Blog do Flavio Gomes
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OS 444 DA TURQUIA

SÃO PAULO (incrível) – Quando a gente acha que não tem mais nada para saber sobre um carro, eis que o grupo de discussão sobre Trabants de que participo revela que um lote de 444 carros foi colocado à venda em 1994, três anos depois do encerramento da produção em Zwickau. Todos zero quilômetro. Tornaram-se […]

trabi444SÃO PAULO (incrível) – Quando a gente acha que não tem mais nada para saber sobre um carro, eis que o grupo de discussão sobre Trabants de que participo revela que um lote de 444 carros foi colocado à venda em 1994, três anos depois do encerramento da produção em Zwickau. Todos zero quilômetro. Tornaram-se a “Série 444”.

História espetacular. Eles tinham sido exportados para a Turquia, possivelmente um dos últimos lotes dos Trabis já equipados com motores VW quatro tempos 1.1. O importador, no entanto, faliu. E os carrinhos ficaram quase três anos parados no porto de Mersin, no Mediterrâneo, sem nenhuma proteção especial. Estragando no tempo.

Em 1994, a Sachsenring, fabricante dos Trabants, recebeu os carros de volta e os colocou à venda por 19.444 marcos alemães, pouco mais de 10 mil dólares na época. As informações disponíveis dão conta de que eram todos do modelo Universal, a peruinha. Deram um trato nas bichinhas e botaram no mercado. Encalharam. Em 1996, 351 carros foram repassados a uma cadeia de supermercados, a allkauf, que queimou o estoque a preço de banana: 9.999 marcos cada.

O logotipo “444” identifica esses carros, que são raríssimos. Vi um em Zwickau. Mas não fotografei. Porque sou uma besta. Eu não entendia tanto interesse pela peruinha branca com o logotipo meio dourado, de latão. Achei que era algum acessório, alguma cafonice. Mas um monte de gente tirava fotos e conversava com o casal que tinha levado a Universal ao encontro. Era uma 444. Não cheguei perto para ver o que havia naquele logotipo de latão dourado. Putz. Deve ser essa das fotos. Lembro dos bancos vermelhos.

Esses carros são problemáticos. Os três anos no porto foram cruéis com as partes metálicas. O tapa que a Sachsenring deu nos sobreviventes cobrou seu preço nos anos seguintes e a ferrugem apareceu. “São os piores Trabis jamais fabricados”, me escreveu um amigo. Mas tem uma à venda aqui, toda tunada.

Falando em Trabis, é óbvio que estamos dominando o mundo. O site da “Autoesporte” publicou esta simpática reportagem hoje, assinada pela Priscila Dal Poggetto direto de Budapeste. Como ela foi justa com o carrinho e não sacaneou no texto, como faz a maioria, convidei-a para dar uma volta de Gerd por aí. Vamos ver se ela aceita…