Vettel ganhou. Numerinhos: quinta seguida, nona no ano, 35ª na carreira. Palmas para ele, que ele merece. Abriu 90 pontos de Alonso, 297 a 207, e para ser campeão na Índia não precisa de muita coisa. Se chegar na frente do espanhol, babau. Se Alonso vencer ou chegar em segundo, façam as contas. Que são desnecessárias, a essa altura do campeonato. O tetra cantado há séculos é só uma questão de tempo.
Não viu a corrida?
Foi assim.
Grojã pulou de quarto para primeiro na primeira curva. Para variar, Webber não largou bem. Vettel, mais ou menos. Fechou a primeira volta em terceiro, seguido por Rosberguinho, Massa e Alonso. Hamilton rasgou um pneu na asa de Sebastian, o carro ficou todo detonado e ele acabou abandonando na nona volta. Massa e Alonso era algo interessante. O brasileiro iria abrir para o futuro ex-companheiro? Não abriu. Teve um rádio estranho da Ferrari, “strategy A, now, please”, foi o que ouvi. O “now” demorou. Só na 20ª volta Fernandinho deixou Felipe para trás. Depois da prova, Massa disse que não obedeceu a ordem dada várias voltas antes.
Agora é tarde para insubordinações, eu diria.
Mas, cá entre nós, ali não valia muita coisa. Voltemos aos “players”, então.
Webber foi o primeiro dos três a parar, na volta 12. Grosjean, na 13. Vettel, na 15. Noves fora, tudo igual depois da primeira janela, exceção feita a Hülkenberg, que ganhou as posições dos dois ferraristas e apareceu em sexto.
O melhor momento da corrida, no segundo escalão, aconteceu aí. Da 20ª à 24ª volta, depois que Alonso passou Massa, um trenzinho puxado pelos dois vermelhos trouxe para a festa Guti-Guti, Raikkonen, Pérez e Rosberguinho, que pagara um drive-through porque a Mercedes o liberou de um pit stop de forma, hum, um tanto precipitada. Quase bateu no mexicano maclariano nos boxes, possibilidade de uma merda federal. Um pouco mais à frente de todos, o incrível Hulk. Passa daqui, passa dali, as coisas se acomodaram.
Voltemos aos “players” (estou odiando essas aspas; serão eliminadas na próxima utilização do termo coxinha). Na volta 26, o marsupial rubrotaurino para de novo. Sai dos boxes em terceiro, a 15s de Grojã. Opa. Aí tem. Parou muito cedo. Não aguenta até o fim, óbvio. Vai para três paradas. Pode dar certo. O final vai ser alucinante, pensei cá com os botões do meu pijama.
Grojã começa a perder rendimento. Vettel vai chegando. Box para a Lotus, na 30ª volta. Webber passa, claro. Fica em segundo. Mas terá de parar de novo. Aí neguinho começa a fazer contas. Quando o Vettel parar, Grojã volta a ficar na frente dele, certo? Certo. Então, para logo, rapaz.
E foi aí que Tiãozinho deu o pulo do gato. Foi esticando o stint, esticando, esticando, até a volta 38. Voltaria atrás, sim. Dos dois, Webber e Grosjean. Mas o primeiro teria de parar de novo. E o segundo teria pneus oito voltas mais velhos. Não demorou muito para a estratégia se pagar. Na volta 41, Sebastian foi para cima de Romain e passou sem grande dificuldade. Webber estava 15s à frente. Com aqueles pneus trocados na volta 26, não terminaria a corrida nem por decreto papal. Parou na 43, calçou médios e teríamos, pois, dez voltas beleza pura, com o australiano voando para alcançar os dois. Vettel liderava, 3s3 à frente de Grosjean, que tinha 4s7 para Markão.
Mas não deu para ele. Porque quando nosso querido canguru finalmente chegou no francês da Lotus, na volta 47, tentou e não passou. Na seguinte, de novo. Na outra, necas. Mais uma, e picas. Com isso, Vettel abria mais de 7s para a dupla que andava coladinha. Webber só foi passar Grosjean na 52ª, e aí Inês era morta.
E assim nossos players foram para o pódio nessa ordem: Vettel, Webber (a 7s129) e Grosjean. Os coadjuvantes da brincadeira se divertiram, até. Nas últimas voltas, Alonso e Raikkonen passaram Hülkenberg, que chegou em sexto — mais um grande resultado, que só melhora sua posição na briga por uma vaga na Lotus. Gutiérrez segurou bem Rosberg e foi o sétimo, marcando seus primeiros pontos na F-1. Depois do alemão da Mercedes veio Button, que na última volta passou Massa, que tinha despencado depois de um drive-through por excesso de velocidade nos boxes.
E foi assim. Quem aguentou a madrugada viu um bom GP em Suzuka. O público no autódromo, enorme, também gostou. Eu gostei mais ou menos, queria ver o pobre Webber ganhando uma.
Não houve hostilidades entre os mecânicos de Tião e os do Canguru, porém. Foram vistos comemorando a dobradinha depois da corrida, brindando com cerveja quente e energéticos gelados. Parece que só tinha uma geladeira, e essa ficou para a turma do tetracampeão. Que não bebem, não fumam e não fazem sexo. Todos engomadinhos. Mas não dá para negar. Sabem como ganhar títulos.