou feio. E também é coisa mais normal hoje em dia piloto mudar de capacete. Aquela identidade de antigamente está se perdendo, são poucos os pilotos que passam o ano com a mesma pintura, ou que se mantêm fiéis às origens. Mas que vai ter gente achando que macularam a imagem tradicional criada por Sid Mosca para Ayrton Senna, vai.

Capacete do primeiro-sobrinho à parte, Vettel fechou o dia na frente, como se esperava, com a McLaren ali por perto e a Ferrari bem mais distante do que gostaria. A Lotus está à sua frente, ou pelo menos ficou hoje. Raikkonen e Grojã devem andar bem nessa pista de belas esquinas. A tendência é que Tião largue na pole, e que a diferença para Alonso aumente um pouco mais domingo. Os pneus macios, segundo a Pirelli, são meio segundo mais velozes por volta que os médios. Mas o desgaste é razoável — embora menor que no ano passado, de acordo com os testemunhos dos pilotos.

Será um fim de semana silencioso no que diz respeito ao mercado de pilotos, mas nem por isso menos agitado. Tem muita gente negociando vaga e a grana vai rolar solta. São assentos negociados por valores entre 10 e 20 milhões de dinheiros norte-americanos. Não restam muitos, como se sabe, e candidatos abundam.

Quem pagar mais leva. E dos que devem rodar, creio que Kobayashi será aquele que deixará no ar a sensação de injustiça que, inevitavelmente, acaba acertando alguém em cheio a cada final de temporada.