Blog do Flavio Gomes
F-1

MOGYORÓD (2)

SÃO PAULO (neva esta noite?) – O rádio que a FOM colocou no ar foi editado. Ouvimos apenas a parte simpática, Hamilton dizendo “eu sou pole? U-hu!”, o que, acho, estava pré-gravado e nem era dessa corrida. Ou, então, eles têm um cara que imita vozes, não é tão difícil. Porque recebi a comunicação original, […]

mogyorod2SÃO PAULO (neva esta noite?) – O rádio que a FOM colocou no ar foi editado. Ouvimos apenas a parte simpática, Hamilton dizendo “eu sou pole? U-hu!”, o que, acho, estava pré-gravado e nem era dessa corrida. Ou, então, eles têm um cara que imita vozes, não é tão difícil.

Porque recebi a comunicação original, verdadeira, e Lewis, assim que fez a pole, começou a gritar “chupa FIA, chupa Pirelli, chupa Bernie!”, ao que Ross Brawn, com sua conhecida fleuma, respondeu: “Bom trabalho, Lewis, ótima volta, poupe esses pneus na volta aos boxes, poderemos ter de usá-los na corrida, e use ‘chupa mundo’, de forma genérica, para evitarmos problemas legais”.

30 poles na carreira, deixando para trás Fangio, quarta no ano, terceira seguida. Chegou a hora de ganhar uma corridinha, não? E pode ser amanhã. Largar na pole na Hungria é muito importante. Vocês vão ouvir isso amanhã na transmissão da TV. Fechada, diga-se. Na Globo teremos papa. A prova será transmitida ao vivo pelo SporTV, apenas.

Para ilustrar o peso de uma pole em Hungaroring, números que levantei depois de exaustiva pesquisa:

GP da Hungria, 27 edições desde 1986
– Vencedores a partir da pole: 12 (44,4%)
– Vencedores a partir do 2° lugar no grid: 5 (18,5%)
– Vencedores a partir da primeira fila: 17 (62,9%, somei para vocês, vagabundos)
– Vencedores a partir da segunda fila: 8 (6 que largaram em 3°, 2 que largaram em 4°; 29,6% no total)
– Vencedores a partir da primeira ou da segunda fila: 25 (92,6%)
– Vencedores que largaram acima de 4° no grid: 2 (os milagres foram de Mansell em 1989, 12° no grid, e Button em 2006, 14°)

Ou seja, como diria Luciano Burti: só tem chances reais de vencer quem está na primeira ou na segunda fila. Além disso, apenas na presença do papa Francisco, que está no Rio de Janeiro e não poderá ajudar ninguém. Assim, obviamente, como diria Luciano Burti, Hamilton, Vettel, Grosjean e Rosberg, os quatro primeiros no grid, são os únicos que podem ganhar amanhã na Hungria. Os demais nem precisariam correr.

Com um sol de esquentar goulash no asfalto, 33 graus e quase 50 na pista, todos os pilotos foram para o Q1 com pneus macios, porque os médios são muito mais lentos no circuito magiar. Mais de um segundo por volta. E a Mercedes colocou o pescocinho para fora do engradado com Rosberguinho e Luís fazendo 1-2. Os tempos: 1min20s350 para o alemão, 0s013 na frente do inglês. A surpresa foi Maldanado em sexto. Isso entre a turma que passou. A degola tirou os assíduos da Marussia e Caterham, mais Guti-Guti e, pasmem, senhoras, senhores, senhoritas e gentios, Resta Um. Explica-se. Os carros da Force India, tradicionalmente, desde os tempos de Shiva, não andam bem em circuitos lentos, travados, sinuosos, traiçoeiros e desmiolados. Só em pistas rápidas e assustadoras.

No Q2, Vettel foi o primeiro a entrar na casa de 1min19s, mas os mercêdicos deram o troco em seguida e fizeram 1-2 de novo: 1min19s778 para Nico, com Hamilton 0s084 atrás. Do primeiro ao 13°, menos de 1s de diferença. Pista curta é assim mesmo. Os tempos ficam muito próximos e qualquer pentelhésimo é importante. Dançaram Fútil, o Incrível Hulk, Bonitton, Verme, Maldanado e Sapattos. Tudo normalíssimo. Foram ao Q3 as duplas da Mercedes, Lotus, Ferrari e Red Bull, e os avulsos Pérez, da McLaren, e Ricardão, da Toro Rosso, cada vez mais perto de assumir a vaga de Webber no ano que vem — eu acho maluquice a Red Bull contratar o Raikkonen, não faria isso se fosse o dono, mas como admirador das coisas do automobilismo, gostaria de ver, sim; só que isso enfraqueceria demais a Lotus, o que não é legal para a F-1, então ele que fique onde está.

No Q3, as primeiras voltas da Mercedes foram ruins, acima de 1min20s, e quando Tião Alemão fez 1min19s506, um “oh” se ouviu aqui e ali. Alguém seria capaz de bater esse temporal? Webber, seu companheiro, que não. O pobre Canguru Desolado estava sem o KERS, ao que parece, além de platinados usados, bobinas velhas, giclê errado e toca-fitas TKR de gaveta, em vez do moderníssimo MP3 de Vettel. E nem saiu para fazer tempo, quando percebeu que sua Memorex enroscou no equipamento de som, e não havia caneta Bic disponível para rebobinar o dispositivo de mídia. “Sem música, nem fodendo”, explicou.

As segundas voltas rápidas dos candidatos à pole foram bem melhores. Raikkonen, falando pelos cotovelos, entrou em 1min19s851, mas Rosberg e Grojã bateram seu tempo na sequência. Então veio Lewis com 1min19s388 para acabar com a brincadeira. Vettel ainda melhorou, mas ficou a 0s038 do rapaz do carro prateado. Pela ordem, os dez primeiros: Luís, Tião, Grojã, Rosberguinho, El Fodón, Tagarela, Massacrado, Ricardão, Chapolim e Canguru.

Uma grande pole, sem dúvida. E abaixo dos dois meninos da primeira fila, sejamos honestos, os demais foram coadjuvantes. A Ferrari não se acerta em classificação e começa toda corrida em desvantagem. Alonso deve sair de Buda e de Peste ainda mais atrás de Vettel na classificação. A Lotus andou bem o fim de semana todo e é candidata a um pódio, mas tem de dar tudo certo na corrida, que é longa e desgastante. Rosberguinho foi ofuscado pelo parceiro. E o resto foi o resto.

Hamilton tem um belo retrospecto em Hungaroring, com três vitórias em seis participações. Foi sua quarta pole no circuito. Fará duas ou três paradas? Essa é a grande questão.

Mas eu acho que leva.