LUTO SEMPRE

SÃO PAULO – Não há mortes classe A ou classe B. Foi o que disse aos seus alunos de medicina legal o chefe da equipe que fez  as autópsias de Senna e Ratezenberger em 1994 em Bolonha. Isso logo depois de terminar o trabalho, com o jaleco ainda sujo de sangue. Ele não se conformava com a diferença de tratamento da mídia e do mundo em geral para a tragédia de um e de outro.

Pois isso se aplica ao que aconteceu em Montreal ontem. A morte de um rapaz de 38 anos atropelado bestamente por um trator tem o mesmo peso que teria a de qualquer piloto, de qualquer pessoa.

Uma infelicidade atroz, algo inexplicável, para não se conformar, mesmo. O que se sabe até agora é que ele agachou para pegar um rádio transmissor e o outro rapaz que dirigia o trator, que removia o carro de Gutierrez, não viu.

Foi a primeira morte num circuito em evento de F-1 desde 2001. Os procedimentos de segurança são constantemente estudados e revistos pela FIA desde 1994, quando os acidentes se sucederam de maneira assustadora. Tem funcionado no que diz respeito aos pilotos. Talvez nem tanto naquilo que se refere aos que trabalham numa corrida fora do carro.

Mas é preciso reconhecer que os eventos que mataram fiscais não são exatamente previsíveis e podem ser incuídos na conta da famosa frase que lemos nas credenciais e ingressos para competições de esporte a motor: “Motorsport is dangerous”.

Isso, no entanto, não aplaca a dor e o luto.

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Luiz Ronaldo
Luiz Ronaldo
10 anos atrás

Isso sim, foi um acidente. Uma infelicidade. Poderia ser evitado? Sim, com uma bola de cristal. Não foi falta de treinamento, de equipamento, ou de aviso. Puro e simples acidente que, como todos, ocorreu por uma sucessão de fatos isolados que, em conjunto, formam uma tragédia. Tire um desses acontecimentos, e o rapaz estaria em casa com sua família, o carro a caminho da Europa sem nenhum problema, e o condutor do trator não teria um peso na consciência pelo resto da vida.

Pelo menos, a julgar pelo facebook do rapaz, ele era um apaixonado incondicional pela F1, então morreu num dos ambientes que mais gostava. Acho que essa deva ser uma das melhores formas de partir.

Luis Vieira
Luis Vieira
10 anos atrás

Só digo uma coisa… Ah! Se fosse no Brasil…

Queria ver a mídia, falando em fatalidade, etc… O pau ia cantar bonito

Ricardo Bigliazzi
Ricardo Bigliazzi
Reply to  Luis Vieira
10 anos atrás

Tem razão… se fosse por aqui o “bicho ia pegar”.

Segue o jogo.

Imperador

Rafael Chinini
Rafael Chinini
10 anos atrás

o pior de tudo é uma morte meio “besta”.
o cara ali na hora devia estar um pouco nervoso, afoito em fazer o trabalho e vaciolou por segundos. uma pena.

Alexandre Carvalho
10 anos atrás

Tudo isso é triste demais. E pelo que li em um site canadense, o cara era um verdadeiro apaixonado pela Fórmula 1, do tipo que fala disso o tempo todo com os amigos, como se fosse uma religião. Trabalhava no GP do Canadá todos os anos, não perdia uma corrida na TV e sempre gravava quando não poderia conferir a transmissão ao vivo. Em dias normais, trabalhava na empresa de logística UPS. Como já informado pelo Flavio, tinha 38 anos. E faria 39 exatamente hoje, dia 12 de junho.

Nesta reportagem é possível ler estas informações e os relatos de dois de seus amigos: http://grandprix247.com/2013/06/11/mark-robinson-was-the-formula-1-fan-with-a-huge-passion-for-the-sport

Alessandro
Alessandro
10 anos atrás

E o JN nem tocou no assunto. Baita jornal, a informação no seu grau mais elevado.

Roberto Martinez
Roberto Martinez
Reply to  Alessandro
10 anos atrás

O Fantastico noticiou ontem…hoje nao e mais noticia de telejornal…

Roberto Martinez
Roberto Martinez
Reply to  Roberto Martinez
10 anos atrás

ontem nao, domingo…

Rafael Bilibio
10 anos atrás

Gomes,
ALONSO está vivo por SORTE.

