Blog do Flavio Gomes
F-1

LUTO SEMPRE

SÃO PAULO – Não há mortes classe A ou classe B. Foi o que disse aos seus alunos de medicina legal o chefe da equipe que fez  as autópsias de Senna e Ratezenberger em 1994 em Bolonha. Isso logo depois de terminar o trabalho, com o jaleco ainda sujo de sangue. Ele não se conformava […]

SÃO PAULO – Não há mortes classe A ou classe B. Foi o que disse aos seus alunos de medicina legal o chefe da equipe que fez  as autópsias de Senna e Ratezenberger em 1994 em Bolonha. Isso logo depois de terminar o trabalho, com o jaleco ainda sujo de sangue. Ele não se conformava com a diferença de tratamento da mídia e do mundo em geral para a tragédia de um e de outro.

Pois isso se aplica ao que aconteceu em Montreal ontem. A morte de um rapaz de 38 anos atropelado bestamente por um trator tem o mesmo peso que teria a de qualquer piloto, de qualquer pessoa.

Uma infelicidade atroz, algo inexplicável, para não se conformar, mesmo. O que se sabe até agora é que ele agachou para pegar um rádio transmissor e o outro rapaz que dirigia o trator, que removia o carro de Gutierrez, não viu.

Foi a primeira morte num circuito em evento de F-1 desde 2001. Os procedimentos de segurança são constantemente estudados e revistos pela FIA desde 1994, quando os acidentes se sucederam de maneira assustadora. Tem funcionado no que diz respeito aos pilotos. Talvez nem tanto naquilo que se refere aos que trabalham numa corrida fora do carro.

Mas é preciso reconhecer que os eventos que mataram fiscais não são exatamente previsíveis e podem ser incuídos na conta da famosa frase que lemos nas credenciais e ingressos para competições de esporte a motor: “Motorsport is dangerous”.

Isso, no entanto, não aplaca a dor e o luto.