Blog do Flavio Gomes
Gira mondo

GIRA MONDO, GIRA

SÃO PAULO (vazio, um grande vazio) – Hoje faz um ano da desocupação do Pinheirinho, bairro de São José dos Campos onde viviam seis mil pessoas, para entregar o terreno ao especulador Naji Nahas, este um exemplo para a nação. Uma graça, a ação do governo do Estado na época. O mesmo governo do Estado […]

SÃO PAULO (vazio, um grande vazio) – Hoje faz um ano da desocupação do Pinheirinho, bairro de São José dos Campos onde viviam seis mil pessoas, para entregar o terreno ao especulador Naji Nahas, este um exemplo para a nação. Uma graça, a ação do governo do Estado na época. O mesmo governo do Estado que gastou 76 milhões de reais para transformar o prédio do Detran, no Ibirapuera, num museu. Que está fechado há um ano, desde que a obra foi entregue — na época da eleição, claro.

Na época da invasão e da destruição do bairro, rabisquei umas linhas. Um ano depois, algumas famílias recebem, do Estado de São Paulo, 400 reais de aluguel-social, mais 100 reais da Prefeitura de São José. O Estado, portanto, gasta 687 mil reais por mês com esse aluguel-social. Com os 76 milhões do museu, possivelmente daria para comprar o terreno de Nahas.  Com os 76 milhões do museu, o Estado de São Paulo poderia pagar seu aluguel social a essas 1.719 pessoas durante 110 meses.

O terreno está vazio e cercado. As seis mil pessoas que perderam suas casas e vidas estão espalhadas por aí. O museu está fechado. Na verdade, só o térreo abre e ninguém vai lá. Os oito andares do enorme prédio projetado por Niemeyer seguem vazios. Nele, no prédio, talvez fosse possível colocar as seis mil pessoas. No terreno, certamente.

Mas o museu e o terreno estão vazios.

Maquete do novo MAC: museu lindo e vazio