Lembram da Bélgica ano passado? Grosjean quase decepou o espanhol na primeira curva. Você mencionou que tem funcionado nas pistas. Mas tem funcionado por sorte, pois ainda tem falhas como esta. Infelizmente a cabeça o piloto ainda muito desprotegida.

Sobre a morte deste fiscal, creio que 50% seja fatalidade, 50% seja falhas. Mas sim, poderia ter sido evitada.

Roberto Martinez
Roberto Martinez
10 anos atrás

Faço parte da equipe de resgate do GP Brasil há muitos anos e posso dizer que as coisas evoluiram, e muito, nesses últimos 6 ou 7 anos…Há treinamentos teóricos, práticos, provas, simulações, suporte logístico, etc. Uma das coisas que sempre é exaustivamente dita, ensaiada, repetida, é quanto ao posicionamento e muita atenção em relação ao trator quando este esta em movimento…Jamais ficar na trajetória do mesmo ou entre o carro içado e o trator… Há avaliações da FIA em cada GP e sempre temos uma boa avaliação.
Lamento muito a perda de um companheiro .

Tiago Oliveira
Tiago Oliveira
10 anos atrás

Estava assistindo pela TV britanica e o Martin Brundle assim que houve o bizarro acidente e a bandeira amarela alertava pela pressa em retirar um carro num local sem risco faltando duas voltas, as palavras dele foram exatamente “Nao gosto nada de ver esses tratores andando pela pista”. Fatalidade sem duvida, uma desatencao da propria vitima foi a causa final, que seria solucionada com um hands-free ou algo assim. Pena que um voluntario, sem duvida um aficcionado pelo esporte a motor seja perdido assim.

Alex
Alex
10 anos atrás

Ricardo Zonta nos tempos da BAR Honda F1 quase teve a cabeça acertada pelo guindaste do trator ao sair cockpit.
http://www.youtube.com/watch?v=JAMQCfOzltE

Joca
Joca
10 anos atrás

Sempre um ato leva a outro, fatalidades existem, mas o risco pode ser minimizado.
O Schumacher no GP do Brasil, não me recordo o ano, quase foi vitima de um trator que estava na área de escape.
Não entendo porque um monospoto de F1 tem que ser levado as alturas para ser transportado, não seria mais simples e seguro ser colocado em uma plataforma?
Tem coisas que não aceito em corridas, seja de qual nivel ou de qualquer entidade que a controle.
Qual a diferença de um piloto de kart que bate a cabeça em um poste ou a de um fiscal que é atropelado por um trator, nenhuma o trator e o poste não deveriam estar onde estavam.
É simples a FIA e a CBA erram a consequencia pessoas morrem.

Roberto Martinez
Roberto Martinez
Reply to  Joca
10 anos atrás

Caro Joca,
Há sim motivos técnicos e logísticos para uso do trator, a dinâmica de uma corrida de F1, o tempo exigido para o resgate, posições pela pista, o acesso a ela, enfim, uma infinidade de fatores . E o carro é colocado num caminhão prancha. Não é possivel colocar um F1 por plataforma. As plataformas são usadas em corridas de turismo.
Abçs

Joca
Joca
Reply to  Roberto Martinez
10 anos atrás

Ok.
Quando falo em plataforma ,é içalo com Muck até a plataforma, mas também tem outro lado a plataforma que é uma navalha.

George McCrae
George McCrae
10 anos atrás

Essa última fatalidade que ocorreu em 2001, como disse o Flávio, foi o GP da Austrália naquela disputa entre Jacques Villeneuve e Ralf Schumacher, onde o carro de JV voa em direção a um alambrado e acerta o fiscal que estava próximo.

guilherme
guilherme
10 anos atrás

Lamentável a morte, como todas são. Chama a atenção a tv britânica não ter mencionado o acidente com o fiscal até o final da transmissão uma hora depois do pódio. Não imagino que eles segurariam essa notícia, pelo jeito foi algo um tanto abafado na hora pela organização. Se foi, é muito grave, especialmente se para manter o clima de festa.

