Blog do Flavio Gomes
F-1

VÊ SE EU TÔ NA ESQUINA (5)

SÃO PAULO (demorou…) – A corrida. A corrida foi legalzinha, típica de Mônaco, onde normalmente acontece alguma coisa graças à impaciência de alguns pilotos no previsível trenzinho pelas ruas estreitas de Monte Carlo. Eu tinha dito (nossa, que cara esperto!) terça-feira que Rosberg ia ganhar. Claro que foi um chute, mas que tinha boa chance […]

monacobag005SÃO PAULO (demorou…) – A corrida.

A corrida foi legalzinha, típica de Mônaco, onde normalmente acontece alguma coisa graças à impaciência de alguns pilotos no previsível trenzinho pelas ruas estreitas de Monte Carlo.

Eu tinha dito (nossa, que cara esperto!) terça-feira que Rosberg ia ganhar. Claro que foi um chute, mas que tinha boa chance de acertar o alvo. Era só confirmar a velocidade nas classificações, largar bem e correr para o abraço, desde que com uma pilotagem segura e precisa.

Rosberguinho fez a pole, largou bem, foi preciso e seguro. Na primeira parte da prova, segurou o ritmo virando uns 2s mais lento por volta do que poderia ser, para poupar os pneus. Como ninguém passa mesmo, foi tranquilo. Ainda mais com Hamilton fazendo o mesmo e atuando, ainda que involuntariamente, como escudo do alemão.

Massa, que largou em último, não conseguiu grande coisa nas primeiras voltas. Teve dificuldade para passar carros bem mais lentos e desde muito cedo mostrou que não brigaria sequer por pontos. Na nona volta, era só 17°, tendo atrás dois carros que tiveram problemas, Maldonado e Van Der Ley.

Nessa primeira parte da prova, Pérez x Button pelo sétimo lugar foi uma prévia do que o mexicano iria aprontar até o final. Primeiro, cortou a chicane e foi dedurado pelo companheiro de equipe. Essa dupla não tem muita chance de dar certo na McLaren. A antipatia de Jenson é clara. Depois, Pérez iria se enroscar com Raikkonen. Mas isso fica para depois. Vamos seguir a ordem cronológica dos fatos.

Lá pela volta 20 começaram os pit stops. A maioria tinha uma estratégia padrão inicial de duas paradas mas, igualmente, todos contavam com a possibilidade de um pit stop apenas, dependendo das circunstâncias da corrida — entradas de safety-car são comuns em Mônaco e elas mudam tudo, como aconteceu hoje.

A Mercedes permanecia na pista sem grandes dramas, adiando sua parada ao máximo, até que Felipe bateu forte, em acidente idêntico ao de sábado. Vettel e a dupla prateada foram para os boxes nesse momento. Para Rosberg, tudo OK. Voltou na liderança. Mas Hamilton teve de reduzir o ritmo para ser atendido na mesma volta e quando retornou à pista tinha perdido duas posições para a dupla rubrotaurina.

Não iria recuperá-las mais. Lewis tentou uma manobra muito bonita na Rascasse sobre Webber, mas não deu certo. Mais para trás, Pérez partia para cima de Button de novo. E conseguiu uma ultrapassagem belíssima na freada depois do Túnel. Logo depois foi para cima de Alonso que, precavido, protegeu bem o lado de dentro para evitar algo parecido. Mas numa dessas acabou cortando a chicane.

Aí, mais um acidente e prova interrompida. Chilton fez uma cagada monstro, jogou Maldonado no balcão da Tabacaria (“um Gauloises, por favor, sem filtro”) e o carro do venezuelano se enroscou na barreira móvel que é montada ali, praticamente bloqueando a pista. Com bandeira vermelha e prova paralisada, todos aproveitaram para trocar pneus no grid, o que é permitido — em um curioso momento que, na prática, significou a segunda janela de pit stops.

Alonso teve de entregar a posição a Pérez na relargada, porque tinha comido a chicane antes da interrupção, e ainda seria ultrapassado na Loews por Sutil, que fez uma corridaça — passou Button no mesmo lugar, um espetáculo. El Fodón teve um domingo de El Ultrapasadón, porque ainda tomou de Button na Rascasse.

Pérez seguia batalhando com alguma eloquência e sua vítima seguinte seria Raikkonen, que esbravejava pelo rádio contra o espevitado adversário.  Novo safety-car para limpar a sujeira feita por Grosjean numa batida tonta em Ricciardo, nova relargada e o previsível toque do mexicano no finlandês. Nessa, o piloto da McLaren exagerou, mergulhando por dentro quando Kimi já fazia a tomada para a curva à esquerda. Creio que o tagarela da Lotus tenha ficado bem puto. Furou seu pneu, teve de fazer mais uma parada e nas últimas sete voltas passou seis carros, incrivelmente, para terminar em décimo e ainda salvar (aí sim, “salvar”) um pontinho e a estatística: 23 corridas seguidas nos pontos; mais uma e iguala o recorde de Schumacher.

Pérez, nesse toque, perdeu parte da asa e quebrou o duto de resfriamento do freio. E a quatro voltas do final, com o carro inguiável, sem poder brecar direito, abandonou. O esforço todo deu em nada. Precisa dosar o entusiasmo, esse rapaz. Não se pode confundir arrojo com burrice. Hoje ele foi as duas coisas, arrojado e burro, em doses iguais.

Rosberguinho venceu, u-hu!, segunda vez na carreira, com Vettel e Webber completando o pódio num dia ótimo para a Red Bull, já que Kimi fez um mísero ponto e Alonso terminou em sétimo, atrás ainda de Hamilton, Sutil e Button. Verme, Resta Um e o já muitas vezes mencionado Raikkonen fecharam a zona de pontuação.

Vettel 107 pontos, Raikkonen 86, Alonso 78 e Hamilton 62 são os quatro primeiros no Mundial. A Mercedes aproveitou bem a chance mais clara que tinha de ganhar uma corrida no ano. Mas pode repetir o feito em Montreal, porque lá as coisas também tendem a funcionar para seus carros, dependendo um pouco do clima, também.

E isso é tudo, vamos ver as 500.