Blog do Flavio Gomes
F-1

SEPÂNGUICAS (5)

SÃO PAULO (sorrisos amarelos) – Hamilton versus Rosberg. A situação é muito diferente da de Webber versus Vettel. No caso da Mercedes, protecionismo explícito ao inglês. Explícito e desnecessário, inconcebível, inadmissível. Como no caso da dupla rubrotaurina, as circunstâncias da corrida acabaram colocando os dois em terceiro e quarto. Mas, ao contrário da briga por […]

sepanguicas5SÃO PAULO (sorrisos amarelos) – Hamilton versus Rosberg.

A situação é muito diferente da de Webber versus Vettel. No caso da Mercedes, protecionismo explícito ao inglês. Explícito e desnecessário, inconcebível, inadmissível.

Como no caso da dupla rubrotaurina, as circunstâncias da corrida acabaram colocando os dois em terceiro e quarto. Mas, ao contrário da briga por primeiro e segundo, Lewis e Nico não estavam com carros iguais. O de Rosberg era mais rápido na parte final da corrida, e se Hamilton tinha de economizar combustível e seu companheiro não, fazer o quê?

Rosberg deixou para desfrutar de uma melhor condição de seu carro no fim porque, ao longo de 50 voltas, trabalhou para isso. Impedi-lo de colher a recompensa é sacanagem clara. Que, no caso, veio de Ross Brawn, o chefe do time — que tem histórico bastante conhecido; o que fez com Barrichello na Áustria em 2002, com a cumplicidade da cúpula ferrarista, foi uma atrocidade.

Rosberg, no entanto, é diplomático. “Não vou me esquecer disso”, falou, quase em tom de pilhéria, pelo rádio. De novo o maldito rádio. Mas, depois, disse que a Mercedes não lhe devia nada e que a decisão foi “totalmente compreensível“. Hamilton, no fim das contas, foi quem ficou contrariado. “Quem deveria estar aqui [no pódio] era ele, não eu”, disse. Mas quando soube que Nico não tinha ficado chateado, elogiou o fair-play do parceirinho.

Esse caso é menos complexo que o episódio Webber-Vettel e não envolve grandes conflitos éticos. É claro que Hamilton poderia ter tomado uma decisão magnânima: deixar o companheiro passar. Seria uma demonstração de companheirismo. Como Schumacher poderia não ter passado Barrichello em Zeltweg. Da mesma forma, o brasileiro poderia ter rejeitado a ordem, assim como o alemão. Mas nenhum dos quatro (Schumacher, Rubens, Lewis e Nico) contrariou as ordens recebidas. E não o fizeram porque decidiram analisar as consequências. Aí vai de cada um. Nesses casos, pode-se ganhar ou perder pontos internamente. Externamente, ficam todos com cara de bobo.

Brawn é o vilão da história, claro. Poderia ter deixado os dois resolverem a situação na pista sem nenhum risco. São bons pilotos, limpos, competidores. E ele não pediria nunca a Hamilton o que pediu a Rosberg. Ross gosta de deixar bem claro que é o primeiro e quem é o segundo piloto nos terreiros que dirige.

Mas se os dois aceitam sem reclamar, sou eu que vou ficar aqui soltando abelhas africanas pelas ventas?

Não mesmo. O resultado dessas papagaiadas todas, a da Red Bull e a da Mercedes, no entanto, foi o pódio menos sorridente de todos os tempos. Estavam todos putos com seus troféus.

Uma façanha que só a F-1 é capaz de proporcionar.