(Curiosamente, quando o trator entrou na pista, o Martin Brundle reclamou bastante, disse que só faltavam quatro voltas e que seria mais seguro deixar o carro lá do que um trator enorme e fiscais ficarem ao lado do asfalto. O risco que ele pressentiu era de um carro escapar na curva, mas a insistência na queixa agora parece premonitória.)

De qualquer forma, a despeito da morte ter acontecido numa corrida, nesse caso acho que é mais aplicável “Tractors are dangerous”. Atropelamentos com veículos pesados em portos, armazéns, fazendas e pátios são relativamente comuns, o clássico descuido de quem está dando ré e de quem está atrás. Medidas precisam ser estudadas para evitar acidentes assim em autódromos, mas não dá pra creditar essa especificamente no automobilismo ainda que o trator carregasse um carro de corrida. Podia ser um container ou um fardo de feno, o resultado seria outra morte trágica.

Paulo Pinto
10 anos atrás

Acidente evitável que se transformou em “fatalidade”. Alguém bobeou (ou mais de um alguém).
Lamento (como sempre) a jovem vida perdida.

Wolfpack
Wolfpack
10 anos atrás

Lamentável, sinto muito pelo fiscal, estes caras fazem este trabalho porque gostam muito do esporte. Uma pena mesmo, lembro de uma fatalidade também no Canadá porém com um Fórmula Indy, onde um fiscal empurrava um carro da Indynquando foi atropelado pelo rodado traseiro de um carro, teve morte horrível com parte de sua cabeça baendp forte no asfalto. Lamentável. Uma pena que a F1 não dê tanto valor a estes caras, pois deeriam ter equipamentos de segurança adequados como capacetes. A culpa foi do operador da máquina.

Eduardo
Eduardo
10 anos atrás

Este mesmo “trator” quase atropela Damon Hill na área dos boxes quando este comentava, junto com dois outros comentaristas, a corrida. Pude ver isso graças à globo que não quis exibir toda a corrida, então eu assisti no computador, também ao vivo, e assim foi possível ver toda a reportagem pós corrida. Quando vi achei imprudente transportar a Sauber dependurada através da linha do pit abarrotada de pessoas.

guilherme
guilherme
Reply to  Eduardo
10 anos atrás

Também achei imprudente. Mas eu te digo uma coisa: a equipe da Sky Sports F1 quase é atropelada nos pits praticamente em todas as corridas. Talvez eles é que devam ser mais cuidadosos.

Dú
10 anos atrás

Canadá zicado. Aquela quase de 2011 http://www.youtube.com/watch?v=RTsA1VvUcg0

Ricardo Zeólito
Ricardo Zeólito
10 anos atrás

Realmente, uma fatalidade sem tamanho. Um acidente assim é difícil de aceitar. Poderia acontecer em qualquer lugar e por conta disso vou mandar para os meus colegas de trabalho o link do GP com aquela vídeo/simulação em 3D. Toda a semana participamos de diálogos de segurança (o companheiro Rogério Gonçalves sabe como funciona…) e a discussão sobre acidentes em circunstâncias “banais” também deve ser feita. Abs!

Rafael Fuentes
Rafael Fuentes
10 anos atrás

Muito triste memso! Na minha opinião foi uma fatalidade. Poderia ter acontecido na organização de qualquer evento… infelizmente o risco da vida é acabar morrendo.

Thiago Christao
Thiago Christao
10 anos atrás

Flavio
Trabalho na mineraçao aqui na Australia e opero um “trator” muito parecido com o que vi na foto no blog do Seixas. É uma maquina “cega”, nao da pra ver direito o que esta a sua frente quando se tem algo no guincho, mas existem procedimentos para evitar que ocorra justamente o que aconteceu! Nao se faz nada ao redor da maquina sem que a comunicaçao pelo radio ou visual com o operador receba resposta positiva do mesmo. O procedimento padrao reza tambem que tendo algo carregado bloqueando a visao frontal que se locomova em marcha ré. Segurança do trabalho é algo que não só empresas deveriam se preocupar, e me surpreende que no Canadá algo desse tipo nao seja levado a sério , principalmente num ambiente tão hostil como um autodromo com corrida rolando. Todas as possibilidades de erro devem ser consideradas quando cargas e maquinario pesado estao envolvidos.
É triste e lamentavel mas poderia facilmente ter sido evitado .

Roberto Martinez
Roberto Martinez
Reply to  Thiago Christao
10 anos atrás

Caro Thiago,
Aqui no Brasil esses procedimentos de seguranca sao seguidos e treinados, so um membro da equipe, o lider, sinaliza ao operador do trator, este, geralmente sao engenheiros /tecnicos de aplicacao do produto da empresa fornecedora(patrcinadora), experientes profissionais, alem dos cuidados ja citados quanto a posicionamento dos outros intervention marshals(Oficiais de Intervencao), que e o nome correto e nao o super conhecido Fiscal de Pista …

profandrebraga
10 anos atrás

Lamentável a morte do fiscal de pista. Isso foi um acidente de trabalho, não uma fatalidade.

Tenho uma dúvida: esses fiscais de pista são voluntários?

guilherme
guilherme
Reply to  profandrebraga
10 anos atrás

Geralmente, sim.

Toninho F1
Toninho F1
Reply to  profandrebraga
10 anos atrás

Sim, estes ficais de pista em todos os GPs de F1 são voluntarios e não recebem nada pelo trabalho. Sempre foi assim. Aqui no GP Brasil todos que trabalham como comissarios de pista, resgate e agente de box são voluntarios. Aqui ainda tem o agravante que desde 2009 todos que trabalham no GP não podem trabalhar em outras provas durante o ano. Assim sendo, todos os que trabalham na Stock Car, Truck, GT Brasil, Marcas, F3, entre outras categorias nacionais, não podem trabalhar na Formula 1 por pura politicagem dos organizadores e CBA. Ai acabam colocando pessoas com pouca ou nenhuma experiencia para trabalhar no nosso GP. Quanto aos tratores, aqui eles são colocados como forma de patrocinio velado e sempre são colocados de ultima hora e o treinamentos dos seu condutores sempre deixa muito a desejar pelo pouco tempo que são treinados. Não sei se acontece a mesma coisa em outros paises!

marcos
marcos
Reply to  Toninho F1
10 anos atrás

Nesse caso, acho q n era voluntário. “The FIA is sad to announce the death of a Formula 1 Grand Prix du Canada circuit worker, at 6:02 pm” extraído do site da f1. Normalmente deixam claro (como em outros casos) quando se trata de voluntário, mas no caso “worker” acredito que seja alguem q prestava serviços regulares para o autódromo. Enfim, achismo… apenas tranquiliza que a família deve estar amparada por ter acontecido em serviço, que é o mais importante.

Roberto Martinez
Roberto Martinez
Reply to  Toninho F1
10 anos atrás

Toninho F1, procure saber a pontuacao da FIA ao GP Brasil e como estao sendo preparados os GPs…As pessoas que trabalham na F1, sao experientes sim…

Rodrigo Moraes
Rodrigo Moraes
10 anos atrás

Triste mesmo.
Não foi o caso, mas eu nunca entendi a razão de se remover um carro de área de escape com a corrida rolando. Vejo mais risco na remoção em si do que no acidente. É muito pior um carro de F-1 pegar um trator daqueles ou os fiscais, no meio de uma remoção, do que bater em outro F-1 parado. Lembro daquela corrida em Interlagos quando metade do grid bateu na Curva do Sol, era trator, F-1 e fiscal pra todo lado, uma zona…
Os canadenses são tradicionalmente meio atabalhoados pra trabalhar com automobilismo. Um comentarista aqui reparou na moça com dreadlock gigante e touquinha de pelúcia que “socorreu” o Massa no sábado. O atropelamento e morte na Indy em 90, o cara que caiu no meio da pista recentemente, e agora essa morte besta… Acho que o automóvel clube deles deve repensar o treinamento todo.

Tales Nogueira
Tales Nogueira
10 anos atrás

Fatalidade desgraçada. Imaginem o quanto é mais provável um fiscal ser atropelado próximo à pista por um F1 a 200 km/h do que por um trator a 5 km/h…